sábado

Peça de fundo

Aqui, neste ponto, neste momento, neste passo, nesta viagem. Aqui, neste preciso instante, agora, comigo. Aqui um sorriso. A vida é a conquista da consciência, para poder com todo o poder e saber, perder tudo com um sorriso. :)

quarta-feira

Tanta estupidez esmaga-me

Espera aí, ainda se dá ouvidos às OPINIões das agências de notação? Mas não ficou definido que as OPINIões das agências de notação são LIXO (segundo aquela crise de 2008)? Okay, os investidores são ESTúPidos, os políticos não têm juízo e, claro, o povinho é que paga.

terça-feira

O mundo dá a volta completa

Parece fácil que haja a família que nos calhou e a família que escolhemos. Assim à primeira parece que a segunda é que é. Contudo, há novelas de sentimentos que se desenrolam, evolvem, nos tesicam, amigos que queremos deixar pelo caminho e nos perseguem ou amigos que passamos a querer muito e que eles nem por isso. No embaraço da confusão pensa-se "Graças pela família que nos calhou tão bem definida e perene, ali à nossa espera como a ilha no meio do mar." Porque a família que escolhemos é o barco e esse pode abanar muito e pôr-nos a vomitar pela borda errada.

segunda-feira

Pressupostos da violação

Em Portugal, violação só se dois factos forem sem dúvida e objectivamente definidos:

1) penetração total do membro masculino num buraco devidamente certificado pelas instituições certificadas do corpo oposto (a vítima é nos acordãos um mero corpo no máximo capaz de movimentos, mas não sentimentos);

2) algo partido no corpo oposto, necessariamente a gravidade é proporcional à quantidade de coisas partidas no corpo negativo. Adenda: a coisa partida tem de ter sido objectivamente partida pelo corpo positivo, e não por causas externas possíveis e passiveis de avaliação no grau de culpa do corpo positivo, como movimentos de ar a velocidades superiores a 5m/s, relaxamentos da crosta terrestre que sejam detetados por sismógrafos adequadamente regulados por instituições reconhecidas inequivocamente pela república portuguesa, a força da gravidade (se o corpo negativo for atirado de um carro em movimento durante a tentativa de violação, o corpo positivo é o chão e não o arguente), a falta de oxigénio (se o corpo negativo for atirado a um espelho de água e sofrer de sufocação o corpo positivo é a água e não o arguente). Os exemplos são dados para manter as vistas largas aos juízes na consideração justa de todas as possíveis exculpações.

domingo

Vivo num filme

Parece-me muitas vezes quando estou acordada que estamos todos nós, os ingénuos para não nos chamar pior, a viver um caso de estudo do "O que é a realidade?" No final de 2008, todos nós, os tótós vá lá, descobrimos que havia um mundo do monopólio, que se tinha imiscuído no mundo real, porque nós, os toscos, não vós, que eu ainda não cheguei a esse nível, não sabem que quando algo é muito bom, é porque é mesmo muito bom e há de voltar para esmagar os toscos de uma forma irónica e muito satisfatória em filmes e outros meios de entretenimento. Portanto, o jogo a brincar, usava o dinheiro do mundo real. Quando o jogo do monopólio acabou, os jogadores tinham deitado mãos ao dinheiro real e o mundo real deu-se conta do embuste. Como embuste, a coisa num mundo lógico, seria o de limpar a confusão, prender os criminosos e retornar a um mundo de lógica. Mas não aqui. O monopólio continua, porque dizem, o monopólio é parte essencial do mundo real. O que a mim me parece muito estranho. E portanto, o mundo fictício rege o mundo real, ao ponto de criar realidades. A realidade é que se o mundo do monopólio decidir que um país pode ser usado para fazer dinheiro, é-o, independentemento do que acontece às pessoas reais. Eu pensava que em Portugal as pessoas pelo menos iam-se dar conta que nada mudou. Que sim, há coisas erradas em Portugal, mas nada de especial. Mas os portugueses compraram o jogo do monopólio e esquartejam-se porque acham que jogaram mal. Eu pensaria estar num daqueles filmes em que os personagens vivem nos seus sonhos, se eu pelo menos não acreditasse, que poderia fazer algo melhor com a minha imaginação. As pessoas não vivem a realidade. Vivem o que lhes dizem. Agências de notação que deviam reportar a realidade, fazem-na. Jornalistas que deviam reportar a realidade são substituidos por opinadores e entreténs que inventam a realidade. Vive-se não só do ar, mas no ar. Este mundo é muito estranho e sinto-me a boiar num mundo de detritos, extremamente curiosa de saber onde irei parar.

A velha ou nova ou contemporânea questão do que é arte

A arte pertence à classe de coisas que são difíceis de explicar, mas que quando se veêm identificam-se bem. Há pessoas cegas e até sem olhos, com duas rolhas com aspeto de olhos a tapar os buracos. Falo para aqueles que além de terem olhos, os usam e no caso da arte, acoplados àquele outro orgao, o coração. Hoje vi arte. No início, senti uma sensação estranha, depois um certo enlevo e no final estava em estado de embasbacado babamento. Se tiverem oportunidade: "Keshtzar haye sepid" de Mohammad Rasoulof.

terça-feira

O estranho caso do olho que chora

Com emoções na escala de Richter até 5, só me chora o olho direito. Quando o esquerdo chora, ou estou a ver um filme mega-super-tota-manipulativo (hás-de-te haver comigo Lars da Trier) ou acabou-se-me o Haagen Dasz de morango num sábado à noite (aqui aos Domingos mantém-se o descanso de 99.99% da população, o que acho bem quando não se me acaba um alimento essencial em casa.). Assim, o cinema é para mim um serviço de limpeza de olhos direitos. Eu só já dou conta quando se me começa a comichar a pele da bochecha direita com o sal. Aquilo é um rego constante de água. Eu já me pus a questão perspicaz, que não é a emoção que faz chorar o meu olho direito; é uma opinião muito pessoal dele contra o cinema que vejo. Até que penso que o levo a piores exposições de arte e aí ele não chora. Será que tem medo do escuro?

segunda-feira

O Presidente não-profissional

Já há algum tempo que a minha ligação aos assuntos correntes de Portugal é feita pelo programa Governo Sombra. O que é idiota, mas estou em boa companhia. Portanto, quem já considero o meu anti-pessoa, está indignado porque o Presidente da República não ganhará salário nos próximos cinco anos. Isto porque já não se pode acumular reformas com salários e o Cavaco Silva teve de escolher e escolheu o que era maior: as suas duas reformas. Segundo ele, 1) assim o nosso presidente é um amador e não um profissional. Esta para mim é nova. Eu não sabia que haviam Presidentes da República profissionais. Sendo assim, não entendo as últimas eleições. A escolha de um Presidente da República devia ser por concurso público de licenciados em presidência da república. Esta é mais uma grave lacuna nas nossas universidades. Segundo ele, 2) o voluntariado é um acto sem brio, em que o adjectivo de incompetente não se aplica. Um voluntário é alguém de que não se pode esperar muito. Portanto, o salário é-nos pago na expectativa de que ganhando dinheiro não fazemos merda. O que também é uma ideia interessante que não me tinha passado pela cabeça. Como anti, o que me indigna é que se possam receber duas reformas e trabalhar. O que é uma reforma? É, parece, um prémio vitalício de certos locais de trabalho. Isto indigna-me. Principalmente, porque tendo sido Cavaco Silva o Presidente e o Ministro que foi, prémios é coisa que eu não imagino que ele mereça. E mesmo em regime de voluntariado, este homem fica caro demais.

Como diria o outro: agora besuntem-se

Dá-me muita tristeza o resultado eleitoral de ontem. O que mais me torce as vísceras é que durante cinco anos lá estará o lembrete dos limites estreitos do país chamado Portugal. Viver fora não conforta.

sexta-feira

Apaguem as luzes à saída

Sempre disse que não tenho problemas em morrer. O meu problema é sofrer. Mas andei a estudar o caso. Admito agora neste momento que me mete impressão que um dia não possa pensar, nem me rir, nem me chatear, nem amar, nem desejar que o mundo acabe num grande estrondo. Vou deixar de existir e o resto continua. Admito. Isto mete-me impressão. É desonesto do mundo continuar como se nada tivesse acontecido. Mas vou ser sincera: eu far-lhe-ia o mesmo se pudesse.