domingo

Katrina


A tragédia provocada pelo furacão Katrina em Nova Orleães poderia fazer-me mudar o nome do meu blogue de Contemplamento para a palavra, usada pelo Pres. Sampaio na sua carta de condolências ao Pres. Bush, de Assombro. No início assombro indignado, tal como o que contaminou a blogosfera endoidando os opinientos.

Quando me chegaram as primeiras notícias eu julguei sinceramente que havia gralha na notícia que dava MILHARES de pessoas como mortas. Erro jornalístico, lá é possível, aquilo são os EUA!!! Mas não, é verdade. Indignei-me e a minha primeira reacção foi "estes tipos andam a pregar lições ao mundo, mas deixam uma desgraça destas acontecer no seu próprio país!"

Do que li, apercebi-me:
1) problemas de descálculo, de confiar nos santinhos, de descoordenação;
2) problema de armas -> violência;
3) problema de segregação racial.

Penso que os portugueses têm reflexões a fazer para a sua própria sociedade no ponto 1 e 3. Pergunto-me: há exercícios de simulação na região de Lisboa para o caso de ocorrer um terramoto e tsunami? Qualidade da construção?... Qual o nível de vida da comunidade negra portuguesa? Qual a tendência para serem pobres?

Crianças em Tóquio participam num exercício de simulação de um terramoto.

Ridículas são as opiniões despejadas como se Portugal fosse o 51. estado dos EUA. Já repararam que não votam lá? Como se os americanos andassem preocupados com o que os portugueses pensam. Quase que estou à espera de uma demonstração contra Bush e pelas vítimas de Nova Orleães. Sinto de novo a perplexidade pelo alheamento a notícias relativas a situações de criminalidade graves em Lisboa [o relato há uma semana relativamente à Alta de Lisboa], situação em que as pessoas realmente podem pedir medidas, actuar, e, neste momento de autárquicas, informar-se e discutir as propostas sociais dos vários candidatos, contribuindo com uma escolha pensada.

Li alguns raciocínios desonestos. Pessoas que têm uma máxima e usam a situação de Nova Orleães para apoiar o que lhes ia na cabeça ainda antes do furacão arrasar. Isto tanto para os anti-americanos como para os liberais [normalmente teóricos, que enformam a realidade aos seus axiomas de liberalização, mesmo que tal os leve ao absurdo - ver o Blasfémias e o conceito de responsabilidade dos cidadãos de Nova Orleães].

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