domingo

A inutilidade de discutir religiao

Continuo sem ler o livro do Dawkins "The god delusion", mas continuo a le-lo indirectamente pelas criticas que despontam aqui e além a ele e aos outros livros anti-religiao que tem aparecido. Interessa-me muito mais ler o que os outros criticam nestes livros, do que se pode dizer contra as crenças religiosas. A religiao responde a impulsos primários do ser-humano que nao sendo respondidos pela religiao serao respondidos de outra forma. Acho piada quando os criticos do livro de Dawkins trazem a lume Hitler e o seu ateísmo como contra-ataque. Na verdade, o que a Alemanha Nazi demonstra é que esses impulsos primários de que falo podem ter vazao tanto em religiao como em cultos de personalidade e fervores nacionalistas. Tenho a certeza que os filósofos estao muito mais perto da verdadeira alma da discussao quando analisam a natureza humana, do que esta gente toda a discutir religiao.

sexta-feira

Isto é outro nível

Sobre aquele vídeo Youtube da aluna e da professora a lutar por um telemóvel. Andei pela blogaria a ler opinioes (o normal, portanto) e quero aqui deixar a minha impressao (normal). Eu nao vou dizer que estamos perdidos e antigamente é que era, nem vou dizer que antigamente era igual. Eu tenho 32 anos de idade. Havia cenas de insubordinacao na minha idade da idiotice, mas há um aspecto da luta mostrada no Youtube, que eu acharia impensável naquela altura e que me deixaria de boca aberta na altura e me deixou de boca aberta agora (nao entrou mosca que por aqui está muito frio para esses bichos): o contacto físico. Nós faziamos coisas 'a cobardola, nas costas, pela frente de longe, 'a fugida, a assobiar pro' lado a fingir que nao foi nada connosco, uns a vigiar e outros a actuar. Agora, andar numa de corpo-a-corpo? Falar de cima ali a centímetros de uma professora? Isto é claramente outro nível de topete. Eu com 15 anos ficaria a olhar para aquela miúda como se ela tivesse um alo de transcendente. Provavelmente evitaria comunicar com ela, com medo que o seu olhar me transformasse em pó. Nós faziamos, mas nós eramos cobardolas. Na minha opiniao e baseada em poucos individuos, pois acho os adolescentes insuportáveis (incluindo-me a mim se me pudesse encontrar comigo com aquela idade), e no tal vídeo, essas novas promessas com borbulhas nao vao levar ao fim do mundo civilizado, mas vem de outro nível de idiotice.

P.S.: Eu continuo a apoiar o envio de humanóides dos 13 aos 20 anos para uma ilha. Eles sao insuportáveis mesmo sem telemóveis. É da fase que vivem e tem de ser, pelo que o melhor para os restantes que já ultrapassaram aquilo, é po-los de quarentena. Apoio qualquer iniciativa neste sentido.

quarta-feira

Eu não sou feliz, mas estive contente.

Ser eremita

Vivemos numa ditadura da maioria. É a chamada democracia, que é a melhor de todas as ditaduras. Nenhum político pode ser boa pessoa, simplesmente porque a maioria nao vota em boas pessoas. Na maioria funcionam os instintos básicos, nos quais vale mais uma mentira carismática (muitíssimo mais), que uma verdade monocromática (simples e sensaborona). O melhor mesmo é um político atingir a maioria sem palavras. Bem aventurado aquele que se difunde só por imagens. Para isto há os media que tornam tudo tragável. A soluçao? Acima. Mas essa soluçao é para uma minoria surda, muda e cega. A soluçao? Nao há.

segunda-feira

A vingança serve-se viva

Quando alguém absolutamente malévolo morre, tem-se tendência a expressar um certo contentamento como se o mundo se tivesse vingado e talvez alguém seja mais feliz. Contudo, a vingança faz-se em vida e não em morte. Além disso, que as más notícias vêm aos pares, há sempre novos malévolos à espera da sua oportunidade. Concluindo, só as pessoas boas podem trazer qualquer tipo de contentamento.

sexta-feira

Amizade

No Seinfeld há muita brincadeira sobre as relaçoes de amizade. Como terminar uma relaçao de amizade quando a outra pessoa nao nos deixa em paz? Convida-se a outra pessoa para um almoço e dá-se a notícia muito levemente? E diz-se o que? Que nao somos compatíveis? Será que mantemos relaçoes de amizade com pessoas que nos irritam só para termos a impressao que somos populares? Que níveis de fidelidade ou que padroes de comportamento se exige aos amigos? De que forma se é sensível 'as necessidades dos outros, em vez da própria necessidade e da própria ideia do que é um amigo? Porque é que o pior tipo de amigo que se pode ter é o missionário? Quantas vezes, em sumúla, a amizade é como ter piolhos num país em que é pena capital usar quitoso?

quarta-feira

Gota de água

Está visto que depois de ter desistido de informaçao na televisao, quando ainda estava em Portugal, vou ter de desistir de informaçao nos jornais portugueses. A partir de agora, Portugal restringir-se-á á minha família, aos blogues (podem rir) e a notícias sobre pastéis de nata na imprensa internacional. Tenho a impressao que irei sobreviver.

Continuo mal-humorada



De erlich no el pais

segunda-feira

Certitude

Uma das melhores coisas na Alemanha é a respeitabilidade de se ser honesto. Em Portugal, ser honesto é ser papalvo. Só é roubar tirar de um indivíduo. O Estado é uma árvore que importa pilhar. Quem nao pilha é parvo. O que quer que se faça em Portugal dá sabor amargo, ser honesto e ético é amargo e ser desonesto e nao ético é amargo. Na Alemanha, as pessoas sao rectas e se bem que isto possa ser irritante, quando demasiadas rectas se tornam paralelas ao senso-comum, pelo menos há uma clareza de proposito e de aplicacao. 2+2 sao quatro.

Outra face do prisma portugues, é a capacidade que existe socialmente de ver o cisco nos outros, enquanto a cavaca está espetada num dos olhos.

Há uns dias estive com uns portugueses e depois de se terem queixado da corrupçao, dos interesses, dos nepotismos, passaram á parte em que me contaram as suas pilhagens individuais. Eu nao digo nada, calmamente vivendo a certitude deste espectáculo. Obviamente, eles acham a Alemanha o exemplo a seguir. A minha mae continua a criticar-me a falta de amigos portugueses. Em minha defesa, a certitude cansa-me. A minha quota está completa.

Tenho amigos desonestos, mas eles nao me fazem discursos de padre virgem. Dava um certo jeito para eu suportar os portugueses que acabo por nao conhecer.

P.S.: Os italianos e os portugueses sao aparentados na sua especial lógica.

quinta-feira

Arnulfo, o perfeccionista

O Arnulfo vota em branco.

terça-feira

Arnulfo, o perfeccionista

No seu próprio aniversário, o Arnulfo telefona à mãe a dar-lhe os parabéns.

segunda-feira

Arnulfo, o perfeccionista

O Arnulfo dá explicações ao clip do word.

sábado

Arnulfo, o perfeccionista

Em todos os empregos que teve, o Arnulfo despediu-se a ele próprio.