segunda-feira

Momento filosófico

Tirando aquele pós momento em que apanhamos a doença que nos há de matar, envelhecer é, como quase tudo na vida, a incongruência entre aquilo que somos e aquilo que deviamos ser. Uma pessoa apanha-se velha, mas a fazer com a mesma vontade tudo o que fazia antes e acha que não, que devia estar a fazer outra coisa qualquer. E pensa: "fodas, tenho de procriar, ou isso!" Felizmente, cada vez que solto este guincho, vem em meu socorro a minha misantropia. É como acordar de um pesadelo, em que me dou conta, que na verdade tudo continua na mesma e o alívio submerge-me em prazer.

sexta-feira

A conceção do mundo segundo eu ou é para esta merda assim que existem blogues, isto é, disparatar

O mundo não é redondo. Pode parecer uma esfera vista de fora, e até prescrutando pode-se observar que afinal é mais parecida com um ovo, mas de dentro é um cubo transparente. Dentro do cubo outras formas geométricas boiam num liquido amniótico a que os antigos filósofos chamavam éter. Durante a vida, movemo-nos lentamente de volta deste cubo, o que significa que nem a Terra gira à volta do Sol ou o Sol à volta da Terra. Aqui a malta gira à volta do mundo, ainda que de fora ou de dentro possa parecer de outra forma. Portanto, durante a vida o mundo muda, segundo equações muitíssimo complicadas escritas em poesias e sonhos. É só isto.

quarta-feira

Correção no: Não é sobre tolerância, é sobre decoro

Afinal é mesmo sobre tolerância. Fica aqui embaixo o texto original (itálico) e depois a minha adição.

Parece-me que muitos dos embates entre as sociedades ocidentais e os seus cidadãos muçulmanos se deve a que há regras de comportamento não escritas que os moradores mais antigos cumprem sem pensar, que os novos moradores não cumprem. Este não cumprimento é por duas razões: essas regras de comportamento aprendem-se sem palavras, pelo que os novos membros não as aprendem se não viverem essa sociedade e parece-me há agora uma predisposição para acicatar os outros. Um pouco como os forcados a atiçar o touro batendo com o pé no chão.

Por exemplo: construir uma mesquita no local da tragédia do 9 de Setembro. Imaginem que o meu irmão mata alguém. Eu não tenho culpa nenhuma no assassinato e só estou ligada a ele porque o assassino é meu irmão. Acham que devo ir ao funeral do morto? É isto que está em causa. Uma certa noção de como nos comportarmos em relação aos outros, que é amarfanhada numa luta de religiões, onde se perde o decoro.


A tal mesquita (que na verdade é um centro cultural islâmico) não está proposta para o local onde se situavam as Torres Gémeas. É perto. Portanto, sim, é pura intolerância.