quarta-feira

Coisas que se esquecem

Porque não faz bem lembrar. Mas talvez fosse bom fazê-lo quando se pensa no retorno.

Estou a referir-me aqui, à história nr. 2

domingo

O Natal começou

Está a dar o "Música no Coração".

The Naked Woman

Andei a ler o livro "A mulher nua" de Desmond Morris. Achei o livro divertido, só um pouco seca quando o autor descreve a anatomia feminina como um biólogo e não como um homem maravilhado. Faz uma leitura leve e agradável com as suas histórias e explicações: do porquê de termos uma grande trunfa no cocuruto da cabeça, do maior sex-appeal das louras, o que é a ponta de Darwin, o sexo frequente como elemento de uma fisiologia equilibrada, a origem do beijo na boca, o pescoço como sumamente erótico na cultura japonesa, etc, etc.

"Assim, resumindo - no seu caminho evolutivo em direcção a uma cada vez maior neotenia, os machos assumiram comportamentos mais infantis, mas menos alterações físicas; enquanto que as fêmeas desenvolviam mais características físicas infantis mostrando menos qualidades mentais infantis."*
:-) Hehehe...

Como mulher a ler um livro escrito por um homem sobre o corpo feminino, no que ela tem de particular, eu não pude deixar de resvalar sempre para esse corpo tão pouco aclamado. Por muito tempo foi mal visto que uma mulher se expressasse relativamente ao corpo de um homem. Assim, devido a uma injustiça imposta à mulher surgiu uma injustiça imposta ao físico masculino. De tal forma que este só aparece como elemento de desejo nos meios homossexuais.

Pois enquanto eu lia sobre a mulher nua, eu pensava no homem nu e de como acho o corpo de um homem maravilhoso. Vós sois lindos.


© 2005 Paulo César Guerra - 1000imagens.com

* tradução minha.

sábado

Explicação

Um dia olhei-te...

Já não me eras amigo...

É por te amar que te não suporto.

sexta-feira

Nevado

O primeiro dia branco do inverno.

Hamburgo é uma cidade demasiadamente junto ao mar para que a neve pegue, pelo que cada dia branco é uma dádiva. Ontem de madrugada, quando o escuro se ia impregnando de claro, não resisti a fazer uma incursão pelas ruas desertas. A neve, o branco e o silêncio são uma perfeita combinação para um passeio nocturno. É mais fácil fazer as pazes com o mundo.

Hoje acordei e fiz na mesma o olhar infantil de deslumbramento, as tarefazinhas da manhã, que matam o bom humor, foram feitas de passo leve e quando já ia a sair encontrei a... portuguesa. :-) Logo ali encetamos uma conversa de inglês. Dissecamos o tempo nesta componente especial da neve (todos os dias passados de neve desde que cada uma de nós chegou a Hamburgo), trocamos a informação de quando da ida natalícia à pátria, fizemos um ar compungido de saudade e libertamo-nos uma da outra após mais um contacto demasiadamente cortês para significar algo.

E prontos. Só para dizer que hoje mais branco nao há.

MST sobre OTA

Foi você que pediu um aeroporto?
Miguel Sousa Tavares


Aquilo parecia uma reunião de vendas da Tupperware, em ponto gigantesco. Setecentos convidados escolhidos a dedo passaram um dia a ouvir o Governo e os consultores por ele contratados (e todos eles parte interessada no negócio) a defenderem os méritos do futuro aeroporto da Ota. Dos setecentos convidados, alguns eram institucionais, ligados ao assunto pela própria natureza das suas actividades, mas a grande maioria era composta por candidatos à compra do negócio: consultores, bancos, construtores, advogados de negócios públicos, enfim, a nata do regime, as "forças vivas" da nação.
Lá dentro, os setecentos magníficos estavam positivamente desvanecidos à vista de tantos e tantos milhões que o Governo socialista tinha para lhes dar. Havia dinheiro no ar, dinheiro nos gráficos apresentados, dinheiros nos "documentos de trabalho", dinheiro a rodos. O nosso dinheiro, os milhões dos nossos impostos. Mas ninguém nos convidou para entrar: é assim a democracia.
A primeira mentira que o Governo promove acerca da Ota é a de tentar convencer os tolos que o futuro Aeroporto Internacional Mais Perto de Lisboa não vai custar praticamente nada aos cofres públicos. Acredite quem quiser, o Governo jura que a "iniciativa privada" resolveu oferecer um novo aeroporto ao país. Assim mesmo, dado, sem que saia um tostão do Orçamento do Estado, fora os milhões já gastos nos estudos amigos. É falso e é bom que ninguém se deixe enganar logo à partida: parte do dinheiro virá da UE e podia ser gasto em qualquer coisa mais útil; parte virá do Estado directamente; parte poderá vir dos utilizadores da Portela, chamados a custear a Ota, a partir de 2007, através de uma taxa adicional cobrada em cada embarque; e a parte substancial virá ou da venda de património público (a ANA), ou da cedência de receitas do Estado a favor dos privados - as taxas aeroportuárias dos próximos 30 a 50 anos. É preciso imaginar que somos completamente estúpidos para não percebermos que abdicar de receitas ou vender património rentável é, a prazo, uma forma indirecta de realizar despesa, agravar o desequilíbrio das contas públicas e forçar o aumento de impostos para o compensar. E também uma forma de pagar bastante mais caro as obras públicas, para garantir o negócio à banca e aos investidores privados - como sucede com as Scut e com a Ponte Vasco da Gama. Se voltarem a ouvir dizer que a Ota vai sair de borla aos contribuintes, saibam que vos estão a tomar por estúpidos.
Resolvida esta questão prévia, o Governo e os seus cúmplices tinham mais três outras questões essenciais a explicar: que Lisboa vai precisar de muito maior capacidade aeroportuária num futuro médio; que, existindo o problema, a solução passa pela construção de um novo aeroporto de raiz e não pelo acrescento do actual ou pelo seu aproveitamento complementar com os adjacentes - Alverca ou Montijo; que esse novo aeroporto é viável, cómodo para os utentes e economicamente sustentável, situado a 50 quilómetros da cidade. Nada disso foi conseguido: o estudo apresentado pela Naer, mesmo para ignorantes na matéria como eu, é uma pífia peça de publicidade para tolinhos ou distraídos, capaz apenas de convencer os directamente interessados no negócio. É lastimável que se queira comprometer mais de 3000 milhões de euros de dinheiros públicos, que se planeie retirar a Lisboa um instrumento económico tão importante quanto o é o Aeroporto da Portela e tornar pior a vida de milhões de pessoas que o utilizam, com os argumentos constantes de um folheto que mais parece destinado a vender time-sharing no Algarve.
Por falta de espaço não posso agora analisar ponto por ponto esta lamentável peça propagandística, decerto paga a peso de ouro. Mas, para se ter uma ideia da leviandade com que ela foi apresentada, dou o exemplo dos 56.000 postos de trabalho que supostamente a Ota irá criar - 28.000 dos quais directos e mais 28.000 indirectos "na envolvente", sem que se explique minimamente de onde é que eles nascem e o que é isso da "envolvente". Ou o exemplo do tal shuttle, que, saído da Gare do Oriente todos os quinze minutos em cada sentido, ligará Lisboa à Ota em 20 a 25 minutos - sem que se explique onde é que existe a capacidade da Linha do Norte para absorver esse shuttle. Ou o exemplo do silêncio feito sobre o destino do Aeroporto Sá Carneiro, em cuja modernização se gastaram recentemente 300 milhões de euros, e que tem a morte anunciada com o aeroporto da Ota. Ou o facto de não se incluírem nos custos estimados nada que tenha a ver com as acessiblidades necessárias, quer ferroviárias (o shuttle mais o TGV), quer rodoviárias, incluindo a construção de uma nova auto-estrada e o prolongamento da A13. Ou ainda o facto de não haver qualquer estudo económico que se proponha quantificar os custos de utilização da Ota, no que respeita a horas de trabalho perdidas nas deslocações de e para o futuro aeroporto, o acréscimo brutal de consumo de combustível, o aumento da sinistralidade rodoviária, o aumento dos custos de exploração da TAP, das demais companhias aéreas, das empresas sediadas no aeroporto, das agências de viagem e turismo, das actividades hoteleiras, etc., etc.
Tudo foi feito, não para convencer os portugueses e os contribuintes da necessidade imperiosa da Ota, mas sim para convencer o grande dinheiro das vantagens desta oportunidade única de negócio. Foi feito ao contrário: os que ficaram à porta deveriam ter sido os primeiros a ser convidados, e só depois se chamavam os setecentos. Eu não tenho, e julgo que ninguém poderá ter, a pretensão de ter certezas absolutas sobre isto: não sei se a Ota se virá a revelar uma decisão visionária ou antes um imenso e trágico desperdício. Mas o que sinto em todo este processo é que a decisão já estava tomada desde o início e, tal como sucedeu com a regionalização - outra das soluções mágicas dos socialistas - o Governo se acha competente para tomar decisões que comprometem drasticamente o nosso dinheiro e o nosso futuro, sem se preocupar em explicar e convencer os que têm dúvidas. Por isso é que toda esta questão da Ota cheira mal à distância: cheira a voluntarismo político ao "estilo João Cravinho", que tanto dinheiro custou e continua a custar ao país, e a troca de favores com a clientela empresarial partidária, a que costumam chamar "iniciativa privada".
Para esse peditório já demos. Já demos demais, já demos tudo o que tínhamos para dar. O país está cheio de fortunas acumuladas com negócios feitos com o Estado e pagos com o dinheiro dos impostos de quem trabalha, em investimentos cuja utilidade pública foi nula ou pior ainda - desde os estádios do Euro até aos hospitais de exploração privada. Seria bom que quem manda compreendesse que já basta.

Jornalista


Peço desculpa ao Público por ter feito cópia integral da crónica do MST, mas sinto que posso estar a fazer um serviço público. Avisem-me se me quiserem processar, que eu elimino logo isto. Gostaria de ir a casa no Natal sem perigo de prisão preventiva.

quinta-feira

Aos renegados

Eu comecei a ir e vou ao Renas e Veados pela chacota que fazem ao Ratzinger e vaticano. Acho piada. Mas ultimamente comecei a dar-me conta (desculpem sou lenta de raciocínio) que o que para mim é uma grande farra, poderá para eles ser uma reacção de católicos excluídos. Caso leiam isto, corrijam-me se eu estiver enganada. Eu preferiria estar.

Amig@s, tentar chegar a Deus através da igreja é como tentar chegar ao Tibete de triciclo.

Preocupem-se com o vosso lugar na sociedade e deixem a igreja. Esta é puxada pela primeira e em Portugal mesmo os católicos só escolhem da religião o que lhes dá jeito, o que se poderia chamar de hipocrisia, mas pessoalmente eu neste caso aplico o adágio: "Ladrão que rouba ladrão tem 100 anos de perdão".

Boas e de resto continuem a bater no B16... mas na desportiva.

quarta-feira

Sondagens...

... na Alemanha

1. Thomas Mann ... 22%
2. Bertolt Brecht ... 15%
3. Günter Grass ... 10%
4. Hermann Hesse ... 7%
4. Heinrich Boell ... 7%
6. Franz Kafka ... 3%

terça-feira

Amizade é:




Clicar para aumentar (por partes)

Aqui

segunda-feira

Isto soa tão inteligente

que parece mentira.

Mas a realidade não interessa nada!

O MST recebe elogios de alguns quadrantes blogueiros porque foi contra o politicamente correcto que é ser pró-gay e pró-lésbica. Este politicamente correcto é uma abstração teórica. Portugal é um país onde se ostraciza o homossexual, em que estes têm de viver escondidos e os que se mostram fazem-no no contra-ataque.

Este politicamente correcto é em discussões sem sentido prático, de pessoas que não vivem em Portugal, mas vivem nos livros sociológicos de outros países. Vivendo em Portugal, experimentam vivências fora de Portugal. Ou então extrapolam eventos como as gay parades para o dia-a-dia. Onde? Onde existem essas gay parades diárias? Ou será que se referem a programas televisivos em que a figura do homossexual é encaixilhado na imagem do preconceito? Dizia um bloguista d'O Acidental que se chateia que alguém se lhe apresente como homossexual. Mas já pensou porque o fazem? Eu também já tive a experiência, na Alemanha, de alguém se me apresentar de sopetão como judeu e eu fiquei na posição de lhe desejar muitas felicidades na sua religião (que afinal até nem era a religião da pessoa, mas uma descendência tortuosa). Mas porque é que essa pessoa se sentiu na necessidade de o fazer? Essa é que é a questão. Entender essa necessidade e que esta provém de uma não aceitação (que no caso do pseudo-judeu que eu conheci na Alemanha é do foro histórico) tem muito mais valia do que este parlapuê hipócrita ao mesmo nível do preconceito puro.

Vivendo num país altamente homofóbico, onde nunca em toda a minha vida vi qualquer manifestação de amor homossexual, esta gente impreca contra os exibicionistas gays e lésbicas.

Às vezes ler muito faz mal. Deve-se regrar a leitura com um pouco de realidade.

P.S.: o mais triste é se agora sobre a cobertura de ser-se politicamente incorrecto se possa ser correctamente homofóbico.

domingo

Posto de observação

Ontem saí prá noite e ainda com a cena dos exibicionismos na cabeça andei a prestar atenção. Pois vi vários beijos e dar de mãos e expressões faciais demonstrativas de lascívia imperdoável. Vi até um apalpanço e confesso que corei quando me dei conta que a mão era a minha. Um lapsus cervejus? (Não, mãezinha. Um gesto entre pessoas que se gostam. :-) ) Todos os "exibicionismos" foram entre homens e mulheres. Talvez tenha existido um congresso de homossexuais em Campo de Ourique e eles andaram a exibir-se nas barbas fumadas do MST. Pobre homem. Acho que está paranóico.

sábado

Portugal 1976




Fotos de Josef Koudelka

Simplicidade



Hoje estou assim descomplicada. Simplesmente a existir, só sei que sou e de resto tudo bem.

sexta-feira

MST

Eu gosto de ler o que o Miguel Sousa Tavares escreve. Desde que eu comecei a ler jornais e a pensar o que é a sociedade e o meu papel nela. Desde aqueles tempos em que eu era muito idealista (ainda sou um pouco e fica-me uma sensação de vergonha, como se agora já devesse ser adulta e ser adulto E idealista fosse um pecado de estupidez).

Quando penso o que me atrai nos textos do MST penso na sua frontalidade e paixão. Sinto que ele não escreve para se ler ou para exibir os seus textos como um pavão a exibir a cauda. Ele escreve de dentro. Ele opina porque se importa, porque lhe faz confusão, porque quer gritar e acordar gente. Ele não escreve por escrever, porque em terra de iliteratos tem-se um geito com as palavras. Ele não escreve porque gosta de provocar, como numa pequena guerra de galos. Pelo que ele se revela e pelo que ele se importa, eu sinto que vale a pena ler o que ele escreve.

Quando se usa um pouco de diplomacia começa-se pelo elogio e termina-se na crítica.

Há três opiniões do MST que eu discordo. Uma é a sua posição sobre o fumar em espaços públicos. Para não se pensar que eu sou uma não fumadora fundamentalista, declaro a minha condição de ex-fumadora, que de vez em quando pega num cigarro e sabe bem a relação de prazer que se pode ter com o fumo. Contudo, como já me acusaram, a minha faceta racional fala mais alto e, pesando prós e contras, deixei-me disso. Passou de relação matrimonial para flirt ocasional. Contudo, mesmo quando um cigarro era elemento usual na ponta dos meus dedos eu detestava ser fumadora passiva. Odiava aquele fumo que não era meu. Para mim é falta de educação impôr aos outros os seus esgotos. O que a mim me diverte é que o MST acha um direito ele pufar fumo pra cima de outra pessoa, mas segundo a crónica desta semana no Público, acha do piorio que as pessoas exibam beijos, apalpões e afins em público. Eu também tenho uma certa resistência a fazerem-me de voyeur. É desconfortável e apetece-me sempre perguntar "Mas vocês não têm um quarto?". Ainda no outro dia, no metro, vi uns preliminares no banco em frente e fiquei a chuchar no dedo, que depois ninguém me convidou pra festa propriamente dita. Isto é imoral.

Lá está. Uma certa educação de não envolver os outros em acções que devem ser privadas. Mas um beijo, uma carícia, um dar de mãos, algo que seja só uma bela e pequena mensagem, qual é o mal? Eu não sei em que mundo o MST vive, mas ele acha que os gays e as lésbicas são uns exibicionistas. Eu, no dia a dia, o que vejo, quando vejo, são os heterossexuais em apalpanços. O primeiro beijo homossexual vi-o eu na Alemanha e acho que se o visse em Portugal iria procurar refúgio com medo de ser atingida por fogo colateral de um qualquer grunho a impôr a ordem e bons costumes. Talvez seja exagero, talvez só riscassem o carro aos provocadores. Parece que o mundo em que o MST vive não é o mesmo em que eu vivo.

A terceira posição do MST, de que eu discordo, é o uso que ele faz para avaliação de comportamentos humanos do que o resto da animalada faz. O ser humano pode ser homossexual se a girafa também for. O ser humano pode caçar porque o leão também o faz. Eu proponho todos nós andarmos por aí a rebolar merda porque há uns escaravelhos que também o fazem. Vamos lá todos. Bora, nessa!

P.S.1: se eu continuo neste mau humor crítico vou ter que mudar o nome do blogue.

P.S.2: dei-me conta que pela posição 3 o MST não devia fumar. Não há nenhum bicho que fume, portanto não é natural, portanto...

P.S.3: mas já exibicionismos sexuais estão completamente dentro da naturalidade. Quem não viu o animal doméstico em poucas vergonhices comente. Tenho a certeza que isto vai ficar em zero.

Não há falta de médicos

Segundo um levantamento sobre recursos e produção no Serviço Nacional de Saúde realizado em 2003 pela Direcção-Geral da Saúde.

Excerto da notícia do Público...
"O administrador hospitalar salienta que "em Portugal o número de médicos por habitante é superior ao da média europeia": "O problema é que esses médicos acumulam o trabalho no público com a clínica privada de forma descontrolada e há uma má distribuição de clínicos, quer geográfica quer de especialidade." Ou seja, é uma questão estrutural de funcionamento do sistema e de ausência de planeamento, diz."

Saúde, justiça, educação, há uma tendência de recursos suficientes, má gestão, pessoal a fazer pela sua vidinha... Claro que há excepções. Há mesmo locais com más condições. Mas quando se vêem as excepções positivas não é que as pessoas tenham mais e melhores recursos, é porque as pessoas têm brio no que fazem e/ou sentido de responsabilidade. As PESSOAS é que fazem a diferença.

O estudo é de 2003. O que fizeram até hoje? eH? Se o governo tentar fazer algo o que vai acontecer? eH? Ah, pois...

Hoje é a greve dos professores: desejo-lhes um bom fim-de-semana prolongado.

quinta-feira

A lógica dos professores

Mais: o ministério compromete-se a "fornecer meios tecnológicos actualizados, designadamente computadores portáteis e kits multimédia, para apoio do trabalho dos professores". Para as medidas anunciadas o Governo tem, para gastar em 2006, 40 milhões de euros. Quanto ao facto de não ter sido possível chegar a acordo com os restantes sindicatos, a governante explicou que tal não aconteceu "devido ao centramento" dessas estruturas no regime de faltas dos professores e na questão das aulas de substituição - "não podemos aceitar propostas que passam pela suspensão dos despachos que permitam a ocupação plena dos tempos escolares", referiu. "O princípio das actividades de substituição não estava em cima da mesa para negociação, mas reconhecemos a necessidade de clarificar conceitos", continuou. "É preciso ter a noção de que hoje o quotidiano das escolas está muito alterado e daí surge alguma insatisfação que necessariamente o tempo se encarregará de mitigar. Não tenho dúvida de que o que estamos a fazer é em favor de uma escola de qualidade."

No Público de hoje


De tudo o que leio relativamente à educação, aos professores e às minhas recordações de aluna não tenho um infimo de dúvida em apontar o dedo aos professores. Se não gostam de ser professores façam um favor à gente e mudem de área. É triste que não haja muitos empregos em que possam passar as horas a ler a Máxima e a Bola e depois irem pra casa tirarem a folha amarfada com o plano das aulas do próximo dia, que é o mesmo de há anos. Aqueles primeiros anos em que se tem que realmente preparar algo. Eu sei como pode ser cansativo aturar crianças. Por isso é que não sou professora. Entendem a lógica? A gente escolhe aquilo que gosta, não aquilo que dá possibilidades de menos trabalho.

Os estudos da OTA!!!!!

Através da
barriguinha do arquitecto a ligação aos Estudos para o novo aeroporto internacional.

Só andei a desfolhar pelo "Novo aeroporto internacional - ponderação do seu diferimento através da expansão da Portela" da IATA e o "Lisbon airport traffic forecast 1998-2015", estudo coordenado pela FCT/UNL.

O que me passou pelo cerebelo foi...
Ambos foram realizados nos finais dos anos 90, antes do aparecimento das companhias de baixo custo. Pelos gráficos, o tráfego é maioritariamente com a UE e não me parece que nos últimos 6-7 anos essa realidade tenha mudado. Portanto, sem ter em conta as baixo custo qualquer estudo de previsões de tráfego e serviços está fora de mão. OU?

Um primeiro pensamento, mas há muito material para novos pensamentos...

Tenho um olho que me adivinha... {## Actualização}

os próximos a entrarem de luto.

OU

Ensaio sobre a cegueira em Lisboa, pelos 59 oftalmologistas dos Capuchos.

OU

Sugestão para reportagem televisiva, que eu tou a morrer de curiosidade: 24 horas na vida de um oftalmologista no Hospital dos Capuchos. Um representativo, não os estagiários.

## Parece que o ministro se enganou... No "Bicho Carpinteiro" fala-se sobre o assunto.

quarta-feira

Manifestem-se!

Disse-me uma amiga que os senhores professores estão de luto e que a apoteose será na próxima sexta-feira (sexta, absolut teacher), porque coitadinhos estão muito desmotivados (Sócrates faz-lhes umas festinhas), as crianças deixam-nos esgotados (já tenho ali o bastão para quando vir os terroristas dos meus sobrinhos), tanta coisa para preparar e tudo em 35 horas de trabalho por semana (isto é a escravatura!), sem condições de trabalho (isto não sei porquê vem sempre no fim das queixas).

Eu pergunto-me porque é que os outros, os que trabalham mais e que não têm direito a desmotivações, os que são avaliados ao fim do mês de acordo com o que produzem (e não corridos a "bom" mesmo que nem saibam a diferença entre o teclado e a bengala do encosto), porque é que não se manifestam. Ah, pois. Porque não têm tempo. Porque andam a dar o litro a trabalhar por eles e pelos outros. Os desmotivados que choram as mágoas à frente da bica. A vida é dura.

De colegas que entraram para a função pública ouvi sempre a mesma queixa: se queres trabalhar és ostracizado. Nas avaliações o trabalhador recebe o mesmo que o preguiçoso. Os pobres andavam desmotivados, andavam.

Se me perguntarem, acho a crise muito boa. Para acabar com os acomodados. Aí, a dançar o vira minha gente.

Uma das coisas que me chateia em Portugal

CP acaba com comboio Intercidades para a Régua
Carlos Cipriano no Público de hoje

""Mais transbordos e comboios mais lentos no Minho e no Douro a partir de 11 de Dezembro. Autarcas contestam perda de qualidade do serviço

O serviço Intercidades vai desaparecer da Linha do Douro depois de, há quatro meses, a CP ter previsto reforçá-lo com mais duas circulações diárias. O comboio com mais qualidade que liga o Porto à Régua deverá realizar-se pela última vez no dia 10 de Dezembro porque no dia seguinte entra em vigor o horário de Inverno que reforça o serviço regional em detrimento de marchas mais rápidas.

Os tempos de percurso vão aumentar, ficando a Régua a mais de duas horas do Porto, quando hoje é possível percorrer aquela distância em 1 hora e 46 minutos. Segundo o PÚBLICO apurou, a Régua poderia ficar apenas a uma hora e meia do Porto se a CP utilizasse locomotivas mais potentes na Linha do Douro. O novo horário prevê também que alguns comboios desta linha terminem a sua marcha em Caíde de Rei (concelho de Lousada), devendo os passageiros fazer transbordo para os suburbanos. Tratando-se de unidades de negócios diferentes, esta é uma forma da empresa reforçar o seu tráfego da CP-Porto à custa da CP-Regional.

Do Marco de Canaveses para a Invicta, a lógica é a mesma - a CP-Regional assegura o transporte dos passageiros até Caíde e a CP-Porto leva-os até Campanhã. A razão deste transbordo não é comercial, mas sim técnica, pois é em Caíde de Rei que termina a linha electrificada. A Refer chegou a ter previsto no seu plano de investimentos para 2005 a continuação da modernização da Linha do Douro até ao Marco, mas a mudança de governo fez congelar o projecto.

Transbordos também na Linha do Minho

A CP vai também cortar ao meio a Linha do Minho, fazendo uma ruptura de carga em Nine. Cerca de 20 comboios diários de e para Viana do Castelo e Valença terão origem e destino naquela estação e não em Campanhã, quebrando-se uma prática com mais de cem anos em que os comboios para o Minho eram directos.

A ligação a Vigo mantém-se, mas a CP deu uma ajuda para a sua extinção a curto prazo depois de o não ter conseguido fazer em Junho passado devido aos protestos dos autarcas da região e da Junta da Galiza. Agora, em vez de duas circulações diárias em cada sentido, passa a haver apenas uma e o comboio passou a ser um simples Inter-regional, que multiplica o número de paragens. Resultado: entre Porto e Valença, em vez das duas horas actuais, passa a demorar entre duas horas e meia e duas horas e 48 minutos.

Na zona suburbana da Invicta haverá, contudo, uma melhoria qualitativa e quantitativa nas ligações entre Aveiro/Ovar e o Porto.

A Região Norte fica agora mais perto do Algarve com dois comboios pendulares directos em cada sentido entre Campanhã e Faro, que farão o percurso em 2 horas e 55 minutos. E Lisboa fica agora dez minutos mais próxima, pois entre o Douro e o Tejo a viagem no Alfa Pendular demorará duas horas e 49 minutos, em vez das três horas actuais.

O PÚBLICO tentou saber junto da CP as razões das alterações dos horários nas Linhas do Minho e do Douro, mas a empresa disse apenas que está a analisar a nova oferta.""


Quando é que os abéculas da CP compreendem que não funciona só procura -> oferta, mas que se houver oferta de geito também poderá aumentar a procura? Mas será que eles alguma vez se lembraram de perguntar? E a gente que está condenada ao carro! Não sei se ainda tenho paciência para um país motorizado.

terça-feira

Blogues presidencialistas

Ao ler esta avaliação dos blogues apoiantes de três candidaturas presidenciais pensei que talvez fosse interessante e informativo eu lê-los.

Estive lá e resolvi procrastinar. Prefiro trabalhar. Chiça.

Os torturadores

Estava para aqui a ler sobre o debate sobre tortura nos EUA, em mais um capítulo na luta contra o terrorismo.

Desde o 11 de Setembro que se assiste a uma degeneração de valores na sociedade aterrorizada. Pergunto-me se será necessário tornarmo-nos mais como terroristas para combater terroristas?

Relativamente à tortura, para lá da dúbia utilidade de um depoimento feito sob tortura, o que se estará a semear em termos da brutalização da sociedade que o permite e dos indivíduos que aplicam a tortura? Procuram-se os sádicos já existentes ou corrompem-se mentes? Criando-se os lobos, quem será o cão polícia?

É isto que se quer? É por isto que se luta?

Insurgente subsidiado


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sexta-feira

A cor da esperança



A semana passada foi de eleições na Libéria. Este país africano teve uma guerra civil de 14 anos, que acabou a 2003.

A senhora no meio da imagem chama-se Ellen Johnson-Sirleaf e após a contagem de 97% das estações de voto é a vencedora com 59%
das escolhas.

O principal oponente chama-se George Weah (uma antiga estrela do futebol) e houveram alguns problemas provocados pelos seus apoiantes que alegam fraude. As autoridades da UN dizem que o processo decorreu com transparência, ordeira e pacificamente. Observadores da Unidade Económica dos Estados do Oeste Africano também declararam as eleições justas.

A Libéria é um país brutalizado pela guerra em que linhas éticas e morais foram ultrapassadas. O passado recente é de morte, tortura e injustiça.

As pessoas precisam de alguém que ponha em prática a esperança. A que se espelha no sorriso das mulheres.

Soares e a blogosfera

Os blogues de direita dão-me vontade de votar Mário Soares.

Os blogues de esquerda dão-me vontade de não votar Mário Soares.

Questão que me passa pela cabeça e eu nem sei porquê: um veneno é o antídoto de outro veneno?

Racismo debaixo da pele

Este último fim-de-semana estive numa festinha onde encontrei uma parisiense. Falamos dos túmultos e ela deu ênfase ao racismo subterrâneo. Os franceses "antigos" ainda vêem a França de bochechas rosa e não consegue lidar com a nova França mais "latte". Ter um CV com um nome começado por Jacques traz muito mais valia do que o outro com um nome como Mohamed.

De tudo o que li e ouvi este foi o aspecto que ressoou um pouco da minha experiência de portuguesa. Somos racistas, mas daquele que não se põe o dedo. Mas também existe o racismo televisivo que eu acho "divertido". É o caso da minha mãe. A minha adorável progenitora vê as notícias e fica chocada com todas as guerras civis em África e arenga sobre os pretos e a sua intrínseca maldade. Eu chamei-lhe a atenção que os vizinhos são mulatos. Ela nunca se tinha dado conta. Os maus são os da televisão, não os que ela diz bom dia na rua. Não o padre angolano que cuida das ovelhas da sua paróquia. São os que vivem em África, que são maus e matam-se uns aos outros.

Contudo, há um racismo debaixo da pele. Aquele que acha que um preto com um bom carro só pode ser criminoso. Que um preto só pode ser preguiçoso. Que um preto tem de certeza uma fraqueza só porque é preto. Um racismo sem substância, mas que há, há.

Devo dizer que não conheço a realidade de Lisboa, em que existe uma grande comunidade imigrada de África. Onde eu vivi existem mulatos, portugueses retornados. Ainda assim... Há hábitos difíceis de vencer. Talvez com cirurgia?

quinta-feira

Sinais na barricada

Os abutres sobrevoam

Os hipócritas na marcha da liberdade

A vingança serve-se fria

Há uns tempos dei o livro "The pleasure of my company", do Steve Martin, a um amigo e de sorriso irónico disse-lhe que ele me fazia lembrar o personagem do livro.

Ele agora deu-me "A pomba" de Patrick Süskind. :-(

p.s.: Se não entenderam, vejam isto como uma possível motivação para a leitura.

domingo

Venha o diabo e escolha

Como se distingue um blogue liberal de um blogue socialista?

Os primeiros babam-se de deleite com as desgraças na Europa, os segundos deliram com as desgraças nos EUA.

sábado

Pela minha janela vejo o Outono a acabar



Aqui

Confrontos em Paris

Falei com um amigo francês e ele deu-me uma imagem dos causadores dos confrontos bastante similar à que encontrei neste artigo, encontrado no "A origem das espécies". Uns rufiões que gostam de rap e da cena de gangs dos filmes americanos e cada um tendo mais dinheiro no bolso que eu e ele juntos.

Andei a ler o que os liberais escrevem sobre o assunto e revejo-me na crítica à leniência dos governos europeus. Será cobardia ou consciência pesada do que fizeram nos países de origem destes jovens?

Claro que aproveitaram para criticar o sistema social europeu, mas lembro-lhes que a Alemanha tem também um sistema social pesado e nada disto se verifica. Parece-me que o problema está mais na solução urbanística encontrada para alojar a população imigrante e a demissão no policiamento e na punição. Além da cantata do "pobrezinho".

Quanto ao Islão. Duvido que estes jovens sejam islâmicos. Estes jovens não têm é valores. Nenhuns.

P.S.: O islamismo é uma religião com os seus valores éticos e morais. A nível de tolerância por outras religiões teve na prática comportamentos do maior respeito e que põem a religião cristã de joelhos a rezar por perdão sem fim. Comunidades cristãs, judias e zoroastristas foram protegidas até ao século XX. Os movimentos imperialistas na zona e a criação de Israel retiraram estas comunidades da sua existência pacata. Ainda outros aspectos que não compreendo totalmente criaram o islamismo radical. Os hábitos tribais dos povos do Médio Oriente fundiram-se com a própria religião. O desrespeito pelos direitos das mulheres tem uma origem tribal e não religiosa.

Estes descendentes de islâmicos estão entre dois mundos. Perderam os valores dos pais e não tomaram os valores da terra que devia ser deles. São uns proscritos. A culpa é provavelmente de todos.

sexta-feira

O preto, o branco e o cinzento

Os vandalismos e os confrontos da última semana em Paris são daqueles acontecimentos que me calam. Ouço os opinamentos e surpreendo-me com a capacidade de colocar tudo bem arranjadinho numa estrutura a preto e branco. A primeira vez que me dei conta do caso foi 4 dias após o início quando o vi escarrapachado no monitor da minha amiga americana. "Riots in Paris?". Aprochego-me para ler a notícia. "Yes, poor boys." Eu não disse nada porque não sabia nada e porque estou habituada a que ela tenha uma visão muito maniqueísta do mundo. A colega de gabinete dela que tem um filho adolescente mulato acercou-se e disse "At least they speak about it. Here in Germany everyone avoids to recognise the problem of police racism.", "Yes?!?" Eu completamente surpreendida. "The police can arrest someone for 1 day without charge and they do it to non white teenagers. Just because they hang around."

Cinzento, cinzento, cinzento.

A Alemanha tem um aspecto que permite que nunca se atinja o nível virulento de confrontação parisiense. Controla-se a construção de bairros que se possam tornar guetos. Não se consegue discernir à primeira bairros de maioria alemã de bairros de maioria imigrada. Mistura-se. Em Hamburgo, quando se fala de bairros turcos e portugueses é porque são os mais vivos, de pessoas, de bares e restaurantes, de cores (no Lonely Planet, um dos pontos altos de Hamburgo é ir jantar ao bairro português junto ao porto). Não há nos subúrbios desta cidade de 2 milhões e multicultural nada como os banlieues.

Um dia, andava a passear com uma amiga portuguesa (de visita) uma terrinha nos arrabaldes de Hamburgo. Iamos distraídas e quando nos demos conta estávamos num pequeno bairro de imigrantes. Fiquei surpreendida, pois era um aglomerado de casas modestas de um piso e aquelas pessoas viviam ali declaradamente separadas do resto. No campo, as crianças a brincar livres, adolescentes a compôr as bicicletas e as motos à porta. A minha amiga sentiu-se desconfortável, provavelmente a pensar nos acampamentos ciganos. Quando me apercebi também me quis vir embora. O castiço é que eu não tenho medo dos adultos, mas ponham-me uma criança de dez anos à frente e eu começo a transpirar. Isto deriva de várias experiências em que eu fui chingada por crianças ciganas e me atiraram pedras e latas. Desde aí tenho sempre o cuidado de evitar os seus acampamentos.

Cinzento, cinzento, cinzento.

Parece-me absurdo o discurso "coitadinhos destes pobres jovens, só exteriorizam a frustração perante uma sociedade que os marginaliza". Que dizer daqueles que têm vidas difíceis, mas são responsáveis e trabalhadores e até são vizinhos destes pobrezinhos e veêm o carro, que lhes custou muito a pagar, a transformar-se em sucata numa noite de "justa" revolta?

Nem preto nem branco.

Mas também é absurdo considerá-los meros criminosos. Deixar construir bairros horríveis, depósitos de pessoas, sem verde, sem espaço, sem horizontes, anónimos, sem locais para conversar, para poder construir uma comunidade, uma identidade, prisões de cimento. Ignorar, alienar e ficar muito surpreendido quando algo assim acontece e numa de politicamente correcto gritar "Pobrezinhos", ou egoisticamente gritar "Ralé".

Que tal exigir dos nossos governantes medidas preventivas de civilização? É que há pessoas que sabem e estudam estas coisas há décadas. Não são só teorias sociológicas, arquitectónicas ou urbanisticas. Qual a prioridade? Construir estádios de futebol ou providenciar condições para as pessoas viverem como as pessoas devem viver e não em gaiolas de cimento?

Além disso, apavora-me a leniência total. Uma senhora, aqui na Alemanha, contou-me que nos tribunais alemães era prática corrente dar a pena mais leve por crimes de honra. Os magistrados consideravam que era algo cultural. Eu fico fora de mim e grito: cultura não é assassínio! Cultura não é mutilação!

Os direitos humanos são independentes da cultura. Cultura é o falar, o escrever, o pintar, o cantar, a comida, os gestos, é a expressão da humanidade. Não a sua diminuição!

Pela rua dourada

Caminhamos pela rua que de ontem para hoje ficou dourada. Um despertador arborícola soou em silêncio e ruborizou de amarelo-outono todas as folhas. Agora nevam por entre o ar ameno. O sol tem uma cor mais quente, ainda que não na pele e é possível ser feliz só pelo olhar.

O meu amigo tem rugas na testa.
- Não sei... Não sei... Parece que ela não compreendeu.
- Explicaste-lhe?
- Tudo claro.
- Então como é que ela não compreendeu?
- Disse desde o início que não posso viver aqui. Não posso! Eu vou-me embora e aí tudo acaba.
- Porquê? Não gostas dela? E se ela te quiser acompanhar?
- Não é possível.
- Porquê?
- NÃO É POSSíVEL!
- Porque é que não consegues viver sozinho, mas também não te comprometes?
- Não é assim tão fácil.
- Não? Se não fosses meu amigo deixava-te.
- Sempre a exagerares!
- Pois...

Abandono-me ao sol e às sensações da rua dourada. As pessoas são demasiadamente difíceis.