sexta-feira

quinta-feira

Nações Unidas e Darfur

Denying Darfur: UN Watch Confronts Sudan Regime

UN Human Rights Council concerns do not include Darfur
O mundo paralelo da felicidade
em que colocamos o pé
quando caminhamos neste

a gente pensa nuvens
chilreios de pássaros
entre as fuligens dos carros

de vez em quando chove no mundo de cá
e sentimo-nos secos lá
mas de vez em quando a água transborda de cá para lá
e sufocamos em todas as mágoas
de líquido metálico fluído escorrente fervente

congelamos em mutismo doloroso
que não doa mais
não, por favor, que não doa mais
que eu não aguento a laceração interna invisível cruel
{grande pausa}
gosto de ficar deitada, após, a sentir-me morta

Liberdade

Ontem estive uma porrada de tempo a falar de liberdade com um italiano. Ele a pensar que eu estava a falar do 25 de Abril de 1945 em Itália, que levou à rendição dos nazis e à queda do fascismo por aqueles lados e eu a pensar que ele estava a falar do fim da ditadura em Portugal a 25 de Abril de 1974. Ambos a achar que o outro estava a apanhar mal o contexto da coisa.

terça-feira

No, it's not going to stop
'Til you wise up



Wise Up de Aimee Mann no filme Magnólia.

Liberdade de expressao

O Pedro Arroja tem ideias peregrinas. Várias vezes fiquei de cabelos no ar com as suas generalizaçoes dantescas e na semana passada aquando dos seus postes sobre a emancipaçao feminina, apanhei-me a chamá-lo alienado. Mas no mundo há um valor superior: a liberdade de expressao. Falando concretamente da blogosfera, para mim o maior pecado blogosférico nao é o anonimato, o franco-atirador das caixas de comentários, os comportamentos burgessos, mas o corte de liberdade de expressao, o que for, mesmo a expressao que nos poe o cabelo de pé. O Pedro Arroja abandonou o Blasfémias, no que se desconfia ser censura. O liberalismo do Blasfémias vai de vento em popa {toda a ironia possivel nesta frase}. Notem bem: o Blasfémias provavelmente censurou as ideias de um dos seus elementos. Isto para mim é gravíssimo.

domingo

"The Sanguine Sex"

Jerry Seinfeld used to have a routine about the television commercials for laundry detergents that promise the product will remove bloodstains from clothing. “I think if you’ve got a T-shirt with bloodstains all over it,” Seinfeld would say, “maybe laundry isn’t your biggest problem.” It’s a funny line, and it’s one that only a man could think of, because the real reason blood is such a vexing and eternal laundry problem doesn’t have to do with gunshot wounds or serial shaving mishaps (in the commercials, a witless husband is forever nicking himself shaving, usually wearing his best white shirt, the male equivalent of showering in your bra and panties). Bloodstains occur and recur in households because women spend a lot of their lives bleeding. If a man or a child woke up in a small pool of blood, the alarm would be genuine and well-founded. But if a woman does so, it’s business as usual. The bloodiness of menstrual blood is something that has been steadily de-emphasized in the past century, but blood it surely is. Once I walked into the students’ restroom at an all-girls school late in the afternoon on a warm day, and the smell that assailed me was reminiscent of the smell of Buckley’s, the butcher shop in Dublin where my mother bought Kerry beef running with blood.

The Sanguine Sex: Abortion and the bloodiness of being female, Caitlin Flanagan, The Atlantic Online

sexta-feira

quinta-feira

deus tb me cansa

Antes de retornar a dormir queria partilhar isto: acho piada que as pessoas achem conforto na ideia de deus. Olhando o mundo, a minha vida, se eu acreditasse em deus, acho que ficaria ainda mais triste.

Cansaço

Ontem estava a ver uma notícia sobre um transsexual que tinha decidido começar o processo para mudança de sexo. Foi despedida e interpôs uma acção em tribunal. O pessoal da terrinha tinha-se posto a manifestar à porta. Um homem dizia ao jornalista que há coisas que não podes mudar em ti: "Quer dizer, eu cortar o pénis, hmmm, que horror."

Mas alguém estava a falar dele? A incapacidade das pessoas de conseguirem irem para lá delas surpreende-me e cansa-me. Na verdade neste momento sinto um enorme cansaço da espécie humana, incluindo eu. Uma hibernação estava mesmo a calhar.

quarta-feira

Perplexidade

No Vaticano perguntei perplexa a um guarda suiço que pecado tinha cometido para estar ali naqueles preparos. Ele respondeu-me perplexo que tinha vindo voluntário. Há mesmo gente para tudo.

Do melhor

Foram as influências.

terça-feira

Contaminação germânica

A Fonte de Trevi rodeada de gente. O barbudo no meio do conjunto escultório parece que tropeçou numa casca de alga. Olho à volta e penso que despropósito colocar uma fonte ali. As pessoas atiram moedas para dentro da água desejando retornar a Roma. Que despropósito de desejo, penso eu. Estamos ao sol e por entre as gentes, vendedores de cor e pequena estatura tentam vender bugigangas. Olho sonolenta um italiano alto, que se aproxima de um destes vendedores e lhe cobre a omoplata com a manápula, enquanto pergunta o preço. O vendedor retorce-se de debaixo da mão enorme e desperto da preguiça pela sensação de perigo. A manápula agarra agora o vendedor e eu chamo a atenção do meu amigo. O vendedor consegue fugir, mas o italiano alto fica-lhe com as bugigangas. Eu e o meu amigo olhamo-nos a tentar definir o que fazer. O italiano continua a sua saga de apreensão e resolvemos denunciá-lo aos Vigilii, que nos informam que o italiano das manápulas é um deles a apreender mercadoria ilegal. Eu fico indignada: "Mas não há crimes verdadeiros em Roma?". Resolvo avisar os vendedores da presença do italiano das manápulas, mas o meu amigo diz-me que isso seria ilegal. Eu acuso-o de alemão, mas na altura da verdade falta-me a coragem de ir contra a lei. Triste contaminação germânica...

domingo

"Um país também deve ser um sonho"

Democracia, poesia e prosa de Daniel Carrapa

John Oliver sobre Israel

John Oliver do Daily Show resolve reportar sobre Israel e é hilariante.

"video aqui"

quinta-feira

it's a pretty big world god


Flower
dos Eels



turn the ugly light off god
wanna feel the night
everyday it shines down on me
don't you think that i see
don't you think that i see what it's all about

hard to look the other way
while the world passes me by
and everyone is trying to bum me out

it's a pretty big world god
and i am awful small
everyday they rain down on me
flower in a hailstorm
flower in a hailstorm
i'm living for the drought
i could throw it back at them
but then i play their game
everyone is trying to bum me out

when i came into this world they slapped me
and everyday since then i'm slapped again
tomorrow's king: an unsightly coward
you see, I know i'm gonna win

turn the ugly light off god
don't wanna see my face
everyday it will betray me
don't you think that i know
don't you think that i know what they're talking about
if they step on me tonight
they're gonna pay someday
everyone is trying to bum me out

quarta-feira

O som do falar

Um dia, no convés de um barco, encontrava-se uma portuguesa a ler um livro, uma mexicana também a ler e um russo simplesmente a bronzear-se. O russo pareceu muito belo quando se virou e recostado no braço direito, olhou para a portuguesa e pediu-lhe para ela ler alto. A portuguesa achou o pedido estranho, pois ele não ia entender. Mas ele respondeu que queria só ouvir o som da fala portuguesa. Ela assentiu e começou a ler alto. A mexicana parou de ler e começou a escutar. A portuguesa gostou de se ouvir e de sentir que os outros a ouviam. Sentia-se a cantar, pois era à música da sua fala que os outros atendiam. Após várias páginas a portuguesa parou. Por nada. Podia ter continuado, estava a gostar, não estava cansada, mas ali parou e olhou para os ouvintes. O russo pediu à mexicana que lesse o livro dela. De novo a música começou, agora em espanhol. A portuguesa não tentou perceber e o russo, de novo, não entendia nada da língua. A mexicana parou por seu acordo. Houve um silêncio preenchido de sol e de mar a bater no casco do barco. Quando a portuguesa estava para adormecer ouviu o russo dizer: "o português é como o vento a passar entre as folhas de uma árvore e o espanhol como a água a passar entre as rochas num ribeiro." Esta cronista disse: "O russo é como pedras a rebolar por uma montanha abaixo."

segunda-feira

olho a tua ausência

a esperança que voltes

a certeza que não voltas

a esperança

a certeza

a angústia

algo se quebra...

não aguento

a sensação que não aguento

a esperança que não aguente

a certeza que aguento...

queria poder chorar

mas eu choro

choro a seco

a esperança da certeza...

sexta-feira

Povoam-me monstros



Do filme "El laberinto del fauno", que recomendo... Melhor: é imperdível.

quarta-feira

Perigo para a pedagogia

Uma dúzia de criancinhas, com coletes reflectores, fazem uma fila entre as árvores e a pista de bicicletas, que corre paralela à estrada. Estão com três adultos também equipados com reflectores. Uma senhora coloca-se junto à pista para bicicletas e olha para a direita e para a esquerda. Dá três passos e faz o mesmo junto à estrada. Estende o braço direito sobre a estrada e deixa-o à espera por uns segundos. As crianças e os dois adultos observam compenetrados. A senhora passa a estrada, na passadeira, maquinalmente, acentuadamente, teatralizando os passos como um mimo. Ao chegar ao outro lado, as criancinhas e os dois adultos aplaudem exultantes. Uma portuguesa de ar descontraído e mãos nos bolsos faz diagonal ao cruzamento, quebrando várias regras geométricas de estrada, enquanto observa embevecida a lição.

terça-feira

A solução está no apoio às mulheres

Amara and the tens of thousands of Muslim women who support her loathe the fundamentalist vision of a "fascist-like society that has nothing to do with democracy"-and unlike many "Clash of Civilizations" blowhards, she and her friends fight against it on the ground, every day. Some of their fights are small everyday acts of defiance: "Make-up has become war paint, a sign of resistance." But many are larger: they reject the head scarf as "nothing more than a means of oppression emanating from a patriarchal society." Travel on the tube as it leaves the Muslim East End, and you will see girls peeling off their hijabs and applying makeup with heart-pounding pleasure.

Here is an authentic Islamic Reformation on the streets of Europe. Here is the development of a strain of Islam fiercely committed to democratic values. Yet those who suggest that the birth of every new European Muslim is a problem-another tick from the time-bomb-treat Amara as akin to Osama. This mind-set is (at best) a distraction from the real fight: across the continent, groups of Muslim women are rebelling in the same way against the literalist, quasi-fascist interpretation of the Koran popularized by the mullahs. Tired of being its first victims, they are creating their own liberal lived Islams as an alternative. And if this rebellion is completed, European jihadism will be left literally unable to reproduce itself.


Johann Hari

segunda-feira

Brilhantismo

Dei o artigo do Jim Hansen a um amigo. Quando estávamos num bar ele
disse-me que tinha gostado muito, um texto claro e descomprometido. Na
conversa eu disse-lhe que o mundo iria mudar irremediavelmente e era
tudo. "Mas o artigo tem esperança. Se nos próximos dez anos fizermos
algo pode não ser irremediável" - dizia ele. Eu disse-lhe para olhar
pela janela e dizer-me o que via. Ele cantarolou: "Carro, nada, carro,
carro, nada, carro, nada, nada, carro, carro, carro..." Eu, na altura,
achei a resposta brilhante, contudo na mesma altura eu estava concentrada na
sua boca, numa de lhe dar um beijo...