terça-feira

Suicídio das pintarolas

A cada passada vi uma joaninha espalmada no chão. Porquê, meu deus, porquê? Logo hoje que o Biedermann ganhou!

P.S.: tou suada

P.S.2: hoje elas continuam a descer ao chao e a serem calcadas. O que é isto? Época de acasalamento e só podem foder no chao?

P.S.3: tou feliz

jaaaaaaaaaaaaaaaaaaavol!

Paul Biedermann ganhou algo na água ao Michael Phelps. E o meu título: foi o grito na rádio. Espero que nao hajam apitos na rua...

P.S.: tou entediada

P.S.2: diz o Phelps que foi a roupa, que foi batota do Biedermann. Até parece que ele nada de cuecas!

P.S.3: tou feliz

sexta-feira

decidido



Esperemos que a minha semi-nova vida nao seja mesmo montanha abaixo. Aparte: este desporto é absolutamente alucinante, nao é?

Para ser mais clara: eu decidi nao ir pra Noruega. Eu decidi ir prá Suica. Entre o petróleo e o banco, escolhi o último. Entre os de sangue frio e os trafulhitas, escolhi os últimos.

quinta-feira

Coisas fantásticas

Nas minhas últimas andancas comprei no aeroporto o livro "The undercover economist" de um homem que nao me lembra o nome. No inicio comecei a desapontar-me, pois na contra-capa prometiam-me que após aquele livro ia comecar a ver o mundo como a Eva depois de ter comido a maca. Mas lá pelo meio até encontrei umas cenas fantásticas, que nem eu no meu cinismo me tinha lembrado de esperar. O escritor comeca a descrever a estratégia número um entre as inúmeras estratégias para as companhias ganharem o maximo de dinheiro possivel. Porque para aqueles que nao vendem só para os perdulários ou só para os poupadinhos, o desafio é apanhá-los a todos, esmifrando bem os primeiros e esmifrando o melhor possível os segundos. Como fazer isto? Nao se pode vender a mesma coisa com dois precos. Portanto, por exemplo, numa daquelas marcas tótós de lojas de café que vendem canecas de café com todas as possíveis variacoes de ingredientes adicionais, tamanhos, mistura e espuma e uma pessoa pensa que merda de tótós é que bebem café nesta espécie de loja de café pra tótós?... O que os cérebros por tras destas marcas pretendem é fazer a coisa simples, tipo café com leite, um preco, espetam-lhe uns pós de chocolate, sobe o preco, com abanamento, sobe o preco, com uma camada de nata, sobe o preco, com canela, sobe o preco, com raspas de gelo, sobe o preco. O poupadinho compra a versao simples e os perdulários podem perder a cabeca pelas versoes mais caras. Para o vendedor a diferenca entre produzir a versao simples ou as versoes "melhoradas" é misera, mas a diferenca de precos pode ir até ao triplo! As lojas de roupa com saldos: na época dos saldos eles ganham dinheiro, o intuito é apanhar os poupadinhos; na época sem saldos apanham-se os outros que se estao a cagar pros precos. Portanto, o que as marcas tentam é ter a versao simples-saldo e a versao "melhorada"-premium, poucas diferencas de producao, mas oferecidas diferentemente conforme a facilidade com que o dono da carteira a abre. O que acontece com as marcas de computadores é entao fantástica: um produto informático é desenvolvido normalmente de raiz. E desenvolve-se um produto. Contudo, para apanhar todos é preciso duas versoes do mesmo produto. Portanto, o produto base é o premium. Neste produto desligam-se funcionalidades e tem-se a versao "simples". Ou seja, eles tem adicional trabalho para produzir a versao mais barata! E por vezes nem é só desligar funcionalidades, é mesmo sabotar o produto final! Nao é o mundo da economia fantástico?

quarta-feira

O tapete de boas vindas dos noruegueses

A visitor should depart and not always be in one place.
A friend becomes a nuisance if he stays too long in the house of another.



Isto encontrei eu escrito no chão da estação de comboios no aeroporto de Oslo.

segunda-feira

decisoes... :(

Tenho sobre a mesa uma proposta de trabalho para a Noruega. Já disse que a raca de pessoas que eu alguma vez tive o desgosto de conhecer que mais detestei foi os noruegueses? Como eu uma vez disse a uma chinesa, se ela quiser calor humano é melhor abracar um peixe que um noruegues. Ela riu-se muito, disse que era uma piada muito boa e eu depois de uma piada muito boa estou a pensar, se fosse piada. Uma italiana, imagino que para me confortar ou em piada, lembrou-me que o bacalhau vem da Noruega. Pois, realmente há lá muito peixe.

quarta-feira

Que se lixe a peugada



Nao há respeito pelo silencio. Já todos sabemos disso, pelo menos aqueles que nao vivem em ilhas desertas e até desejam que lhes gritem. Mas está-se muito pior que no meu tempo (o que eu desejei ter idade para comecar a dizer isto). Nao se entende o silencio. Parece que o silencio é a ausencia de barulho feito por seres viventes: o bébé a chorar, o casal a brigar, o vizinho a ressonar, o cao a ladrar, até o galo ou os grilos, por estas orelhas que hao de apodrecer no humus materno, já ouvi pessoas queixarem-se que acordaram com o galo ou que nao conseguiram adormecer com os grilos! Que mundo louco é este em que vivo? Pois aí fui de bilhete de comboio na mao, acomodar-me numa carruagem para dormir, como bem dizia à entrada, para uma boa dormidela até aos Alpes Suicos. Na carruagem tinham escrito confortável, nao um adolescente qualquer, nao, grafiti formalizado e permitido, pelo que me senti confiante e até deslumbrei que aquilo tinha dois andares, olha que fino, dois andares numa carruagem. Pois, meus amig@s, nao deitei nenhuma das sobrancelhas... Descobri como é um secador do cabelo por dentro. Disseram-me que era o ar condicionado e houve grande espanto que eu em vez de me sentir confortável, como seria o óbvio sentir depois de ter lido o exterior da carruagem, me sentisse cansada, até zangada. Muito pior seria estar com os outros, a dormir 4 ou 6 no mesmo compartimento. E eu sonhei acordada com o ressonar de 5 seres humanos, em vez da ventoinha parasitica que se albergava nas paredes da minha carruagem. Há momentos em que nao suporto este mundo. E é por isso, que neste momento de publicação, eu estarei num avião, porque pelo menos é uma tortura menos demorada. Com tanto ar condicionado ainda a peugada é igual.

segunda-feira

Episódio da vida de uma pessoa ensonada: limites

Bem, bem, bem. Estava aqui ensonada quando aparece no umbral da porta um italiano, assim a dar pró bom como o milho. Queria ir à net e se eu tinha o cabo e postou-se de portátil debaixo do braço com a confiança de quem sabe que a probabilidade de recusa é baixa. Acertou. Eu podia ficar aqui uns bons parágrafos a descrevê-lo, mas não tenho palavras que lhe façam juz.

Mas já o expulsei. Ausentei-me por uns momentos e encontrei-o na minha cadeira, ao telemóvel, a brincar com o meu teclado. Há limites e os meus são o meu computador e todos os seus periféricos. Tira a mãozinha.

sexta-feira

simpatias e confissöes III

Durante muito tempo nao se falou. Durante muito tempo acreditou-se que os estrangeiros iriam embora e poderiamos nunca falar, com regras nao faladas, mas compreendidas por todos. Um verniz agradavel de tolerancia colou-se-nos à pele, o que interessava mesmo era que nao falassemos. A tolerancia existia desde que o toleravel permanecesse à distancia. E um dia o toleravel esbofeteou-nos na cara e enquanto estavamos perplexos sem percebermos muito bem o que tinha acontecido, foi-nos dito que o melhor era nao falarmos. O toleravel só é intoleravel porque o nao toleramos como deve ser.

A minha pergunta é só esta: nao é esta a altura de falarmos? Porque neste momento, há os Geert Wilders que falam por nós e um sistema que se vende por uma ideia de tolerancia que nao é a mais justa. Para além da nossa tolerancia ser apenas o nao me chateies, essa tolerancia institucional serve os ideologos fanáticos e nao os comuns cidadaos que querem mais que o privilegio de existir sem chatear.

Seria bom falarmos, a sério. Sem clichés e ilusoes.

P.S.: contava-me um norueguês como a mäe arengava sobre os norte-americanos e o que eles tinham feito aos pobres pretos, mas os sama, esses eram todos uns malandros e ladrões a morar no fundo do fiorde.

p.s.: o teclado norueguês tem acentos! :)

segunda-feira

simpatias e confissões II

Nestes vários dias, andei a pensar naquilo que escrevi antes de ir. Na minha provocação, que foi obviamente consciente, o que eu queria era que vocês me dissessem que eu estava errada. Porque eu estava com simpatias e compreensões que queria atacadas e desterradas. De entre aquilo que mais me ajudou a reformar a minha ideia do problema foi esta entrevista a Jocelyne Cesari.