segunda-feira

Fidelidades

Neste domínio de nos perguntarem fidelidades e abstractos sentimentos pela tribo, como o húngaro a perguntar-me o que é ser europeu, um dia, há uns anos, perguntaram-me se eu, como portuguesa, me sentia mais próxima dos brasileiros ou dos outros habitantes dos outros países na Uniao Europeia. Isto provocou-me uma mistura de convulsoes na amigdala cerebral, que me impediu de responder por largo tempo, o que deu tempo a que o frontal tenha conseguido alinhar uma resposta brilhante, portanto improvável de ser original. Eu respondi que os brasileiros é como os irmaos, a gente nao os escolhe, tem que os aturar, vivemos às bicadas, mas no fundo gostamo-nos e há peculiaridades que partilhamos porque crescemos irmaos. Os outros países europeus sao os amigos que escolhemos para partilhar coisas, a vida, as conversas, os sentires, as contas, as férias, as idas ao cinema, a casa, as bebedeiras, e etc e tal.

quinta-feira

Cá está:



Obrigada amiguita que não vai ser nomeada.

quarta-feira

Como lidar com os problemas

Um amigo meu enviou-me um daqueles emails de comparaçao entre culturas, neste caso a chinesa (vermelho) e a alema (azul). Os políticos portugueses sao mais parecidos com quem?

terça-feira

Os deserdados

Li que agora isto de ser emigrante para o Estado português poderá vir a ser ainda mais parlapuê. Isto de limitar as possibilidades de voto, só consigo pensar nos EUA, para as pessoas que cometeram crimes. Para os portugueses vai bastar sair do país!

Eu sempre pensei no ato de votar como a expressão da minha cidadania. Juro, eu sou mesmo assim com ideias esquisitóides. Em adolescente, quando era ainda mais esquisitóide, ao completar dezoito anos, fiz duas coisas: registei-me como eleitor e fui dar sangue. Foram as duas ações que para mim assinalavam a minha maioridade. E como era esquisitóide, senti-me orgulhosa. Como agora sou esquisitóide, mas também cínica, o que o PS fez tem no meu caso a praticalidade de que agora quando me perguntarem a minha nacionalidade não direi portuguesa. Digo, cresci como portuguesa, tal como digo pra religião, cresci católica (tal como cresci PS). Ou entao digo que sou cidadã do mundo (passo a ser esquisitóide armada) e quando tiver que escrever em qualquer lado, escreverei "portadora de passaporte português". Assim, pra não me chatear muito na burocracia. De resto, retribuo ao PS o sentimento: estou-me positivamente a cagar pra suas excelências.

terça-feira

Desvantagens globalizantes

Desabituei-me de toques. Em Maio quando estive em Portugal, estava a conversar com alguém que me agarrou no braço e o ia apertando em intermitencia leve enquanto conversavamos. Conversavamos nao é correto, enquanto ele falava, pois eu estava completamente concentrada naqueles apertinhos desconfortáveis. Na Alemanha, quando eles decidem que sao meus amigos, a coisa é ainda mais cruel. Na Alemanha dao-se abraços e estes implicam uma superfície enorme de corpo em contato direto. Além disso, eu sou baixa, pelo que geralmente um abraço sou eu perdida algures, com um braço no ar a pedir salvamento. Por vezes consigo despistá-los: quando começo a cheirar despedidas, insiro na conversa elogios á falta de toques na Alemanha. Naquele casamento multinacional a que fui, foi um pesadelo. No ajuntamento de costumes, houve uma decisao implicita a que eu nao juntei a surda voz, que por defeito era a desbunda. Até os suecos resolveram que deviam imitar o resto e começaram aos beijos e abraços. Eu bem guinchava que comigo nao era preciso, que vivo na Alemanha, mas parecia que a minha falta de louridade os fazia pensar que eu dizia aquilo por dizer. Comecei a atirar com passo-bens para todos os lados, tentando escapar da guerra de pretensos afectos, mas tirando um homem com 2 metros de altura, cujo movimento descendente ao meu baixo nível foi extremamente fácil de evitar, perdi em toda a linha. É algo que me assusta: a globalizaçao do toque social.

sexta-feira

O esbanjamento de fontes

A Sabine enviou-me uma ligaçao para uma noticia, que eu ainda agora estou a gargalhar.

Sao 4 parágrafos, QUATRO! É uma notícia minuscula, mas consegue nomear seis instituiçoes:
1) o banco de portugal
2) a Imprensa Nacional da Casa da Moeda
3) a Direccao geral do tesouro
4) o Ministério das Financas
5) a Federaçao Portuguesa de Futebol
6) o Banco Portugues de negocios.

Portanto, a notícia diz que:
o 2 fez moedas, que o 4 comprou/recebeu/herdou(?) e deu ao 5, que fez lucro. Além disso, o 6 comprou moedas ao 2 (penso). Agora, o 6 tem moedas a mais que quer devolver. O 2 e o 3 nao aceitam devoluçoes, mas parece que o 1 vai recebe-las do 6 e pagar de acordo.

Parece que isto é um escandalo. Mas é demasiado para a minha cabeça. É como um filme do Poirot: um morto e 12 suspeitos.

domingo

Democracia e mexeriquice

Há uns meses, eu li um rascunho para um livro que descarreguei da página pessoal de Simon Hix. O rascunho desapareceu porque o livro foi publicado com o nome "What's Wrong With the European Union and How to Fix It". Isto é mau para mim, porque perdi o rascunho e de vez em quando apetece-me reler certas partes. É bom para o Hix e para a justeza dos seus direitos, que me vai fazer comprar o livro.

Ele defende que uma das necessidades para democratizar a Uniao Europeia é haver eleiçoes no espaço europeu. Para isto, é preciso que os eleitores se interessem por candidatos que nao sao da sua nacionalidade. Agora eu adoraria poder citar o excerto, mas uma das formas que ele apontava para isto seria os media reportarem as tricas políticas além-fronteiras. O que é que ele quereria dizer por tricas políticas? Alguns deputados alemaes viajarem até S. Francisco onde se comportaram mais como turistas de que como representantes dos interesses alemaes, ainda por cima usando os funcionários da embaixada como lacaios (caso real)? O Sarkozy a pavonear-se para as objetivas dos media com a sua nova esposa (caso real)? Na altura, indignei-me com este excerto, porque o interpretei na segunda linha. Pareceu-me irresponsável, que se defenda mais democracia, com mais mexeriquice. Como é que se pode aliar o ideal da democracia com os menores instintos do ser humano?

Mas vejam bem o que roda pela imprensa europeia e pelos blogues portugueses com a novela da atual campanha política nos EUA. É mais mexeriquice e maus instintos que uma discussao válida de temas. Mas vejam o interesse generalizado por esta campanha em que quase nenhum europeu pode votar. Por muito que me custe, o Simon Hix tem razao.

quinta-feira

Armados

Chateia-me imenso a campanha presidencial nos EUA. Sem entrar na campanha em si, mas, para lá de que me quero manter minimamente informada, o nível de artigos nos media e blogues sobre isto está de tal forma, que eu comecei a fazer gincana. Nos artigos, as grandes QUESTOES sao:

Obama é preto demais?
Obama é magro demais?
McCain é velho demais?
McCain é rico demais?
Obama é elitista demais?
Obama é popular demais?
Obama é esperto demais?
McCain é matreiro demais?
Palin e o filho e a filha e o rebento?
Biden é palavroso demais?
Os americanos sao parvos demais?
Quanto é que eu (o tipo a escrever, nao eu!) amo Obama?

Sabem o que isto me lembra? Aqueles armados em intelectuais que se deleitam sobre filmes de qualidade duvidosa, mas que tem imenso sexo. Uma forma de ver pornografia e fazer de conta que é arte.

Aqui, nao se comentam as novelas, mas comenta-se a novela além-mar e faz-se de conta que se comenta política. Enfim...

terça-feira

A Sabine também



A Sabine é a agente secreta 00-Mafalda. Quando era pequena e destruia os livros dos meus irmaos, porque, perdoem-me, nunca fui precoce e nao me apercebi o que era dar valor ao que mais se gosta e muito menos a concepçao de respeitar o que é dos outros, entre os quais se contavam os livros do Quino com a minha heroína e com o meu alter-ego (ah, Filipe quanto sonhamos juntos), nunca me passou pela cabeça que a Mafalda me iria dar bola... :)

segunda-feira