segunda-feira

Há constituições e constituições

É interessante que uma revista como a vossa apoie a constituição iraquiana quando, há alguns meses, se opuseram à versão europeia. Talvez que a vossa oposição a este último documento abrande se se der um papel oficial à religião e se introduzir a exigência de que os juízes do Tribunal Europeu sejam educados na lei do Levítico?

KYRRE HOLM de Oslo, Noruega ao The Economist no The Economist desta semana, secção Cartas.

Tradução minha.

Tremei!



Não é que a minha colega americana hoje parece uma bruxa!
Na minha modesta opinião, ela leva o dia demasiadamente a peito. O meu lado estético gostaria de dar-lhe umas vassouradas.

sábado

Um pulinho da mesa para desabafar:

Detesto, odeio, desprezo gnocci!!!!

Porra para o multiculturalismo...

Software & Nirvana

Anda toda a gente a falar com deus e eu não consigo! Buá, buá, buá! It's not fair!

Olá, agradecimento, parabéns

Tenho blogue há três meses. Começou por acidente e acabei por usá-lo para agarrar, com palavras, pensamentos, interrogações, indignações, sensações, brincar comigo como mirando-me num espelho. Apreender o que se passa, que por vezes me ultrapassa a não ser que eu pare e olhe. Zanzando pela blogosfera acabei por fazer "contactos". Dou-me conta que sou visitada. Pensei que tinha chegado o momento de...

Para todos os que aqui param sem blogue um olá. Para os blogistas que me visitam um vibrante "Oi, galera!", para os que eu visito, um agradecimento por sorrisos que me tenham despontado, por algo que me tenham ensinado, por despertarem-me curiosidades, me fazerem pensar ou até por me exasperarem.

Finalmente, parabéns à Rua da Judiaria pelo seu segundo aniversário. Desculpa o atraso, mas no início achei que não era importante, que a Abrunho é fruta miúda debaixo da árvore. Mas fiquei com medo de parecer rude e para não arriscar e como gosto de delícias assim, porque a rua da judiaria é blogue que eu visito há imenso tempo, que me desnortearia se acabasse, aqui vai o meu abraço. Que eu possa continuar a lê-lo por muitos e bons. Não é preciso agradecer de volta.

{Esta é a última que me apanham nestas lamechices, snif, snif...}

Para os blasfemos que passem por cá



Tá bem, tá bem. C'est moi! Sou gata de rabo de fora.

O meu outro lado felino está:


Só que aqui não há provocações. Isto é geralmente um diário pacato e introspectivo. Nada que vos interesse... Assim. Adeusinho. Obrigado pela visita...

sexta-feira

Justiça?

"Democraticamente" absolvida nas urnas, como era de esperar, a D.ª Fátima Felgueiras está agora em vias de se ver alijada dos seus problemas judiciais, como também era de esperar. A senhora merece que se lhe tire o chapéu: fez uma sábia gestão dos seus trunfos e dos seus timings e, entre a demissão cívica do seu povo e a demissão institucional da justiça, descobriu o caminho para a impunidade. "Dei uma lição ao país!", exclamou ela, triunfante, na noite de 9 de Outubro. E deu mesmo. A lição foi esta: o único crime que não se perdoa é o da falta de esperteza.
O Tribunal da Relação de Guimarães liquidou, de facto, o processo de Fátima Felgueiras, mandando refazer o essencial da instrução e, com isso, remetendo o julgamento para as calendas do ano vindouro. Os desembargadores de Guimarães entenderam que o Ministério Público e o juiz de instrução não fizeram senão asneiras na construção da acusação: as escutas telefónicas são ilegais porque o juiz não as foi validando dentro de "um prazo razoável", e os principais testemunhos acusatórios são nulos porque os depoentes foram ouvidos como testemunhas e não como arguidos, como o deveriam ter sido (e embora, posteriormente, ouvidos como arguidos, tenham confirmado o que haviam dito antes). Pouco importa, todavia, o conteúdo de umas e outras provas: para a justiça portuguesa, a fórmula é tudo, a substância é um estorvo.
Longe de mim - valha-me Deus! - contestar a lógica irrebatível dos argumentos dos senhores desembargadores de Guimarães. Limito-me a observar que uma magistratura passou aqui um atestado de incompetência à outra e que tudo se encaminha, uma vez mais, para que os formalismos processuais conduzam à denegação de justiça.


Miguel Sousa Tavares no Público de hoje.

O negrito é meu.

quinta-feira

Saga





Acabou-se! Terminou a preocupação com o mundo! Chorar os empobrecidos, os calcados, os que carregam os pecados do mundo, porque assim lhes coube em sorte, que a miséria é questão de fado e eu estar aqui ou ali dá no mesmo. Tenho só que viver satisfeito de ter-me calhado a parte boa do hemisfério. Acabou o ser verde, que eu sou só eu, enquanto eu limpo o terreiro andam os outros a cuspi-lo e quem vier depois que se amanhe. Tenho só de ficar contente de me ter calhado viver no tempo certo. Acabou-se! Há que fazer isto simples. Acordar cedo e fazer o que se me presta, para ter os tostões ao fim do mês e anestesiar-me no que me dão para me entreter. Nada muito intelectual e absorvente, que isto é sempre a andar no mesmo sítio. Está decidido!

Coitado do João... Quando se pressente, a ignorância não traz a felicidade. Morreu ontem a ruminar.

Aquecimento Global

Interessantérrimo este artigo no
The Seattle Times.

A seguir um excerto da peça anexa em que especialistas da matéria são questionados:

What is the major argument used by the "debunkers" of global warming? What can be done by the average citizen to help stop global warming?
— Kate Yamamoto, Bellingham

Snover: It's interesting to look at how the major argument used by the skeptics has shifted over time. From "the greenhouse effect is a myth" to "there's no evidence of warming" to "there's no way humans can influence climate" to "the climate will probably warm, but it will be a good thing," the argument has shifted over the years.
In an earlier post [below] I described some things that an "ordinary" person (is there any such thing?) can do about global warming. These could be broken down as follows:

• Individual action (reduce actions that rely on fossil fuels, e.g., in transportation, home heating and lighting, consumption.)

• Collective action (encourage friends and neighbors to do the same, elect politicians who will make the needed policy changes, work for broad institutional change.)

Shifting the world's economy away from its dependence on fossil fuels is a huge challenge that won't be accomplished by any one change. It will require actions big and small by individuals, corporations and governments around the world. Sometimes people feel like nothing they do matters, but I like to say that the only thing that matters is what people do.

quarta-feira

Imparcialidade (## Actualização estilo Casmurro)

O que é isto?
Um palavrão desconhecido dos bloguistas políticos.
Uma mesma entrevista e Soares é, para uns, múmia de sarcófago e, para outros, sábio geniquento.
Estou a ser má. Porque não poderia uma sábia múmia de sarcófago não ser geniquenta? Olha aquele filme. A múmia, pois. Que eu me lembre, a múmia era super-geniquenta.

##
- Abrunho, como podes esperar imparcialidade na política? Política são pessoas, líderes e acólitos.
- As ideias?
- É secundário.
- Tudo vale, até a pretensão da cegueira?
- É um jogo Abrunho. Já tens idade para não seres parva.
- Eu percebo, mas faço-me de cega com medo de me tornar cínica.

Diagnóstico



Dentes de tubarão a necessitarem de um pouco de fio dental... Ufa...

Pela segunda vez, em dois meses, dois médic@s dizem-me que eu tenho demasiada tensão na minha vida. Isto, vindo de uma dentista, deixou-me confundida. Mostrou-me a parte de dentro das bochechas. Isto à noite deve ser um "Fight Club"!

PeSaDeLo

terça-feira

Alho

O que se faz quando por distracção e falta de comunicação se acumula muito alho em casa?

Juntam-se os amigos a cozinhar vários pratos com alho, destrói-se a leveza do hálito e veêm-se filmes de vampiros.

Por coincidência escolheu-se um filme europeu e um filme americano. Num os caçadores de vampiros são cientistas meigos e distraídos. No outro são brutamontes assassinos. Num não se mata um único vampiro. No outro é uma matança. Num os vampiros são poeirentos, cultos e aristocráticos. No outro são cruéis e super-cool. Num goza-se com todos os clichés possíveis. No outro até o cliché é chacinado. Num o par romântico é no final transformado em vampiros e partem com o próprio chefe-matador para popular o mundo. No outro, o par romântico é transformado em vampiros e, depois de um abraço irmão, são avisados pelo chefe-matador que têm dois dias de avanço. Depois serão perseguidos como bestas.

Divertimo-nos com ambos.

segunda-feira

Medo da gripe



2005 João Gomes http://www.1000imagens.com

Segunda-feira




2005 Mark Heath www.spotthefrog.net

sábado

Broken



Deram-me o disco com a banda sonora do filme Broken Flowers. A música é muito boa (jazz e talvez mais algo... Eu sou uma incompetência a rotular música) e não se consegue imaginar o filme sem ela, como sem o Bill Murray. Este filme não seria Broken Flowers sem estes dois ingredientes. Bill Murray é um espanto a fazer o papel do homem de certa idade a ter que fazer face à sua vida. Bill Murray é para a depressão, o que Charlot é para a pobreza. Lembra o Don't Come Knocking, mas a abordagem é totalmente diferente. Se o objectivo é fazer-nos sentir pessoalmente esta busca, Bill Murray é o actor errado. Ou Jim Jarmusch é o realizador errado. Ou eu sou insensível.

Com isto tudo esqueci-me de escrever que o filme vale a pena. Pela música, pelo Bill Murray, pela realização, pelos secundários, pelos pormenores (rosa e não rosa), pelas flores, pelos silêncios, a alegria e a tristeza... É lindo.

P.S.: Se estivessem atentos ao nr de actualizações que eu já fiz a este poste ficaria óbvio que este é um filme difícil de explicar... Ufa...

sexta-feira

De onde veio a lua?



Comecei a semana com a lua (Visita) e termino com ela. A contar a teoria actual para a sua origem. Pois, foi Deus. Lá pelo segundo dia de trabalhos, ele chateou-se com um dos anjos e, como Ele é bom, em vez de mandar com o dito para os quintos do Universo, deu um pontapé num calhau e formou a lua...

Estou a brincar ao criacionismo... Hehehehe!

O que se pensa é que numa altura em que a Terra era esta bola de materiais incandescentes, um outro planeta (a que se chamou Orfeu), mais ou menos do tamanho de Marte e no mesmo nível de desenvolvimento (os planetas também têm o seu percurso de vida) esbarrou com a Terra. O que se pensa é que o núcleo do Orfeu integrou-se na Terra, enquanto que o manto, com um pouco do manto da própria Terra, espalhou-se pelo espaço. Mais tarde este material coalesceu na LUA!!! É menina!

quinta-feira

Psicologia Infantil



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Aqui

Coisas que se contam

Soares escreveu a Saramago:
Não gosto muito de si. Mas fiquei deslumbrado com os seus livros.
Saramago escreveu de volta:
Eu ainda gosto menos de si. Mas a sua carta deu-me muita alegria.

Que resposta sensaborona do Saramago!... Seja como for, está aqui.

quarta-feira

Portantos...

1) apoio a descriminalização;
2) urgente que se faça funcionar a lei;
3) aparte dos casos contemplados pela lei eu sou contra a liberalização da prática do aborto.

Dói-me algo. Pode ser que seja o coração.

Pensando na bolha...

... vou encontrando disto.

Viver numa bolha III

Eu já vou no quarto poste e começo a chutar-me para canto, ou neste caso, bolha.

Desta vez falei com uma assistente social, habituada a contactar com pessoas e a acercar-se dos seus problemas. Disse-me ela que não são os pobres que recorrem ao aborto. Esses vão em frente e têm muitos filhos.

Os outros, na maioria, são irresponsáveis. Arriscam na assumpção em voga de que isto só acontece aos outros.

A questão que se me pôe é: quando as pessoas são irresponsáveis porque hão-de os outros de lhes pôr o Serviço Nacional de Saúde ao dispôr?

Isto são mesmo questões que me apoquentam.

Viver numa bolha II

A minha amiga respondeu-me de novo. Diz-me ela que nós tivemos 16 anos há 14 anos atrás!!! (Pontos de exclamação dela). Que a juventude hoje tem a informação toda que precisa, que há internet nas escolas e concertos em que se distribui brochuras e até um preservativo, que há os "Morangos com Açucar"!

Querida amiga, eu continuo céptica, mas desejosa que tenhas razão. Espero que seja eu na bolha.

Espero também que a discussão que se avizinha nos esclareça...

Viver numa bolha

Uma amiga respondeu-me ao meu último poste dizendo que achava impossível que com a comunicação social de hoje uma jovem de 16 anos não estivesse informada sobre doenças de transmissão sexual, métodos contraceptivos...

Eu sorri e pensei que eu acho exactamente o contrário. Com a comunicação social de hoje aprende-se pouco. Estão mais interessados em notícias flamejantes, chocantes, esfusiantes, do que o aborrecimento de informar com conta e medida. Para ser-se informado tem de se procurar a informação e uma jovem de menos de dezasseis anos pode não ter os meios ou o discernimento de saber onde procurar.

Imaginei-me com dezasseis anos. Com dezasseis anos eu não tinha qualquer ideia sobre métodos contraceptivos. Sabia a biologia da coisa, mas ninguém se tinha dado ao trabalho de me explicar o pragmático da questão. Tive sorte. A minha vida sexual começou mais tarde, quando já tinha procurado por mim a informação. Se tivesse ficado grávida na altura estava lixada.

As pessoas vivem em bolhas. As pessoas não entendem que para se procurar a informação é necessário perceber que se necessita de informação. Que nem toda a gente é bem ou tia. É por isto que é necessário estender a mão. É necessário que a informação chegue antes.

terça-feira

Aborto um direito?

Vinha hoje no Público. Uma audição no Parlamento Europeu com o tema "Tornar o aborto um direito para todas as mulheres da União Europeia". Iriam testemunhar três mulheres portuguesas, sendo que uma delas fez três abortos antes dos 16 anos!

Eu não consigo ver o aborto como um direito. Consigo vê-lo como um mal menor, como um último recurso em certas situações, a par de uma rede de informação, aconselhamento, educação sexual sem hipocrisias e pruridos...

O corpo é meu. Eu sou eu, mas eu vivo numa sociedade e tenho certos deveres e direitos. Não será meu dever respeitar o meu corpo? Não poderá a sociedade exigir-mo?

Contudo, a sociedade só me pode pedir essa responsabilidade se me informou, me educou, me aconselhou e me disponibilizou os métodos contraceptivos.

A sociedade portuguesa tem uma higiene mental ao nível sexual tão podre que uma jovem fez TRÊS abortos antes dos dezasseis! É culpa nossa. Vamos a deixar-nos de hipocrisias!

Senhores e Senhoras

apresento-vos o Pacheco Pereira de Teerão!

segunda-feira

Gata



Aqui

Visita

Esta noite tive uma visita inesperada. Dormia sobre um livro, quando senti que à minha volta havia uma luz branca que, como habitual, não tinha conseguido apagar antes da rendição. Numa economia de sono, procurei o interruptor e dei-me conta que a luz vinha da janela. Grande, enquadrada, cheia, a lua esbanjava luz a toda à sua volta. Demasiadamente fosforescente. Deixei-me estar de olhos meios abertos, meios a dormir, a seguir o movimento pela minha janela, até que num último entreolhar a luz branca tinha ido e a lua continuava o seu passeio nocturno por outras janelas. Eu pude então dormir sem sentir que feria os mínimos de educação para com a minha visitante.

sexta-feira

O coelho transgénico


Fui ver o último Wallace e Gromit. É divertidíssimo. Fui com o meu amigo, "le toujour deprimée"*, e ele veio pelo caminho a trautear.

A história conta-se em poucas linhas: uns tomates sobredesenvolvidos raptam uma abóbora desmiolada. Na acção criminosa apertam a última invenção de Wallace transformando um pequeno e querido coelho num monstro enorme e feroz que tal king kong rapta uma lady e a obriga a uma relação de facto que transtorna o papa, que pela segunda vez excomunga toda a Grã-Bretanha, obrigando Blair a pedir ajuda a Bush, que simplesmente elimina o Vaticano do mapa. Penso que os Veados e Renas vão gostar do filme. Claro, que o salvador do mundo, tal como o conhecemos, é o Gromit!

* está mal, eu sei, não sei francês.

Religião encapuçada vs Ciência

Penso que o assunto mais abordado por mim nestes três meses de blogue foi a Concepção Inteligente (ver abaixo ligações). Provavelmente porque como pessoa que trabalha no mundo da ciência, é para mim desconcertante e até, a certo nível, assustador assistir ao eruptir de uma guerra entre a religião e a ciência. Já não é suficiente aprender a comunicar ciência. Agora é preciso aprender a defender a ciência de fundamentalistas.

Sendo que a batalha do ensino da Concepção Inteligente nas escolas secundárias se desenrola nos EUA, o campo de acção passou aos tribunais. Onze pais apoiados por dois grupos de pressão (American Civil Liberties Union e Americans United for Separation of Church and State) interpuseram uma acção judicial para que a escola dos seus filhos (Dover perto de Harrisburg, Pennsylvania) seja proibida de apresentar a Concepção Inteligente como uma teoria ao mesmo nível da Teoria da Evolução Natural.

Se os pais perderem, a ciência perde no país. Se ganharem, é uma batalha numa escola, mas uma importante batalha.

Assim, relativamente à Concepção Inteligente, publiquei:
definição de conceitos
contra-ataque humoroso
crítica a texto do Afixe
comentário de um leitor do "New Scientist"

E fiz ligações ao "A barriga de um arquitecto" para uma
deliciosa alegoria e ao "Conta Natura".

terça-feira

Devo ser eu

Sou limitada. Não chego lá, não compreendo o mundo. Sou uma alheada, uma não pragmática. Admito que seja eu. Mas irrita-me, irrita-me todo este regabofe de quem perdeu, se foi o partido este e aquele e a esquerda e a direita, como se fosse um jogo. Um jogo de votos.

Tenho medo das conclusões, das novas estratégias, mais demagogia e mais populismo. É isto a democracia? Este campeonato dos partidos? É para isto que se vota? Não há respeito pelo eleitor que pesou candidatos, que pensou, que acredita que a democracia é o melhor dos sistemas. Eu não votei, que as autárquicas não me afectam, mas apetece não entrar no campeonato. Nas presidenciais, que não devia ter nada a ver com partidos, já temos os ditos a engendrar posições. Que cansaço...

P.S.: estou longe (sárává meu deus), mas, do que me lembro, o país deve estar revestido de plásticos, cartazes e papéis. Será que este ano se lembram de limpar ou eu quando aí for no Natal ainda vou poder analisar a publicidade eleitoral balofa?

segunda-feira

Questão pós-eleições

Agora que a Fátima Felgueiras retorna à Presidência da Câmara de Felgueiras não se levanta de novo um dos motivos para a prisão preventiva? Há condições para continuar o crime! Ou?

domingo

Báltico



Os mares interiores são lagos. Um pouco temperamentais, com ares de importância, ondas e espumas, complicações de sais, mas na poesia salgada são lagos complexados.

O mar Báltico é cinzento, geralmente os céus que o embrulham são cinzentos, a água é intransparente, os peixes são baços e as pessoas são cinzentas.

Na praia reduzida, feita mais de erva que de areia, balidos de ovelha a perpassar entre o vento frio, eu encostei-me ao meu amigo. A amizade que nos une, maltratada e desprezada, parece que nunca há-de morrer. Dou-lhe a mão e penso no pó que deixamos pousar. O mar cheira a algas mortas.

De novo Murakami


Leio outro livro do Haruki Murakami: Sputnik Sweetheart. Um óptimo escritor, uma mestria na palavra. De novo funde o sonho com a realidade, mas agora numa outra forma de perda da pessoa. Um triângulo desencontrado: K ama Sumire e esta ama Miu. Miu é sofisticada, Sumire é devotada ao seu sonho de ser escritora até que..., K assiste. Até onde vai o amor de Sumire e de K?... :-) A ler, a ler. Vale a pena.

sexta-feira

Tristeza

Estás triste. Caminhas devagar, os passos são leves, como se não magoando o chão, te poupasses também a ti. O mundo abraça-te em brisa. Sentes-te confortada e choras por dentro uma dor primordial. Sabes que vai passar, que conseguirás anestesiar-te. Mas no fundo do oceano a que chamas vida, prescruta sempre essa camada submersa de incómodo existencial. Que vazio estranho te deram como herança...

Começar

Acorda-se com dificuldade. O dia é belo, uma pena desperdiçá-lo. A mente não responde. Caminha-se ao longo da plataforma do metro numa dança sem sentido. As pessoas irritam, as pessoas são frágeis, as pessoas são longínquas. Passa-se ao lado. A rotina apresenta-se ao trabalho. Tirem-me deste filme, sff.

quinta-feira

Na tela





Em dois dias consecutivos ouço falar de dois filmes portugueses com muitos elogios. As histórias soam-me interessantes. Espero que estejam num cinema perto de mim quando vos visitar em Dezembro.
Sinto saudades de um certo olhar sempre desesperado. A melancolia é muito lusitana. Mesmo a alegria tem contornos de tragédia. Que portuguesa sou, fatalmente saudade.

quarta-feira

???

Ao ler isto senti-me velha.

Graças a Deus... :-)

Momento de uma trabalhólica

Ontem eram quatro da manhã quando me senti demasiadamente agitada para aguentar o espaço entre as quatros paredes em que vivo. Saí para uma noite silenciosa, cortada, muito de vez em quando, por táxis cor de duna.

Saí de casa e mergulhei num mar de Outono. O ar gelado, mas aprazível, cortava a eito até aos pulmões. Caminhei no escuro junto ao rio de águas adormecidas. Era eu, os meus passos sobre as folhas secas e as sombras.

A pouco e pouco as preocupações deslizaram para órbitas afastadas e ficou o vazio aconchegador da noite. Os cheiros a terra e a vegetal. Eu de cara fria e corpo quente a atravessar o Outono.

Sentei-me e deixei-me ir, libertei-me da vontade e dei férias ao meu pensamento. E ele divagou para equações e em poucos minutos apresentou-me a solução para um problema que me atazanava há duas semanas.

Surpreendida e feliz retornei a casa. Encontrei um ouriço-cacheiro e etiquetei a minha hora de passeio como um bom momento.

Para uma pessimista há algo de funesto em tanto contentamento...

Como chatear um...

croata? Falar bem dos servios.

italiano? Dizendo-lhe que massa é um prato entediante.

espanhol? lembrando-lhe que os italianos compram azeite espanhol, engarrafam-no, pôem um rótulo made in italia, enviando depois para o resto da europa.

chinês? perguntando-lhe o que acha da livre afirmação do povo tibetano.

japonês? perguntando-lhe o que acha sobre a caça à baleia feita pelas frotas "científicas" japonesas.

norueguês/sueco/dinamarquês? dizendo que algum pormenor das suas culturas é similar.

holandês? falar de alemães ou gozar com as suas sandes de manteiga e açucar.

francês? dizer que eles são pseudo-intelectuais e explicar o que significa pseudo, ignorando as suas tentativas indignadas de te interromper.

britânico? saí sempre com o meu ego lesado pelas tiradas mordazes. Mas ainda não desisti!

alemão? não seguir a agenda ou recusares-te a fazer um seguro de danos a terceiros (para o caso de esbarrar com algum nos corredores da empresa e lhes torcer o dedo mindinho).

indiano? dizer "obrigado" ou "por favor". Juro.

chileno? chamar América aos EUA.

cidadão dos EUA? chamar Bushlândia à América.

suíço? deitar a beata para o chão.

romeno? falar de vampiros ou sugerir que os turcos são boas pessoas.

terça-feira

Efeitos colaterais de um telefonema

Palavras. São fáceis de disparar. Sem pensarmos matamos a conversa.

O jogo ainda em aberto

Análise à lupa...

dos livros de Margarida Rebelo Pinto.

JPG, se precisares de aspirina, avisa!

segunda-feira

Hoje foi feriado

Pois, uma raridade, mas de vez em quando existem. O dia da reunificação alemã.

Em que senti que o dia foi diferente? Foi um dia perfeito de Outono.

domingo

Sei lá, emocionei-me...

Sinais :-)

Perdido na tradução

Fui ver uma exposição de arte, daquele tipo de pintura abstracta em que pensas Eu poderia fazer aquela mancha muito melhor... Aquela mancha fazia-a eu aos 5! Estatelada à frente de um quadro branco com uma bola vermelha e uma bola azul eu pensei que a razão daquele quadro é o seu pintor. As pessoas que decidiram expôr aquele quadro conhecem o pintor e vêem nele o seu autor, as outras dimensões de criação. Aquele quadro precisava do conhecimento do pintor. Como eu não tinha ideia, o que ali estava era somente uma provocação à minha capacidade de pintar dois círculos numa tela.

sábado

A arte objectiva


A ilustração científica existe há muito tempo, quando ainda nem existiam métodos fotográficos. Mostra-se com clareza o que se pretende explicar. Salienta-se o objecto, sem faltar à verdade do acessório.


Estudo de Embriões de Leonardo da Vinci


Mesmo quando a fotografia apareceu, a ilustração científica continuou a ser fundamental, pois a fotografia não é muitas vezes clara para ilustrar a mensagem. Nem o objecto da explicação é muitas vezes fotografável, quando é um esquema de um apanhado de factos, como por exemplo um bom esquema do ciclo hidrológico do planeta.

Os computadores alargaram o domínio da ilustração científica dos lápis, pincéis, espátulas, para o desenho em computador. Produzem-se maravilhas como esta:



Agora a ilustração científica entra em mundos desconhecidos. Tenta construir um olhar do que só é conhecido indirectamente pela ciência.

O texto anexo à figura reza:
Deep inside the brain, a neuron prepares to transmit a signal to its target. To capture that fleeting moment, Graham Johnson based this elegant drawing on ultra-thin micrographs of sequential brain slices. After scanning a sketch into 3D modeling software, he colored the image and added texture and glowing lighting reminiscent of a scanning electron micrograph.

Ver a fonte: Science and Engineering Visualization Challenge