quarta-feira

Momento de uma trabalhólica

Ontem eram quatro da manhã quando me senti demasiadamente agitada para aguentar o espaço entre as quatros paredes em que vivo. Saí para uma noite silenciosa, cortada, muito de vez em quando, por táxis cor de duna.

Saí de casa e mergulhei num mar de Outono. O ar gelado, mas aprazível, cortava a eito até aos pulmões. Caminhei no escuro junto ao rio de águas adormecidas. Era eu, os meus passos sobre as folhas secas e as sombras.

A pouco e pouco as preocupações deslizaram para órbitas afastadas e ficou o vazio aconchegador da noite. Os cheiros a terra e a vegetal. Eu de cara fria e corpo quente a atravessar o Outono.

Sentei-me e deixei-me ir, libertei-me da vontade e dei férias ao meu pensamento. E ele divagou para equações e em poucos minutos apresentou-me a solução para um problema que me atazanava há duas semanas.

Surpreendida e feliz retornei a casa. Encontrei um ouriço-cacheiro e etiquetei a minha hora de passeio como um bom momento.

Para uma pessimista há algo de funesto em tanto contentamento...

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