domingo

Vivo num filme

Parece-me muitas vezes quando estou acordada que estamos todos nós, os ingénuos para não nos chamar pior, a viver um caso de estudo do "O que é a realidade?" No final de 2008, todos nós, os tótós vá lá, descobrimos que havia um mundo do monopólio, que se tinha imiscuído no mundo real, porque nós, os toscos, não vós, que eu ainda não cheguei a esse nível, não sabem que quando algo é muito bom, é porque é mesmo muito bom e há de voltar para esmagar os toscos de uma forma irónica e muito satisfatória em filmes e outros meios de entretenimento. Portanto, o jogo a brincar, usava o dinheiro do mundo real. Quando o jogo do monopólio acabou, os jogadores tinham deitado mãos ao dinheiro real e o mundo real deu-se conta do embuste. Como embuste, a coisa num mundo lógico, seria o de limpar a confusão, prender os criminosos e retornar a um mundo de lógica. Mas não aqui. O monopólio continua, porque dizem, o monopólio é parte essencial do mundo real. O que a mim me parece muito estranho. E portanto, o mundo fictício rege o mundo real, ao ponto de criar realidades. A realidade é que se o mundo do monopólio decidir que um país pode ser usado para fazer dinheiro, é-o, independentemento do que acontece às pessoas reais. Eu pensava que em Portugal as pessoas pelo menos iam-se dar conta que nada mudou. Que sim, há coisas erradas em Portugal, mas nada de especial. Mas os portugueses compraram o jogo do monopólio e esquartejam-se porque acham que jogaram mal. Eu pensaria estar num daqueles filmes em que os personagens vivem nos seus sonhos, se eu pelo menos não acreditasse, que poderia fazer algo melhor com a minha imaginação. As pessoas não vivem a realidade. Vivem o que lhes dizem. Agências de notação que deviam reportar a realidade, fazem-na. Jornalistas que deviam reportar a realidade são substituidos por opinadores e entreténs que inventam a realidade. Vive-se não só do ar, mas no ar. Este mundo é muito estranho e sinto-me a boiar num mundo de detritos, extremamente curiosa de saber onde irei parar.