Este último fim-de-semana estive numa festinha onde encontrei uma parisiense. Falamos dos túmultos e ela deu ênfase ao racismo subterrâneo. Os franceses "antigos" ainda vêem a França de bochechas rosa e não consegue lidar com a nova França mais "latte". Ter um CV com um nome começado por Jacques traz muito mais valia do que o outro com um nome como Mohamed.
De tudo o que li e ouvi este foi o aspecto que ressoou um pouco da minha experiência de portuguesa. Somos racistas, mas daquele que não se põe o dedo. Mas também existe o racismo televisivo que eu acho "divertido". É o caso da minha mãe. A minha adorável progenitora vê as notícias e fica chocada com todas as guerras civis em África e arenga sobre os pretos e a sua intrínseca maldade. Eu chamei-lhe a atenção que os vizinhos são mulatos. Ela nunca se tinha dado conta. Os maus são os da televisão, não os que ela diz bom dia na rua. Não o padre angolano que cuida das ovelhas da sua paróquia. São os que vivem em África, que são maus e matam-se uns aos outros.
Contudo, há um racismo debaixo da pele. Aquele que acha que um preto com um bom carro só pode ser criminoso. Que um preto só pode ser preguiçoso. Que um preto tem de certeza uma fraqueza só porque é preto. Um racismo sem substância, mas que há, há.
Devo dizer que não conheço a realidade de Lisboa, em que existe uma grande comunidade imigrada de África. Onde eu vivi existem mulatos, portugueses retornados. Ainda assim... Há hábitos difíceis de vencer. Talvez com cirurgia?
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