quinta-feira
medo II
Por falar em medo... Portanto, andam em Copenhaga a tentar pôr-se em acordo acerca de um futuro que ninguém consegue apreender. É incerto, pois, mas há algo totalmente certo: vai ser diferente do que estamos habituados e não é só alterações climáticas. Esta vida, estes computadores debaixo dos nossos dedos e olhos, os produtos todos que usamos, tudo o que tocamos, todos os nossos sentidos imersos num mundo totalmente baseado em combustíveis fósseis. Até mesmo as energias alternativas estão baseadas em combustíveis fósseis. O número impar de seres humanos neste planeta deve-se à capacidade industrial de produzir comida para todos eles. Tudo isto tem os dias contados. A piada, a enorme piada, é que os cientistas quando fazem as suas projecções no futuro, fazem-nas como se fosse haver combustíveis fósseis consoante os nossos caprichos. Não vai. Como os economistas que pressupôem crescimento ilimitado ou os religiosos que pressupôem vida para lá da morte. Não há. Copenhaga não interessa, porque antes do que os políticos estão dispostos a limitar agora, terão de limitar pela escassez. Vamos ser obrigados a não emitir. E nesse belo futuro, ficaremos sem o mundo a que estamos habituados totalmente construído por nós com base nesse manancial de energia enterrado debaixo da terra, e sem o clima a que estamos habituados há cerca de 12000 anos. Ou seja, temos de aprender a viver outra vez, não só na pré-revolução industrial, mas na pré-história. Se o futuro chegasse hoje, nenhum dos homo computis saberia como sobreviver. Eu não tenho, nem quero ter ideia de como viver nesse mundo. Portanto, quanto cigarros posso fumar antes de chegar o futuro?
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4 comentários:
Tás cheia de medo, nesse futuro tão pouco haverá cigarros, é aproveitar agora... Mesmo assim, a pré-história era quando não havia escrita. Quem cá ficar continuará a escrever.
sem magalhaes? :)
A escrita veio depois da agricultura e essa veio depois da estabilidade climática. Quando o pessoal voltar a ser recolector e caçador, a ver se têm tempo para grandes escritas.
Ainda nao tenho medo. Sinto um pouco o que sentia quando era criança e os fogos aproximavam a minha aldeia. Excitação expectante.
Quantos cigarros podes fumar? Depende: da velocidade a que fumas.
(Ia falar do cancro, mas não sou tua mãe)
Mas espera lá: então o gelo não vai derreter? Então não há imensidades de petróleo debaixo do gelo? Eu julgava que os pólos estão a ficar cada vez mais interessantes.
Poroutroladomente...
Se falas no fim do petróleo, lembro-me logo de uma passagem de um livro do Michael Moore, talvez o "stupid white men", onde ele descreve a sua vida numa caverna, embrulhado em cobertores por causa do frio, à luz da vela. E a neta pergunta "é mesmo verdade que dantes, no inverno, se sentavam em esplanadas e tinham aquecedores ao ar livre?! Como é que podiam ser tão inconscientes?"
Sempre que vejo esses aquecedores à porta dos restaurantes e cafés, lembro-me dessa pergunta.
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