quarta-feira

Lições do museu de arte antiga

Estive no museu de arte antiga de Lisboa há uns dias e agora em insónia estou a imaginar a cena em que colocaram as tabuletazinhas junto aos pratos a dizer "pratos" e quando digo pratos digo outros inúmeros objetos. O único possível intuito que contém alguma inteligência é que os museus portugueses são na verdade locais para os estrangeiros aprenderem português.

Tenho a certeza que não houve um único vizinho do Sebastião que tenha dito aos jornalistas que ele parecia tão calmo e nunca se pensaria que ele pudesse fazer aquilo. Ele foi o caso impar do obviamente alucinado. No museu decidiram dar-lhe mais interessantes companhias: o mancebo giro de que ninguém sabe o nome e que lá deve ter morrido por causa do alucinado e o incrível retrato da freira com buço. Eu digo incrível porque pertence aos poucos retratos em que me fico a imaginar quem seria a pessoa. Não me apeteceu conhecer a mona lisa como queria saber daquela mulher. Para dizer a verdade, se visse a lisa na rua, eu resmungaria para a minha companhia, "olha prá pindérica, armada em boa."

O Nuno Gonçalves não gostava de ler, mas tinha uma panca esquisita por botões, cintos e malhas. Os livros são umas coisas baças em comparação. Obviamente, o Nuno adorava acessórios (piscar de olho entendido). Já ouvi falar por experiência própria de meias desemparelhadas, mas que ideia foi a da senhora de sair de casa com mangas diferentes?

Finalmente, daria toda a minha fortuna para ter um biombo niamba ou como se chama. Sabem aqueles em que parece que os portugueses e os seus escravos foram passear para o Carnaval enquanto os japoneses espreitam? E os portugueses são pintados narigudos porque foi uma proeminência que espantou os asiáticos e eu andei a palminhar cada figurinha para ver se algum estava a escarrar para o chão ou a mijar nalgum canto. Os japoneses foram incrivelmente simpáticos para os portugueses. Ou seria demais nojento para um biombo?

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