Dizem que os peixinhos dourados têm, o quê?, dez segundos de memória. Assim, os peixinhos surpreendem-se sempre com o mundo. Eu sou como os peixinhos dourados. Ou talvez não. Não é esquecimento o meu problema. O meu problema é aceitação. Pelo que acordo e surpreendo-me com a existência do mundo e eu no mundo. Surpreende-me sofrimentos repetidos. Surpreende-me o amor. Estou pior que Tomé: não posso tocar. Assim, vivo na dúvida de que esta seja a realidade. E a dúvida é reciclada a cada sete segundos.
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