domingo

A inutilidade de discutir religiao

Continuo sem ler o livro do Dawkins "The god delusion", mas continuo a le-lo indirectamente pelas criticas que despontam aqui e além a ele e aos outros livros anti-religiao que tem aparecido. Interessa-me muito mais ler o que os outros criticam nestes livros, do que se pode dizer contra as crenças religiosas. A religiao responde a impulsos primários do ser-humano que nao sendo respondidos pela religiao serao respondidos de outra forma. Acho piada quando os criticos do livro de Dawkins trazem a lume Hitler e o seu ateísmo como contra-ataque. Na verdade, o que a Alemanha Nazi demonstra é que esses impulsos primários de que falo podem ter vazao tanto em religiao como em cultos de personalidade e fervores nacionalistas. Tenho a certeza que os filósofos estao muito mais perto da verdadeira alma da discussao quando analisam a natureza humana, do que esta gente toda a discutir religiao.

3 comentários:

Helena Araújo disse...

Também há a terceira via: quando a religião se fanatiza. No terceiro Reich houve Igrejas que entenderam - e não foi por estratégia de sobrevivência - que o caminho da Salvação passava por Hitler.

Ontem li um trocadilho interessante:
Geistlose kann man nicht begeistern, aber fanatisieren kann man sie.

abrunho disse...

Acho que para Dawkins o problema da religiao é o seu princípio que exige que as pessoas desistam em certos domínios da sua racionalidade. É isto que ele repudia. O que eu discordo com ele é na sua assumpcao de que as pessoas serao melhores ou menos usáveis sem religiao. O que eu desconfio é que as pessoas seriam mais infelizes. Isto deve enervar o Dawkins, mas parece-me que ele tem uma ideia do ser-humano idealizada, que o torna muito querido. Um cientista ingénuo é mesmo muito giro.

abrunho disse...

Penso que é mesmo no fanatismo, seja ele religioso ou nacionalista ou outra ideologia, que o maior perigo reside. Na Alemanha Nazi, o culto de Hitler e do Reich levou uma nacao ao descalabro. As pessoas deixaram de pensar e "deram-se". O que eu observo com mais interesse nas imagens da Alemanha nos anos 30 e 40 sao as pessoas nos ralis, nas paradas, aquela adoracao imbecil, aquela sintonia de gritos. Muitas vezes parecem-me drogados, há algo que os faz sentir em elaçao, e é nesse sentimento que as pessoas devem procurar a razao para o mal em massa.