sexta-feira

Isto é outro nível

Sobre aquele vídeo Youtube da aluna e da professora a lutar por um telemóvel. Andei pela blogaria a ler opinioes (o normal, portanto) e quero aqui deixar a minha impressao (normal). Eu nao vou dizer que estamos perdidos e antigamente é que era, nem vou dizer que antigamente era igual. Eu tenho 32 anos de idade. Havia cenas de insubordinacao na minha idade da idiotice, mas há um aspecto da luta mostrada no Youtube, que eu acharia impensável naquela altura e que me deixaria de boca aberta na altura e me deixou de boca aberta agora (nao entrou mosca que por aqui está muito frio para esses bichos): o contacto físico. Nós faziamos coisas 'a cobardola, nas costas, pela frente de longe, 'a fugida, a assobiar pro' lado a fingir que nao foi nada connosco, uns a vigiar e outros a actuar. Agora, andar numa de corpo-a-corpo? Falar de cima ali a centímetros de uma professora? Isto é claramente outro nível de topete. Eu com 15 anos ficaria a olhar para aquela miúda como se ela tivesse um alo de transcendente. Provavelmente evitaria comunicar com ela, com medo que o seu olhar me transformasse em pó. Nós faziamos, mas nós eramos cobardolas. Na minha opiniao e baseada em poucos individuos, pois acho os adolescentes insuportáveis (incluindo-me a mim se me pudesse encontrar comigo com aquela idade), e no tal vídeo, essas novas promessas com borbulhas nao vao levar ao fim do mundo civilizado, mas vem de outro nível de idiotice.

P.S.: Eu continuo a apoiar o envio de humanóides dos 13 aos 20 anos para uma ilha. Eles sao insuportáveis mesmo sem telemóveis. É da fase que vivem e tem de ser, pelo que o melhor para os restantes que já ultrapassaram aquilo, é po-los de quarentena. Apoio qualquer iniciativa neste sentido.

2 comentários:

Helena Araújo disse...

Alto, alto!
Para uma ilha?!
Os meus filhinhos não!
Os meus sobrinhos também não!
Os filhos dos meus amigos, idem.
;-)

Quando eu andava pelos 13 anos, diziam-me que estava na fase da parvalheira - como se isso fosse culpa minha. Sentia-me desrespeitada e apoucada.

Agora olho para a minha filha de 13 anos e fico cheia de pena dela.
É terrível estar sob o efeito daquelas hormonas todas aos saltos, perceber que os pais não são perfeitos e ter de aprender a afirmar-se contra eles, ter de encontrar um grupo onde se sinta aceite. Tudo ao mesmo tempo. Não trocava com ela nem por nada.

E os adolescentes que são realmente problemáticos precisam de adultos que lhes dêem simultaneamente luta e segurança. Enviá-los para longe (por exemplo, para o limbo da indiferença ou da tolerância) não é solução.

De facto, não tinha reparado na diferença que apontaste: no nosso tempo não se media forças físicas com os professores.
Fazer o quê? Essa miúda não tem noção das fronteiras. Precisa que alguém lhe explique com calma, em vez de ser votada ao ostracismo.

abrunho disse...

Lembro-me que nessa altura da parvalheira, uma professora disse-nos para aproveitarmos que estavamos a viver a melhor altura das nossas vidas. Eu fiquei a pensar nisso, sem conseguir imaginar como poderia ser o futuro. Se aquilo era o melhor, bem, estava tramada.

Felizmente, estas coisas dependem das pessoas e nao se aplicou a mim.

Essa das ilhas para adolescentes é uma brincadeira que eu costumo dizer. Caso tentado, acho que mandavamos monstrinhos e voltavam monstroes. Mas é mesmo a idade da parvalheira. Eu também tenho uma certa pena deles. Tao parvinhos... :)