sexta-feira

Churrasco ao frio

O húngaro perguntou-me o que é ser europeu. É complicado, tanto como explicar o que é sentir-me portuguesa. E no entanto, sinto-me portuguesa e sinto-me europeia. A forma mais fácil é eu pensar que o meu mundo encolhia e eu ficava reduzida a Portugal. Fica-se zonzo com a falta de horizontes. Ser europeu é talvez o chamar Alemanha lar e casa, com a mesma desenvoltura com que se diz adeus e se faz casa no país ali ao lado. Ou mesmo que o nao façamos, que o podemos fazer. É falar com um francês de decisoes em comum, eles, nós, há algo que queremos construir juntos, ou nao. O húngaro diz que nao é a favor da UE e pergunta-me o que é democracia. A democracia, digo-lhe, é somente a ilusao do poder ao povo, mas uma ilusao necessária. Seria a mesma coisa pôr bolinhas com os nomes dos partidos ou políticos numa tombola. O que interessa é mudar as cabeças. Nao há democracia na UE, ninguém pergunta nada ao povo, diz ele. Eu digo-lhe que se alguém tivesse perguntado ao povo nao havia UE. Será isto um paradoxo?

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