... para perguntar ao sr. Pitta qual e' o seu espanto?
O facto de em Portugal nao haver a carreira de cientista? O facto do trabalho cientifico em Portugal ser feito todo por bolseiros, sem direito a subsidio de ferias, decimo terceiro, baixa medica, subsidio de desemprego, de maternidade (para simplificar, recebe-se a seco o que se recebe e trabalha-se e mai nada) e ate' ha' poucos anos nem possibilidade de descontar para a seguranca social? Sabe quanto recebe um bolseiro? Sabe o que e' andar assim ate' se desistir de ciencia? Ou acha que oito mil pessoas a trabalhar em ciencia e' um desperdicio? E' o jogo seguinte na blogosfera? Nomear profissoes que porque nao percebemos achamos que nao prestam? E' democratico. Todos podemos entrar na ignorancia e jogar.
9 comentários:
Os bolseiros da FCT podem descontar segurança social?
Boa malha!
Beijos
Random,
podem. E' voluntario. Os que recebem da FCT ate' estao bem , pois o dinheiro para a seguranca social e' reembolsado ao fim do ano. Pede-lhes as regras, que estao em decreto.
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Também percebo o ponto de vista dele.
Se bem vos entendi aos dois: no fundo, o país tem bolseiros a mais e cientistas a menos.
Sim, Helena, na "nutshell" e' isso.
A FCT la' vai pondo pensos rapidos, mas esta'-se a exagerar em Portugal no uso de bolsas. Eu teria que perguntar o valor de uma bolsa agora, mas nao e' alto (1000-1200 Euros?) e tem que se pagar as propinas 'a Universidade caso se esteja em mestrado ou doutoramento. Se bem me lembro, ha' quatro anos a propina de doutoramento estava nos 600 contos/ano na Universidade de Aveiro. Mas a propria visao de um bolseiro cientifico pelo Eduardo Pitta me parece deslocada do que e' o processo de criar um cientista. Supostamente esta-se a treinar alguem a ser criativo e a produzir conhecimento, nao se esta' a dar uma tarefa definida a um tecnico de operacao de uma maquina de analises. Ha' bolsas como o que o Eduardo Pitta visiona, mas outras nao. Para alem de que um bolseiro tem deveres, tem uma hierarquia a respeitar, tem que apresentar resultados, tem que ter disciplina. Existe flexibilidade de horarios (tambem tem de haver alguma vantagem), mas no computo final trabalha-se o mesmo que os outros (senao mais).
E depois do doutoramento nao ha' saidas. Treinou-se uma pessoa durante anos e no fim, com aquela cabecinha cheia de ideias, continua-se em bolsas ate' ja' nao se poder mais e desiste-se ou vai-se para o estrangeiro. Um desperdicio. E nisto esta-se nos trinta e nunca se existiu como pessoa activa.
Ha' uma necessidade inadiavel de criar o lugar de cientista, para que os melhores doutorados possam fazer a ciencia para que foram treinados.
Se o Eduardo Pitta vier ler estes comentarios digo-lhe que estaria interessada em que fizesse um poste a comparar os indices de producao cientifica portuguesa (isto e' o nr de artigos em revistas per review?) com os indices de producao de outras profissoes. Estou curiosissima em saber qual sera' a base: juizes nr de processos concluidos com justica? professores nr. de alunos que ficam a saber um x? policias nr. de crimes nao cometidos? politicos nr. de promessas cumpridas? motoristas nr. de quilometros?)
Mas penso que nao ha' mais producao cientifica em Portugal porque esta e' feita dentro da hierarquia universitaria. A qualidade dos supervisores e' essencial. E como disse anteriormente: quando os bolseiros estao cientistas formados e' que deixam de trabalhar.
Os bolseiros sao negocios para as Universidades. Paga-se-lhes uma bolsa misera, que revertera' em parte para a Universidade em propinas, trabalham e no fim... arranja-se mais uma leva de bolseiros.
Pode-se sempre dizer que a culpa e' dos bolseiros. Isto de se fazer o que se gosta tem um preco. Em ultimo recurso, podem sempre ter culpa com base em semantica. N'est-ce pas, sr. Pitta?
Sim de facto pode sempre dizer-se que foi o miserável do Bolseiro que aceitou as miseráveis condições de trabalho e nada fez para as mudar. Não tem espírito crítico. Está desmotivado. Com o canudo na mão, qual varinha mágica, tem mesmo é que mudar tudo o que está à sua volta. E o engraçado é que agora que se está a fazer qualquer coisa para alertar a opinião pública, acham que não é fino, que dá uma má imagem. Tem havido muita submissão de facto mas a culpa não é só do bolseiro e é só ele que está nas lonas. Conheço bolseiras que para não levantarem ondas até grávidas foram, em serviço, inspeccionar colectores de esgotos.
Sim e que poem os bebes no infantario com um mes, porque nao da' para faltar mais.
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