terça-feira

Esta cena do aborto

Nas estranjas já se viraram para mim com aquele ar compadecido de quem olha para uma refugiada de uma terra controlada pelas batinas negras, cérebros conservadores e viúvas vestidas de negro, felizes pelo falecido ter ido desta pra melhor e já nao lhes espalhar nódoas negras pelo corpo (pensam que eu estou a fazer só jogos de palavras?). Eu eriço-me e minto. Acho que é nestes momentos que eu vejo que gosto de Portugal. Pode ser mau, mas é meu, carago e nao se amerdem a pensar mal, seus estranjeirotes.

Bem, continuando, eu digo-lhes que ser pelo aborto nao é necessariamente ser avançado. Que há motivos contrários completa e totalmente respeitáveis de humanismo. Nisto eu acredito, mas minto quando faço entender que é este o motivo principal em Portugal. Os portugueses sao maioritariamente contra o aborto por hipocrisia. Fina, doente, repelente. O que mais chateia um portugues é que alguem possa ser feliz sem castigo. O que mais chateia um portugues é nao poder moralizar, nem que seja indirectamente. O que mais chateia um portugues é nao poder por o indicador no ar e dizer "estava mesmo a pedi-las."

1 comentário:

Ida disse...

É tão perfeitamente assim, que não há mais nada a acrescentar. Queria ter escrito esse post, mas não poderia pois sou apenas espectadora desse tão português modus operandi.