quarta-feira

Ao D. Policarpo, que almeja ser meu inimigo

Estava eu a concentrar-me na digestão, depois da primeira ronda daquele desporto maravilhoso que é comer durante as festas, quando me aparece o D. José Policarpo naquela caixa sempre iluminada em todas as salas-de-estar portuguesas. Para meu enorme espanto, o D. José falava de mim! O homem parece que resolveu achar que os ateus são um perigo, o que demonstra que necessita de sair do convento. Podemos ter os nossos momentos de alarvidade, mas chamar-nos perigosos é como estar ocupado a matar aranhas durante o ataque de um tubarão. O D. JP, que não pode casar para ter todo o tempo do mundo para pensar no que lhe compete, mas deve ter arranjado algum passatempo no entretanto, parece precisar de gente que o ajude a capiscar as suas ovelhas. Portanto, D. Policarpo, aqui vai: as suas ovelhas que se autodenominam de não praticantes e que só vão à igreja para casar, são iguaizinhos aos ateus. A única forma de os diferenciar é com uma pergunta: pergunte-lhes se acreditam em bruxas. Se disserem que não, são ateus, os outros são todos seus. Assim, D. José Policarpo, como pessoa que também não se casou e que posso passar o tempo que passaria a passar as camisas do meu marido a pensar no seu problema, penso que a solução é em o D. Policarpo focar-se na educação dos milhares de católicos não praticantes. E por amor de deus, deixe os ateus em paz.