quinta-feira
Cara feia aos cara tapada
Na minha óptica, os véus integrais caiem direitinhos na educação. O que eu quero dizer com isto, é que somos educados a certas regras de estar no espaço público, que nos permitem viver num mínimo de agradabilidade todos juntos. Para mim, alguém tentar falar comigo de cara tapada é de muito má educação. Tal como é mal educado usar um decote de tal maneira aprofundado que eu tenho medo de ser projetada a qualquer momento por um mamilo. Contudo, educam-se as pessoas por decreto? O melhor seria o sistema normal de pressão social. Mas que fazer quando essa pressão não funciona e ainda por cima se dá a desculpa "Para mim ser mal-educado é um caso de identidade!"? Ou pior, "Para mim ser mal-educado é um caso de religião!" Portanto, até que ponto aguentar a má-educação dos outros e, ainda por cima, as más desculpas. Ah, mas dizem vocês, isto é só racismo e afins. Além disso, são só meia-dúzia de caras tapadas. Relativamente ao primeiro ponto, é verdade para algumas pessoas, mas não para todas, nem um mau cobre outro mau. Quanto ao segundo ponto, é possível aguentar alguma má educação. Não é como se não houvesse outros mal educados na via pública. E portanto, digo eu, aguentem-se os mal-educados, mas façamos todos cara feia aos cara tapada.
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4 comentários:
Eu estava a pensar noutra solução: por causa do terrorismo da RAF (alemães, alemães) as pessoas estavam proibidas de tapar a cara na rua, por muito frio que estivesse. Nada de cachecóis a tapar o nariz, nada disso.
Bastava repescar essa regra. Pronto. Por motivos de segurança de todos, todas as pessoas são obrigadas a mostrar o rosto.
Julgo que há muito tempo em Portugal, quando os folguedos do Carnaval levaram a alguns excessos, cometidos por mascarados, o uso de máscaras (ocultação de identidade) foi proibido na via pública. A burqua não tem nada a ver com religião e o seu uso na via pública deve ser proibido.
O que me incomoda na proibição do uso do véu integral por razões de segurança é a mentira. Neste momento, o que é preciso é discussões honestas. Se os medos reais das pessoas não são abordados de frente pelos seus representantes políticos, continuaremos com os votos nos partidos de extrema-direita ou proibições de minaretes por supostas razões arquitectónico-históricas.
Também me chateia, que se proibam coisas destas, construir minaretes, usar véus integrais, mas que se encolham os tomates quando há algo realmente válido a lutar, como a nossa liberdade de ofender ideias, ou zelar para que as criancinhas não tenham os cérebros lavados. Isto é como os homens que são porreiros com todos e chegam em casa e vingam-se a dar porrada à mulher.
O que te incomoda na burqa?
O que é que te atinge pessoalmente?
O que me incomoda é não ver a pessoa, não a poder identificar, ver se bem com boa ou má cara. Não saber sequer se é homem ou mulher.
O lenço na cabeça não me incomoda nem um bocadinho.
Quando começam a usar luvas e gabardines compridas já me sinto um bocado desconfortável (sobretudo: tenho pena daquele desconforto) mas não me meto nisso.
Mas se se chega ao ponto de tapar a cara, aí...
A segurança não é uma desculpa, é mesmo uma questão central.
(E a burqa poderá ser "tolerada" enquanto ninguém se lembrar de começar a cometer crimes usando uma burqa para se camuflar. Pensando bem, bastava um crimezito, e a discussão acabava. Um dia destes hei-de verificar se o Maquiavel é meu tio...)
Outra questão é a de uma sociedade que põe em primeiro lugar a defesa da dignidade humana e da igualdade de géneros estar disposta a aceitar uma indumentária que transforma um ser humano numa espécie de "aqui não está ninguém".
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