Eu tenho a sensação que as pessoas extremizam o que eu digo. Quando eu digo a um amigo "Gostas de filmes merdosos", eu não estou a dizer a essa pessoa que vou acabar com a nossa amizade, porque acho que ele tem mau gosto*. Eu até vou ver os filmes com ele para verificar a merdosidade do material (se ele for bonito). Quando alguém rouba um tomate no supermercado e eu digo "Acho mal que roubes tomates", eu não estou a dizer que essa pessoa é indigna de se dar comigo, porque roubou um tomate. Eu, por vezes, como a salada. Quando eu digo a um católico que acho um crime (não só uma vergonha) o que os superiores hierárquicos católicos andaram a fazer no que respeita aos padres pedófilos (que é crime! É crime acobertar crimes! Só mesmo ser no seio da Igreja para ninguém se lembrar disto!), não estou a dizer a essa pessoa para começar a atirar padres de muros. É claro que tudo o que essas pessoas fizerem será devidamente analisado, criticado e matutado. Mas daí a achar que eu sou perfeita, coerente e comigo todos os meus amigos, familiares e conhecidos, é um salto de QED que até me dá vertigens. Se eu fosse tão severa como me fazem, viveria numa ilha num satélite de Saturno.
P.S.: eu não tenho nada contra os católicos. Eu até tenho amigos católicos!
* O pecado não é ter mau gosto. O pecado é alguém achar que, porque gosta de algo, isso, portanto, significa que a coisa gostada é de boa qualidade.
P.S.: realço: O PAPA COMETEU UM CRIME DE CUMPLICIDADE POR ORDENAR O ACOBERTAMENTO DE CRIMES! E A PENA QUE AS PESSOAS ACHAM TOTALMENTE NORMAL E GRANDE HOMEM ESSE PAPA É ESCREVER UMA CARTA A PEDIR DESCULPA... EM NOME DA IGREJA. Se eu matar alguém, vou ter a nobreza de carácter de pedir desculpa pela humanidade. E a humanidade vai-me achar o máximo.
P.S.: realço: os casos de pedofilia já eram crimes quando foram cometidos! Isto não se passou na Grécia Antiga!
3 comentários:
O "quiéie" um católico?
Não sei se tenho mau gosto ou se sou uma criminosa (já roubei uns livros e nem foram para mim), eh pá, mas gosto de ti! . ) , hihihi.
Essa história do mau gosto parece-me um bocado mal explicada. Quem é que define que a coisa é de boa qualidade? Tu? Um comité de sábios? Um comité de críticos? A Assembleia da República? Um referendo?
Eu acho que se dá conta quando alguém explica porque gosta ou porque acha que é de boa qualidade. Também acho que se aprende. Quando se olha para muitos quadros, ganha-se um sentido de profundidade. Se ouvirmos música, mas ouvir, não só ter coisas no fundo a fazer ruído, acabamos por prestar atenção às notas e dar conta o que é uma repetição inócua de sons e o que nos pára a respiração. Podemos gostar da repetição inócua de sons, porque é agradǽvel, mas seria agradável que tivessemos a sensibilidade de detectar a superficialidade. Quando olhas para uma peça de roupa, precisas de ser especialista ou chamar um comité para saber se é uma peça bem feita, bem cosida ou até feita à mão? Eu só não acho que pelas pessoas gostarem de algo, que isso é bom. Talvez eu devesse agora usar a palavra profundidade, premeditação de efeitos.
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