Na BBC, na secção onde os leitores podem escrever sobre determinados assuntos propostos pelo jornal, colocou-se esta questão: como é a vida no Irão?
Traduzi algumas das contribuições:
(...) O governo actual estava a tornar-se menos popular e mais odiado até começar esta crise nuclear. Penso que o Ocidente está a agir erradamente e a tornar um governo odiado num governo popular, ao usar de critérios diversos e descriminação. Eu acredito que se o Ocidente não arruinar o processo, o próximo governo do Irão será democrático e pró-Ocidente. Obrigado.
Mohsen, Tehran
Os clérigos (não eleitos) usam a religião muito profissionalmente para explorar a população xiita. Infelizmente, nos últimos anos, os atropelos aos direitos humanos têm sido escondidos atrás da disputa nuclear. Ainda existem execuções, torturas, perseguições, censura, eleições preparadas, situação económica catastrófica, monopólio do poder, má gestão, imprensa controlada e a prisão de dissidentes. O que me chateia mais é o apoio do Ocidente a este governo, ao seguir uma política de "diálogo construtivo e crítico".
Hiwa Mokriani, Mahabad- Kurdistan
Como rapariga que estudou no Ocidente, sinto-me desapontada pelo que o Irão continua a ser. Um país belíssimo que é diminuído por um modelo político, social e económico que não dá qualquer oportunidade aos jovens; que suprime qualquer forma de pensamento inovador e empreendedor; que promove o favoritismo nos meios do poder. É triste viver no nosso próprio país e ouvir o desejo dos compatriotas de emigrar, procurar uma melhor existência no Ocidente, ao mesmo tempo que o governo tenta desesperadamente denegrir o Ocidente. A nossa religião é o Islão, mas a nossa cultura é a persa. O actual governo nunca entendeu esta distinção e continua a impôr uma cultura islâmica que nos é estranha. O tempo demonstrará que o mais precioso para nós é esse nosso sentir persa.
Bahareh, Niavaran, Tehran
Para um muçulmano sunita, a vida no Irão, especialmente em Teerão, é difícil. O governo proibe por lei os sunitas de construirem uma mesquita na capital. Os xiitas têm uma mesquita até em Bagdad, Iraque. Contudo, os sunitas no Irão são privados dos seus direitos. Quando estou de visita a parentes, eu não me declaro como sunita. Actualmente, eu abandonei o Irão por um país em que posso praticar livremente o Islão e não de acordo com os "Molahs".
Abubakr, Tehran
O meu pai envolveu-se numa luta com o primeiro governo de 88. Ele decidiu abandonar o país com a sua família. Na altura o Canadá era o país onde era mais fácil obter o estatuto de refugiado (penso que ainda é). Assim fez e tornamo-nos canadianos 8 anos depois. Em 2004, eu tinha-me chateado com a vida num país ocidental (a herança cultural e os valores iranianos não são sempre respeitados). O Canadá é um país muito tolerante, pacífico e amigável, mas em algumas coisas a cultura é demasiadamente diferente da nossa (especialmente as suas ideias políticas, que são a maior parte das vezes pensadas para demonizar/antagonizar o Irão). Porque é que as notícias sobre o Irão são sempre negativas? Estou feliz por agora viver na Malásia. Pelo menos aqui as pessoas não são tão ignorantes sobre nós.
Kia Kazam, Vancouver
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