sexta-feira

Não percebo

Não, eu não acredito que a cultura ocidental é superior. Nem considero que a excisão feminina é cultura. Cultura não é atropelos aos direitos humanos. Cultura é a expressão positiva da humanidade. O que a mim me repugna nas sociedades islâmicas do Médio Oriente não é a cultura. É o governo dessas sociedades.

A nossa sociedade é superior, porque está estruturada pelo e para o indivíduo. Não é perfeita, mas permite que cada um de nós siga o seu caminho. Nós temos mais mundo e opções que um cidadão comum no Médio Oriente.

A linha entre a civilização e o barbarismo é ténue. Há nódoas. No nosso passado cometeram-se horrores e, espero, somos hoje uma sociedade melhor por essas memórias. No nosso presente há horrores, mas há a liberdade de cada um de nós se opôr, esbracejar, protestar. O nosso futuro poderá ser o presente das sociedades islâmicas. Mas haverá por aí alguém que não concorde que essa seria uma despromoção? Que seriamos globalmente mais infelizes, mais limitados e mais parcos na esperança de nos cumprirmos?

Não percebo quando leio cuspidelas numa sociedade que dá a liberdade de pensamento, de religião, de ser. Pela compreensão de uma sociedade repressora. Ainda por cima, cometendo-se o dislate de confundir a repressão com o que é cultura e o que é religião.

Lembram-se d'"O planeta dos macacos"? Os seres humanos são animais da selva, sem capacidade de fala, escrita, cultura. São caçados e utilizados em experiências médicas por macacos que evoluíram para uma sociedade inteligente. Lá para o fim descobre-se que os seres humanos "simplificaram-se" por opção própria. Será este o destino? Esquecermos o que somos? Por um pretenso respeito pelos outros e nisto aceitar o barbarismo? É isto? As mulheres excisadas, os homossexuais mortos, os mutilados, os esquecidos, os calados agradecem. É a cultura deles, não é?

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