sábado

Homo simplex

A noite prolonga-se e ele, sem nunca parar para respirar (será que pratica mergulho em apneia?), afirma que as mulheres falam, em média, muito mais que os homens. Quantos homens, meu deus, sem dizerem nada, para compensarem este tonto. Continua por esse mundo mágico da generalização, afirmando que os homens são simples enquanto que as mulheres: é o que se sabe. Eu começo a passar revista aos homens que conheço e a simplicidade escapa-se-me. Entre aquele que obsessa há quatro anos pela mesma mulher inalcançável, o que obsessa pela organização do frigorífico (what a freak), o que anda a espalhar suspiros mal-humorados pela casa e se se lhe pergunta o que tem, faz um sorriso falso e diz "quem eu?", até que finalmente explica o que se se fez para o chatear, o que inventa angústias mil, no que parece ser uma estratégia para acordar o lado maternal das mulheres que conhece ("a vida é complicada!" - diz com trejeitos trágicos), o que passa os dias ganzado (a realidade entedia), o incapaz de viver sozinho (namoradas como expedientes anti-solidão), o que nega a sua própria felicidade com justificações misteriosas (sim, mas não), o que colecciona quecas (selos e garrafas de coca-cola)... Agora atira-se umas pitadas de egoísmo, incapacidade de ver no espelho, liquídos com uma certa percentagem de álcool (para a anestesia), voilá!... Simples.

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