terça-feira
Fingimento
São gotas grossas, metálicas, que caiem pelos telemóveis. Eu respiro muito devagar. Sou extremamente prática, racional, deixo o meu cérebro possuir-me, recta aguda, sem floreios, uma missiva formal de fim pontuado. Termina. Acaba. Silêncio. A recta transforma-se em punhal, abre-me de cima abaixo e deixa-me a escorrer pelos lençóis da cama. Parece que vou morrer, mas eu sei que é só fingimento do meu corpo. Fecho os olhos e deixo-me ir pelo chão de madeira, o sangue chega às escadas e desce-as, sai para a rua e faz um caminho vermelho invisível. Lento. Gelatinoso. Nojento. Deixo-me ir, mas sei que é só fingimento.
Amber Under Hours 2006
Acrylic and Pencil on Birch Panel
Sherry Wong
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6 comentários:
"Parece que vou morrer, mas eu sei que é só fingimento do meu corpo. Fecho os olhos e deixo-me ir pelo chão de madeira, o sangue chega às escadas e desce-as, sai para a rua e faz um caminho vermelho invisível. Lento. Gelatinoso. Nojento. Deixo-me ir, mas sei que é só fingimento."
Quanta ironia é que há nestas palavras?
Quantas mortes temos de viver?
Nós temos é que viver!
Um abraço
Nao discuto com ilusionistas.
A intenção não era ilusionista, mas também acho que não deves discutir com ilusionistas.
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