sábado

É tanto o fumo que não vejo nada

A ler os blogues percebe-se como a inteligência fica estranhamente adormecida quando tem a ver connosco. A lei do tabaco, que também começou agora aqui na Alemanha, é para proteger os não fumadores, não é para chatear os fumadores. Não é nada pessoal. Está provado que o fumar passivo é mau para a saúde e não entendo porque é que as pessoas que não fumam têm de arcar dia após dia com locais públicos cheios de fumo. Eu, que sou fumadora, detesto o fumo passivo. Incongruência? Talvez. Simplesmente só gosto do meu fumo. Eu sei que isto custa, que apetece tirar do cigarro, mas imaginem alguém que gosta de escarrar na rua, que gosta de mijar nas portas, que gosta de cagar nos elevadores, de ejacular nos sofás da discoteca, que lhe custa não fazer nada dessas coisas. Portantos, porque lhe custa muito pessoalmente restrinjir-se, vamos todos também compreender estas pessoas e deixá-las fazer o que querem no espaço público, que supostamente como o nome indica é um espaço de todos nós. Quando todos nós não restrinjirmos os nossos instintos, vamos a ver que mundo maravilhoso será esse em que ninguém respeita ninguém. E sim, fumar é sujar o espaço dos outros e equipara-se a outros sujares da via pública, até é pior, porque os exemplos que dei não afectam a saúde dos outros, só dá nojo e nunca ninguém adoeceu de nojo. A única estranheza até agora foi essa primazia da aceitação social de atirar fumo no nariz dos outros, que tinham de comer e calar, ou falar e comer, basicamente uns chatos. Repito, sou fumadora e não penso parar, mas sinto que é meu dever não importunar os outros (sim, já prevariquei muitas vezes, mas também já me segurei muitas vezes e eu não sou nenhum modelo de vontade de ferro, nem nunca me passou pela cabeça que posso fazer o que bem me apetece). Sabem aquela frase de que a nossa liberdade começa onde termina a liberdade dos outros? Pois. É isso.

1 comentário:

Anónimo disse...

A propósito do “não tabaco”…enquanto discutem sobre a lei aqui vai um resultado (parcial) da sua implementação. Ontem num restaurante algo de diferente se passava … talvez estivesse demasiado distraída e só mais tarde me tenha apercebido…algumas pessoas levantavam-se em grupo e iam até à rua repetidamente…iam fumar. Talvez por nem sempre me sentir incomodada (ou já estar habituada) com o fumo nos restaurantes (excluindo situações em que realmente o fumo “deslizava” pelo nariz aniquilando todos os outros odores da própria mesa e em redor, resultando num olhar reprovador à pessoa que o originava) não me tivesse apercebido que o ambiente estava “LIMPO”.
Mas hoje foi diferente! Dirige-me a um café…à porta e à chuva um grupo de fumadores…o café estava cheio mas ao contrário do que ERA habitual não havia quaisquer nuvens de fumo que tanto caracterizava este espaço. Hoje sim, confesso…senti-me mais “livre”! Quantas vezes tive de escolher uma mesa que estivesse fora do alcance do fumo naquele momento, ou mesmo mudar. “Os outros” agora tem de se mover mais para a sua “liberdade”. Não tenho nada contra os fumadores, atenção! Acredito (e imagino) que para quem fumar seja um verdadeiro vício seja verdadeiramente complicado. Mas que é bom sentir só o odor da comida que temos no prato e do café é!