domingo
Alsácia e outras coisas
Ainda não disse uma palavrinha sobre a Alsácia, onde andei no passado fim-de-semana. É um torrão de terra turístico e bonito, com aldeias pitorescas. Do que eu vi, e atendendo ao adjectivo pitoresco, Colmar foi o superlativo. Obernai era uma vila simpática, Estrasburgo tem um núcleo bonito e o resto era um árido despopulado (Domingo). Estrasburgo fica nos anais da minha vida gastronómica por ter sido o local onde comi pela primeira vez pernitas de rã (esperemos que não a última). Precisava de um pouco mais de alho, mas gostei do petisco, cujo sabor e consistência é um prevísivel cruzamento entre pescada e frango.
Segundo os guias turísticos, a Alsácia está pejada de castelos e realmente vislumbrei da estrada vários perfis sonhadores. Visitei um destes castelos, que foi restaurado em 1900 a mando de um alemão: Guilherme II. Este nobre teve o azar de ter vivido numa época em que a moda militar germânica tinha a estranha peculiaridade de espetar um penico adornado com uma seta nas cabeças dos oficiais. Pergunto-me se era um adereço de último recurso (parecido com as cápsulas de cianeto), em que no momento de captura pelo inimigo eles se lançariam num ataque suicida, de cabeça baixa em riste (estilo touro).
Era possível sonhar que se estava num castelo medieval. Entra-se por uma rua estreita a serpentear ligeiramente pela porta forte até uma praça rodeada de muros e um par de casas e estas rodeadas por fortificações e imagina-se a populaça em tempos de ataque albergando-se do perigo e ajudando a ferver o azeite. Cortaram-me logo o devaneio, pois este não era um castelo para proteger uma aldeia ou vila, mas nomeadamente de observação. A Alsácia foi um daqueles torrões de terra que mudou de senhores várias vezes na sua existência. Um dia era francês, no outro alemão, o que pensei seria confuso para as populações. Mas se calhar nem tanto. O dialecto moribundo da região parece-me uma sopa de alemão e francês, provavelmente o resto era a mesma mistura e as gentes viviam bem as mudanças desde que não as matassem ou as mutilassem muito, claro está.
Lembro-me de um amigo me contar de uma vila (esqueci-me onde), que várias vezes mudou de senhor (Conde, Princípe, algo assim ostentoso). A particularidade é que nestas mudanças a religião da vila era definida pela religião do senhor, o que significava que umas vezes eram católicos e passavam a protestantes e tinham que desnudar a igreja dos anjos rubicundos e dos variados santos em poses de martírio e júbilo (arrepiante quando ao mesmo tempo), meter tudo na cave, até que algum dia vinha um católico e tinham de limpar as teias de aranha e reguarnecer a igreja. Devia dar cá um trabalhão. Presumo que haveria outras mudanças, tal como festejar ou não o Carnaval, ter ou não cortinas (disseram-me que os protestantes não tinham apreço por cortinas, pois queriam deixar bem claro aos vizinhos que estariam a trabalhar ou noutras actividades altamente puras. Os protestantes cheiram a aborrecimento concentrado mil vezes.)
sexta-feira
Contra o Centro Pompidou
Em Freiburgo comprei o livro "Neither here nor there" de um Bill Bryson. Tinha visto vários dos seus livros encertados na casa de vários amigos e dei-me conta que havia uma onda de sucesso que eu ainda não tinha experimentado. É um livro de viagens e o Sr. é um escritor de viagens encartado. Tem vários livros, e dos que eu desfolhei na livraria tratavam dos seus corropios na Austrália, no seu país natal (os EUA), a Grã-Bretanha (onde viveu metade da sua vida) e o que eu comprei que é sobre a sua deambulação por países europeus. O seu último livro nem é sobre viagens geográficas, mas pareceu-me viagens no mundo da ciência.
Por vezes sou um pouco "snob" e talvez tenha sido por isso que pensei que os MEUS AMIGOS andando a ler livros de viagens teria de ser algo profundo de alguém introspectivo a dissertar sobre uma diferente cultura. OK. Não sou só snob, mas ridiculamente snob. Esqueci-me que o senhor escritor é norte-americano e que os livros dele são sucessos, logo eu deveria desconfiar que os livros dele são leves. Mas são positivamente leves, perfeitos para leituras em esplanadas. Ele tem um humor baseado na hipérbole e na detecção de disparates e incongruências que é delicioso para mim, pois tenho um humor parecido. Eu sou é menos competente no seu uso. Eu não escrevo livros e ganho a vida, eu rio-me das minhas piadas, geralmente só e contente (snob e egocêntrica). O meu núcleo de fãs é restrito, mas gosto de pensar, "profundo". :-)
Ele ganhou-me no momento em que criticou o Centro Pompidou em Paris. De todas as pessoas a quem perguntei o que acham do edifício recebo um discurso de como é original e interessante e fantástico. Tenho de reprimir o pensamento que me vem à cabeça: que aquilo é feio como a peste e que a maior parte das pessoas convencem-se que parece bem gostar porque senão ainda te acham um provinciano. Várias vezes observei cuidadosamente a monstruosidade intestinal a tentar identificar algo que me atraia. Acabo na fonte e viro as costas ao edifício. A fonte é castiça, mas não convida, talvez porque precisasse de espaço e verde e sol, em vez de estar entalada.
Se o edifício estivesse noutro local, com mais espaço e bastantes árvores a escondê-lo eu até seria capaz de gostar, mas ALI! Como sempre me senti sozinha no meu desprezo fiquei contentíssima quando li o que o Bill Bryson escreveu, tal como:
But what I really dislike about buildings like the Pompidou Centre, and Paris is choking on them, is that they are just showing off. Here's Richard Rogers saying to the world,'Look, I put all the pipes on the outside. Am I cute enough to kiss?' I could excuse that if some consideration were given to function. No one seems to have thought what the Pompidou Centre should do - that it should be a gathering place, a haven, because it's just crowded and confusing. It has none of the sense of space and light and majestic calm of the Musée d'Orsay. It's like a department store on the first day of a big sale. There's hardly any place to sit and no focal point - no big clock or anything - at which to meet someone. It has no heart.
Por vezes sou um pouco "snob" e talvez tenha sido por isso que pensei que os MEUS AMIGOS andando a ler livros de viagens teria de ser algo profundo de alguém introspectivo a dissertar sobre uma diferente cultura. OK. Não sou só snob, mas ridiculamente snob. Esqueci-me que o senhor escritor é norte-americano e que os livros dele são sucessos, logo eu deveria desconfiar que os livros dele são leves. Mas são positivamente leves, perfeitos para leituras em esplanadas. Ele tem um humor baseado na hipérbole e na detecção de disparates e incongruências que é delicioso para mim, pois tenho um humor parecido. Eu sou é menos competente no seu uso. Eu não escrevo livros e ganho a vida, eu rio-me das minhas piadas, geralmente só e contente (snob e egocêntrica). O meu núcleo de fãs é restrito, mas gosto de pensar, "profundo". :-)
Ele ganhou-me no momento em que criticou o Centro Pompidou em Paris. De todas as pessoas a quem perguntei o que acham do edifício recebo um discurso de como é original e interessante e fantástico. Tenho de reprimir o pensamento que me vem à cabeça: que aquilo é feio como a peste e que a maior parte das pessoas convencem-se que parece bem gostar porque senão ainda te acham um provinciano. Várias vezes observei cuidadosamente a monstruosidade intestinal a tentar identificar algo que me atraia. Acabo na fonte e viro as costas ao edifício. A fonte é castiça, mas não convida, talvez porque precisasse de espaço e verde e sol, em vez de estar entalada.
Se o edifício estivesse noutro local, com mais espaço e bastantes árvores a escondê-lo eu até seria capaz de gostar, mas ALI! Como sempre me senti sozinha no meu desprezo fiquei contentíssima quando li o que o Bill Bryson escreveu, tal como:
But what I really dislike about buildings like the Pompidou Centre, and Paris is choking on them, is that they are just showing off. Here's Richard Rogers saying to the world,'Look, I put all the pipes on the outside. Am I cute enough to kiss?' I could excuse that if some consideration were given to function. No one seems to have thought what the Pompidou Centre should do - that it should be a gathering place, a haven, because it's just crowded and confusing. It has none of the sense of space and light and majestic calm of the Musée d'Orsay. It's like a department store on the first day of a big sale. There's hardly any place to sit and no focal point - no big clock or anything - at which to meet someone. It has no heart.
quinta-feira
Línguas
Há um aspecto curioso em ser uma portuguesa num meio cheio de outras nacionalidades: a frequência com que te tentam convencer que o português é como o espanhol e que o "brasileiro" é muito diferente do português. Eu que sou incompetente em línguas agradeço a oportunidade de adicionar ao meu CV uma terceira e quarta línguas! Afinal sou poliglota!
quarta-feira
Cidades
Andei por aqui:
Andei dois dias a vaguear em Freiburg. Freiburgo é uma cidade no Sudoeste da Alemanha, perto da fronteira com a França. É uma daquelas cidades que dão gosto. É feita para as pessoas, onde se pode caminhar e correr por todo o lado; onde há verde e beleza e um senso de bem viver. Onde os carros têm o seu lugar, que não é acima das pessoas. Quando não apetece caminhar ou é longe demais há transporte público rápido e eficiente. Inevitável, por vezes parava a comparar com certas cidadezinhas portuguesas em que há carros e carros por todo o lado e o pobre peão a ziguezaguear, a ter de abandonar o passeio pela estrada; a fazer desvios para não morrer atropelado ou porque cortam passagem com umas estradas que parece que para o planeador (se existiu algum) não são para ser atravessadas; há muito barulho e muito fumo e chega-se a casa cansado só por se ter tido a desfaçatez de caminhar. Dos transportes públicos... Quando existem horários já apetece comemorar... Parques verdes de jeito são poucos, senão inexistentes. Na maior parte das vezes são microscópicos e correr neles significa andar às voltas numa circunferência tão ridiculamente pequena que se fica zonzo. Tem-se a sensação que passear neles com uma criança é arriscá-la a problemas de saúde, já que há porcaria de cão por todo o lado. "Luís Manuel não mexas, filho, não mexas em nada! Toma álcool, desinfecta as mãos!" O ridículo é que eu nem pensava em cidades grandes, pensava em Faro, por exemplo. Uma caganeta de cidade. Ou Coimbra. Cidades pequenas que não deviam ser tão perigosas para o equilíbrio nervoso. Caganetas...
Andei dois dias a vaguear em Freiburg. Freiburgo é uma cidade no Sudoeste da Alemanha, perto da fronteira com a França. É uma daquelas cidades que dão gosto. É feita para as pessoas, onde se pode caminhar e correr por todo o lado; onde há verde e beleza e um senso de bem viver. Onde os carros têm o seu lugar, que não é acima das pessoas. Quando não apetece caminhar ou é longe demais há transporte público rápido e eficiente. Inevitável, por vezes parava a comparar com certas cidadezinhas portuguesas em que há carros e carros por todo o lado e o pobre peão a ziguezaguear, a ter de abandonar o passeio pela estrada; a fazer desvios para não morrer atropelado ou porque cortam passagem com umas estradas que parece que para o planeador (se existiu algum) não são para ser atravessadas; há muito barulho e muito fumo e chega-se a casa cansado só por se ter tido a desfaçatez de caminhar. Dos transportes públicos... Quando existem horários já apetece comemorar... Parques verdes de jeito são poucos, senão inexistentes. Na maior parte das vezes são microscópicos e correr neles significa andar às voltas numa circunferência tão ridiculamente pequena que se fica zonzo. Tem-se a sensação que passear neles com uma criança é arriscá-la a problemas de saúde, já que há porcaria de cão por todo o lado. "Luís Manuel não mexas, filho, não mexas em nada! Toma álcool, desinfecta as mãos!" O ridículo é que eu nem pensava em cidades grandes, pensava em Faro, por exemplo. Uma caganeta de cidade. Ou Coimbra. Cidades pequenas que não deviam ser tão perigosas para o equilíbrio nervoso. Caganetas...
Lepra
A lepra ainda existe. Eu pelo menos tinha a ideia errada que era doença passada a semear de um temor primário a literatura e a filmografia.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) quer tornar a minha ideia certa, mas há dificuldades e os técnicos avisam que provavelmente a lepra não será passado pelo menos nos próximos 100 anos. Vem na "New Scientist" desta semana.
Nem é só fenómeno de país em vias de desenvolvimento, se bem que sendo a lepra uma doença de difícil propagação e fácil de curar, os países com estruturas médicas decentes controlam facilmente a doença.
O problema é na África, América do Sul e partes da Ásia. Países?
-> Angola, Moçambique,Tanzânia,República Central Africana, República Democrática do Congo, Camarões, Madagascar;
-> Brasil, St Lucia, Guiana;
-> India, Nepal, Timor Leste, Ilhas Marshall, Ilhas Norte Mariana, Micronésia, Nauru, Samoa Americana.
Nestes são identificados (oficialmente) entre 1 a 6 casos de doença em cada 10 000 pessoas.
Observando quais os países mais afectados conclui-se facilmente quais são as dificuldades no terreno.
Outro aspecto é que a OMS definiu um objectivo (< 1 caso por 10 000 pessoas) e persegue-o com alguma cegueira, fazendo orelhas moucas aos técnicos que avisam de fraudes estatísticas (quem disse que a matemática só tem uma solução?). P.ex.: actualmente o nr. de casos é definido como o nr. de pessoas identificadas com uma das formas da doença e que estão a receber tratamento. Este é longo, podendo ir de 6 meses a 5 anos. Ora, há países em que os técnicos para diminuir os números diminuem o tempo de tratamento.
Além disso, a lepra continua a ser vista como opróbrio e há doentes que dão nomes falsos e desaparecem, desaparecendo também dos registos e, pior, não sendo tratados.
Assim, há imensas pessoas não monitorizadas e não contadas.
O que se defende é que hajam mudanças estratégicas e em vez de definir simplesmente um número, que a preocupação se centre em fornecer terapias e tratamento adequados.
Para mais informações é na "New Scientist" de 16 de Julho.
Para mim foi interessante verificar novamente outra situação em que se define um número para simplificar. Contudo, mais tarde esse número torna-se a estratégia e perde-se de vista o real problema.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) quer tornar a minha ideia certa, mas há dificuldades e os técnicos avisam que provavelmente a lepra não será passado pelo menos nos próximos 100 anos. Vem na "New Scientist" desta semana.
Nem é só fenómeno de país em vias de desenvolvimento, se bem que sendo a lepra uma doença de difícil propagação e fácil de curar, os países com estruturas médicas decentes controlam facilmente a doença.
O problema é na África, América do Sul e partes da Ásia. Países?
-> Angola, Moçambique,Tanzânia,República Central Africana, República Democrática do Congo, Camarões, Madagascar;
-> Brasil, St Lucia, Guiana;
-> India, Nepal, Timor Leste, Ilhas Marshall, Ilhas Norte Mariana, Micronésia, Nauru, Samoa Americana.
Nestes são identificados (oficialmente) entre 1 a 6 casos de doença em cada 10 000 pessoas.
Observando quais os países mais afectados conclui-se facilmente quais são as dificuldades no terreno.
Outro aspecto é que a OMS definiu um objectivo (< 1 caso por 10 000 pessoas) e persegue-o com alguma cegueira, fazendo orelhas moucas aos técnicos que avisam de fraudes estatísticas (quem disse que a matemática só tem uma solução?). P.ex.: actualmente o nr. de casos é definido como o nr. de pessoas identificadas com uma das formas da doença e que estão a receber tratamento. Este é longo, podendo ir de 6 meses a 5 anos. Ora, há países em que os técnicos para diminuir os números diminuem o tempo de tratamento.
Além disso, a lepra continua a ser vista como opróbrio e há doentes que dão nomes falsos e desaparecem, desaparecendo também dos registos e, pior, não sendo tratados.
Assim, há imensas pessoas não monitorizadas e não contadas.
O que se defende é que hajam mudanças estratégicas e em vez de definir simplesmente um número, que a preocupação se centre em fornecer terapias e tratamento adequados.
Para mais informações é na "New Scientist" de 16 de Julho.
Para mim foi interessante verificar novamente outra situação em que se define um número para simplificar. Contudo, mais tarde esse número torna-se a estratégia e perde-se de vista o real problema.
Encontro
A vida tem destas coisas. Eu aqui tristonha que se tinha ido a minha companheira de gabinete e aparece inopinadamente o meu amigo veneziano. Eu, que vivo na angústia agnóstica, subo ao nível "sinto a mão divina". O estilo dá cá, toma lá; fecha-se uma porta, abre-se outra...
Pois, entrava eu na cozinha do Instituto com os meus pudins de soja e chocolate provocando à minha passagem caretas de repulsa (intolerantes!), quando vejo dobrada numa cadeira a sua figura de marioneta. Abro os meus olhos grandes de moura em espanto prazentoso e vejo em sequência as peças do seu corpo longo desempenharem o começo da dança de encontro. Olá! :-)
Pois, entrava eu na cozinha do Instituto com os meus pudins de soja e chocolate provocando à minha passagem caretas de repulsa (intolerantes!), quando vejo dobrada numa cadeira a sua figura de marioneta. Abro os meus olhos grandes de moura em espanto prazentoso e vejo em sequência as peças do seu corpo longo desempenharem o começo da dança de encontro. Olá! :-)
terça-feira
Mostrar a cor. Contra a pobreza global.
Música
A minha colega de gabinete e amiga partiu para mais musicais paragens: o Brasil. Deixou o vazio da secretária, da estante, o silêncio aliviado das suas gargalhadas telefónicas, o silêncio triste da sua voz mais suave a falar cara a cara. Para preencher o vazio deixou-me a alternativa de ligar o rádio e ouvir os últimos sucessos da pop.
Segundo os cientistas, na nossa evolução de primitivos recolectores a primitivos emproados a música evoluiu connosco. Há hipóteses de que a linguagem começou por ser música e que as linguagens tonais são um resquício bonito (e pesadélico pra quem as aprende) desses primórdios.
A música conforta-nos por ser tão parte de nós, tal como tiques que acompanham o pulsar do coração. Fazem parte do nosso ser tão intrinsecamente como o pensamento desnorteado pela saudade.
Bem, vou mudar de estação... Se calhar as quotas até nem estariam mal... :-)
Segundo os cientistas, na nossa evolução de primitivos recolectores a primitivos emproados a música evoluiu connosco. Há hipóteses de que a linguagem começou por ser música e que as linguagens tonais são um resquício bonito (e pesadélico pra quem as aprende) desses primórdios.
A música conforta-nos por ser tão parte de nós, tal como tiques que acompanham o pulsar do coração. Fazem parte do nosso ser tão intrinsecamente como o pensamento desnorteado pela saudade.
Bem, vou mudar de estação... Se calhar as quotas até nem estariam mal... :-)
domingo
A química e a ressaca
Boas tardes!
Como verifiquei que na blogolândia não há nada sobre química resolvi começar por querer mostrar que a química é um mundo de contemplamento e fascinação. Esta área de estudo debruça-se sobre os tijolos de que somos feitos, nós e tudo o que nos rodeia. Esses tijolos chamam-se átomos e ao ajuntamento de átomos numa estrutura definida no espaço e no tempo chama-se molécula. Existem moléculas que são fantasmagóricas, aparecendo e desaparecendo num sopro de segundo; contudo são um passo importante num caminho importante e portanto os químicos deram por elas. Olha-se à volta e o que vemos são moléculas. Bem, ver ver não vemos, pois ou são-nos invisíveis (como o ar) ou são inúmeras, muitíssimas, pelo que no nosso mundo sensorial já nem vemos o conjunto de tijolos, mas somente os edifícios. Mas as moléculas estão lá e são elas e as ligações entre elas que definem o estado do edifício (estados físicos: sólido, líquido, gasoso; no caso do nosso corpo: se estamos de saúde, p.ex.).
A química partilha uma característica com o alfabeto: de um número limitado de átomos são formadas milhares de moléculas (são resmas e resmas), tal como com 24 letras se escrevem resmas de livros.
Como hoje é Domingo imagino alguns ressacados e resolvi apresentar-lhes a principal culpada pelo vosso estado debilitado:
Chamamo-la acetaldeído (a química pode ser interessantíssima, mas os químicos nunca poderão ser acusados de serem poetas). A bola vermelha representa um átomo de oxigénio. Aquele que a gente respira em todas as inaladelas, pois a parelha de oxigénios forma a molécula de oxigénio, que constitui 20% da atmosfera terrestre. Também há na lua, mas não livre. O átomo de oxigénio encontra-se ligado a outros átomos formando compostos nas rochas lunares. Um dia, quando o pessoal for morar para a lua, talvez se consiga o oxigénio para respirar minando o subsolo lunar tal como aqui se mina por ouro. A cinzento escuro são os átomos de carbono. O carbono existe por todo o lado. Não há vida, nem aquecimento global, nem viagem de carro ao centro comercial, não há sabonete ou sobremesa preferida sem carbonos. É mais fácil enumerar o que existe sem carbonos do que com. A cinzento claro são os hidrogénios. Um benjamim da química por ser simples e pequeno. Ele e o carbono são a base da química orgânica. Esta tem este nome pois quando começou o seu estudo pensava-se que os compostos orgânicos só poderiam ser sintetizados por organismos. Não é nada verdade. A indústria química e farmacêutica baseiam-se na síntese de uma grande variedade de compostos orgânicos.
Voltando ao acetaldeído. Pela figura vê-se que tem 2 carbonos, 4 hidrogénios e 1 oxigénio (C2H4O). É produzido no nosso corpo festivo a partir do etanol (C2H6O), que já se estarão a lembrar do rótulo das garrafas... :-) O nosso corpo está preparado para degradar o etanol, pois o consumo de carbohidratos (moléculas constituídas por átomos C e H, que comemos por exemplo na forma de pão, massa, arroz,...) implica na digestão a formação de alcoóis (moléculas que contêm o grupo -OH), que têm de ser metabolizados. Quando bebemos ao ponto de embebedarmo-nos a quantidade de álcool é excepcional. A discrição normal das funções do nosso corpo já não é possível (tanto que acontece por baixo da pele e a gente nem imagina). É um ataque massivo ao normal equilíbrio do corpo, que tem de se haver com a molécula de etanol a modificar as neurotransmissões (o que nos faz ficar parvinhos), desequilíbrio ácido (tem a ver com os hidrogénios) e desidratação (beber muita água após o desvario e nada de diuréticos). A degradação do etanol origina acetaldeído e este por sua vez moléculas inofensivas que serão excretadas. Mas no entretanto o etanol e o acetaldeído organizam a festa do dia seguinte: a ressaca. Agora olhem pra molécula. É somente aqueles 7 átomos juntos. Se tirarem um carbono e um hidrogénio seria formaldeído e em vez de terem ressaca estariam em processo de conservação, estilo alheiras... :-)
Para tratarem da ressaca podem vir a esta ligação. Têm uma receita.www.soyouwanna.com/site./syws/hangover/hangover.html
Espero que nse tenham divertido. De vez em quando não faz mal. O nosso corpo aguenta muitos embates. Melhor que um BMW... (imagino eu, que não percebo nadinha de carros).
Como verifiquei que na blogolândia não há nada sobre química resolvi começar por querer mostrar que a química é um mundo de contemplamento e fascinação. Esta área de estudo debruça-se sobre os tijolos de que somos feitos, nós e tudo o que nos rodeia. Esses tijolos chamam-se átomos e ao ajuntamento de átomos numa estrutura definida no espaço e no tempo chama-se molécula. Existem moléculas que são fantasmagóricas, aparecendo e desaparecendo num sopro de segundo; contudo são um passo importante num caminho importante e portanto os químicos deram por elas. Olha-se à volta e o que vemos são moléculas. Bem, ver ver não vemos, pois ou são-nos invisíveis (como o ar) ou são inúmeras, muitíssimas, pelo que no nosso mundo sensorial já nem vemos o conjunto de tijolos, mas somente os edifícios. Mas as moléculas estão lá e são elas e as ligações entre elas que definem o estado do edifício (estados físicos: sólido, líquido, gasoso; no caso do nosso corpo: se estamos de saúde, p.ex.).
A química partilha uma característica com o alfabeto: de um número limitado de átomos são formadas milhares de moléculas (são resmas e resmas), tal como com 24 letras se escrevem resmas de livros.
Como hoje é Domingo imagino alguns ressacados e resolvi apresentar-lhes a principal culpada pelo vosso estado debilitado:
Chamamo-la acetaldeído (a química pode ser interessantíssima, mas os químicos nunca poderão ser acusados de serem poetas). A bola vermelha representa um átomo de oxigénio. Aquele que a gente respira em todas as inaladelas, pois a parelha de oxigénios forma a molécula de oxigénio, que constitui 20% da atmosfera terrestre. Também há na lua, mas não livre. O átomo de oxigénio encontra-se ligado a outros átomos formando compostos nas rochas lunares. Um dia, quando o pessoal for morar para a lua, talvez se consiga o oxigénio para respirar minando o subsolo lunar tal como aqui se mina por ouro. A cinzento escuro são os átomos de carbono. O carbono existe por todo o lado. Não há vida, nem aquecimento global, nem viagem de carro ao centro comercial, não há sabonete ou sobremesa preferida sem carbonos. É mais fácil enumerar o que existe sem carbonos do que com. A cinzento claro são os hidrogénios. Um benjamim da química por ser simples e pequeno. Ele e o carbono são a base da química orgânica. Esta tem este nome pois quando começou o seu estudo pensava-se que os compostos orgânicos só poderiam ser sintetizados por organismos. Não é nada verdade. A indústria química e farmacêutica baseiam-se na síntese de uma grande variedade de compostos orgânicos.
Voltando ao acetaldeído. Pela figura vê-se que tem 2 carbonos, 4 hidrogénios e 1 oxigénio (C2H4O). É produzido no nosso corpo festivo a partir do etanol (C2H6O), que já se estarão a lembrar do rótulo das garrafas... :-) O nosso corpo está preparado para degradar o etanol, pois o consumo de carbohidratos (moléculas constituídas por átomos C e H, que comemos por exemplo na forma de pão, massa, arroz,...) implica na digestão a formação de alcoóis (moléculas que contêm o grupo -OH), que têm de ser metabolizados. Quando bebemos ao ponto de embebedarmo-nos a quantidade de álcool é excepcional. A discrição normal das funções do nosso corpo já não é possível (tanto que acontece por baixo da pele e a gente nem imagina). É um ataque massivo ao normal equilíbrio do corpo, que tem de se haver com a molécula de etanol a modificar as neurotransmissões (o que nos faz ficar parvinhos), desequilíbrio ácido (tem a ver com os hidrogénios) e desidratação (beber muita água após o desvario e nada de diuréticos). A degradação do etanol origina acetaldeído e este por sua vez moléculas inofensivas que serão excretadas. Mas no entretanto o etanol e o acetaldeído organizam a festa do dia seguinte: a ressaca. Agora olhem pra molécula. É somente aqueles 7 átomos juntos. Se tirarem um carbono e um hidrogénio seria formaldeído e em vez de terem ressaca estariam em processo de conservação, estilo alheiras... :-)
Para tratarem da ressaca podem vir a esta ligação. Têm uma receita.www.soyouwanna.com/site./syws/hangover/hangover.html
Espero que nse tenham divertido. De vez em quando não faz mal. O nosso corpo aguenta muitos embates. Melhor que um BMW... (imagino eu, que não percebo nadinha de carros).
As quotas na rádio
Hoje no Público encontra-se uma secção de artigos sobre a Rádio em Portugal. Descreve-se um pouco do que se ouve, de como se escolhem as músicas nas rádios mais importantes e da questão das quotas de música portuguesa.
Na minha compreensão não concordo com as quotas de música portuguesa nas rádios não públicas. Se as pessoas não estão interessadas acho que é um atentado à sua liberdade obrigá-las a ouvir. O estado deveria aprender a não se intrometer na iniciativa privada de que natureza for.
Mas também não digo que não se apoie a música portuguesa. É de interesse público que se mantenha a escolha e aí o Estado deverá cumprir o seu papel. Existem rádios estatais e estas deverão fornecer a alternativa e poderão ser a base de apoio para o desenvolvimento de projectos musicais portugueses. Acredito que os mais populares acabarão por encontrar um espaço nas rádios privadas e que os outros mesmo que sem apoio maciço terão o seu nicho. Desde que tenham qualidade.
Haverão outras plataformas de apoio como espectáculos ao vivo, a televisão pública, apoiar a gravação de novos artistas. As pessoas do meio [de escrúpulos] saberão melhor que eu como pôr iniciativas em prática com a maior das justiças.
Mas nem só a música portuguesa. Também se poderia divulgar música menos conhecida e de qualidade. Música latino-americana, música árabe, música europeia, etc., de certeza que há conhecedores que poderiam fazer programas de qualidade e alargar os nossos horizontes. E deixem os privados em paz. Pode até ser que muitos dos portugueses não se liguem, mas haverão os que procurarão a alternativa, talvez futuros músicos que poderão educar o ouvido...
Vi há pouco um filme documentário sobre a música criada em Istambul. Ouvi uma melodia curda, que fez-me o coração chorar. Era muito bela. Seria fantástico que se tivesse acesso a este tipo de música na rádio. E repito-me pela última vez: se o Estado quer ter um papel no panorama músical radiofónico e de alguma forma educar os portugueses será a divulgar outras músicas nas suas próprias estações.
Penso eu de que...
P.S.: e se é educar pessoas que se pretende, dever-se-á começar na escola a mostrar o que há para lá da cultura popular. E tal não significa ler o regulamento do "Big Brother" nas aulas de português.
Na minha compreensão não concordo com as quotas de música portuguesa nas rádios não públicas. Se as pessoas não estão interessadas acho que é um atentado à sua liberdade obrigá-las a ouvir. O estado deveria aprender a não se intrometer na iniciativa privada de que natureza for.
Mas também não digo que não se apoie a música portuguesa. É de interesse público que se mantenha a escolha e aí o Estado deverá cumprir o seu papel. Existem rádios estatais e estas deverão fornecer a alternativa e poderão ser a base de apoio para o desenvolvimento de projectos musicais portugueses. Acredito que os mais populares acabarão por encontrar um espaço nas rádios privadas e que os outros mesmo que sem apoio maciço terão o seu nicho. Desde que tenham qualidade.
Haverão outras plataformas de apoio como espectáculos ao vivo, a televisão pública, apoiar a gravação de novos artistas. As pessoas do meio [de escrúpulos] saberão melhor que eu como pôr iniciativas em prática com a maior das justiças.
Mas nem só a música portuguesa. Também se poderia divulgar música menos conhecida e de qualidade. Música latino-americana, música árabe, música europeia, etc., de certeza que há conhecedores que poderiam fazer programas de qualidade e alargar os nossos horizontes. E deixem os privados em paz. Pode até ser que muitos dos portugueses não se liguem, mas haverão os que procurarão a alternativa, talvez futuros músicos que poderão educar o ouvido...
Vi há pouco um filme documentário sobre a música criada em Istambul. Ouvi uma melodia curda, que fez-me o coração chorar. Era muito bela. Seria fantástico que se tivesse acesso a este tipo de música na rádio. E repito-me pela última vez: se o Estado quer ter um papel no panorama músical radiofónico e de alguma forma educar os portugueses será a divulgar outras músicas nas suas próprias estações.
Penso eu de que...
P.S.: e se é educar pessoas que se pretende, dever-se-á começar na escola a mostrar o que há para lá da cultura popular. E tal não significa ler o regulamento do "Big Brother" nas aulas de português.
O italiano também é traiçoeiro
No frasco de sabonete líquido, o rótulo promete que a minha pele se tornará mais mórbida. Parei para pensar...
sábado
Olha, consegui...
Agora já posso escrever já e difícil e intróito e buço e primário e Sócrates e Durão e panóplia e fantástico!
Sinto-me preparada para adoptar este filho inesperado! :-)
Sinto-me preparada para adoptar este filho inesperado! :-)
Juro que foi sem querer!
Eu so queria fazer um comentario num poste e de repente estava a preencher um formulario para criar o meu blogue! E estou aqui!
(...)
Isto nao tem emoticoms?
Sinto-me como se estivesse numa jantarada e sem aviso me tivessem pedido um discurso... [emoticom a virar os olhos]
Ok, estava eu a passar os olhos pela blogaria e entrei numa rua, cujo nome ja nao me lembro, era clara e espacosa, de casinhas pequenas, mas com jardins na parte de tras (e uma maneira de dizer comentarios [emoticom a piscar o olho]). E vai dai uns tipos, cujos nomes nao me lembro, referindo-se aos ataques terroristas tinham uma discussao que nasceu do facto das pessoas terem reagido muito mais ao ataque a Londres do que aos inumeros e infelizmente frequentes ataques no Iraque. E vai dai eu quis comentar que eu me perguntava se essa nao seria uma reaccao humana? Que Londres e ja ali na esquina, que muitas pessoas passaram pelas estacoes atacadas, que tem amigos londrinos, seja por nascimento ou adopcao, que viram filmes com Londres, que leram livros de londrinos, sobre Londres... Essa familiaridade cria resposta. A outra face da moeda e a triste frequencia dos ataques no Iraque que torna as almas frias. Nao por maldade, mas auto-defesa. Quem aguentaria chorar quase todos os dias pelo Iraque?
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Isto nao tem emoticoms?
Sinto-me como se estivesse numa jantarada e sem aviso me tivessem pedido um discurso... [emoticom a virar os olhos]
Ok, estava eu a passar os olhos pela blogaria e entrei numa rua, cujo nome ja nao me lembro, era clara e espacosa, de casinhas pequenas, mas com jardins na parte de tras (e uma maneira de dizer comentarios [emoticom a piscar o olho]). E vai dai uns tipos, cujos nomes nao me lembro, referindo-se aos ataques terroristas tinham uma discussao que nasceu do facto das pessoas terem reagido muito mais ao ataque a Londres do que aos inumeros e infelizmente frequentes ataques no Iraque. E vai dai eu quis comentar que eu me perguntava se essa nao seria uma reaccao humana? Que Londres e ja ali na esquina, que muitas pessoas passaram pelas estacoes atacadas, que tem amigos londrinos, seja por nascimento ou adopcao, que viram filmes com Londres, que leram livros de londrinos, sobre Londres... Essa familiaridade cria resposta. A outra face da moeda e a triste frequencia dos ataques no Iraque que torna as almas frias. Nao por maldade, mas auto-defesa. Quem aguentaria chorar quase todos os dias pelo Iraque?
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