quarta-feira

Filme cacetada na cabeça




O nome que dei ao poste diz tudo. Aqui vai o meu exemplo nas mais recentes visualizaçoes: 4 meses, 3 semanas, 2 dias. Assim, sendo vós pessoas de normal sensibilidade, esperai acabar o filme em choque, principalmente, e este é um aspecto importante dos filmes cacetada na cabeça, porque pode ser verdade. A história anda á volta de duas amigas na Roménia comunista e as suas andanças para fazer um aborto. O que o filme me proporcionou foi uma espreitadela para o outro lado da cortina de ferro. As pessoas tem de ser desenrascadas ou ter bons amigos que sejam desenrascados. É o chico-espertismo como condiçao de sobrevivencia. Há uma cena muito interessante de um jantar de, parece, famílias-bem lá do sítio e é interessante que tipo de desigualdades e preconceitos sao mostrados naquela conversa. Uma pessoa sente-se a ver um mundo igual e diferente. O chocante, para lá das violaçoes a que as raparigas se sujeitam para obter o aborto, é o que torna possível as suas sujeiçoes: o enorme poder que um sujeito obtem quando a sociedade torna uma necessidade num crime. Faz pensar, por exemplo, na imigraçao ilegal. As sujeiçoes que sao impostas a imigrantes por gente horrível que se aproveita de uma clandestinidade que á luz de valores cristaos é em si criticável. Isto a modo de um exemplo menos discutível que o poder fazer um aborto. Assim, para mim a moral da história deste filme foi que quando a sociedade coloca alguém na clandestinidade é fundamental asseverar que essa pessoa prejudica alguém e nao só carrega as hipocrisias duma massa de gente que se gosta de pensar livre da necessidade. Porque senao dá-se uma coutada a, dependendo do ponto de vista, crimes realmente crimes ou crimes muito mais perversos.

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