domingo
Alguém sonha, alguém ordena e alguém vai ter um pesadelo
Parece que o governo acha que o Ministro do Ambiente, Nunes Correia, Dom Abetarda, precisa de ajuda na espoliação do património natural. Assim, para que o interesse nacional não se veja constrangido e já que desde que se proibiu o fumar em espaços públicos não há falta de ar puro, especialmente num país com ventos do Atlântico, além que o cinzento é seguramente uma cor mais afeita ao bom-humor que o verde, para além que áreas cobertas de cimento são melhores para a prática do exercício, como seja andar em patins em linha, actividade que muitos portugueses adoram, sendo que a erva é suficiente em rectângulos de dimensão suficiente para o jogo de futebol ou os cagares de cãezinhos de trela, para além que a natureza é comprovadamente dormitório de mosquitos e melgas, não os grandes, mas os pequenos, que além de aborrecerem como os grandes, provocam doenças mil, assim prepara-se este governo que tem o bem nacional, depreendendo-se aqui o bem de todos os portugueses e portuguesas que vivem no futuro país dos camelos, os verdadeiros com duas bossas, não os actuais de facto e fato, que, como dizia, imigrarão dos reinos do norte de áfrica para morar nos futuros desertos que rodearão os campos de golfe como mares de maravilhosa ondulação, que como dizia eu ainda, que este governo que tem o bem nacional em mente, pretende aprovar um diploma em que o futuro Portugal melhorado pode correr com maior vantajosa velocidade para esse futuro arenoso e inteiramente construido, cheirando a progresso até mundos longínquos e assim anunciar este país silencioso e resplandecente, capaz em toda a sua área de reflectir o sol na sua inteira luminosidade, sem sombra que lhe encubra o esplendor ou os turistas do norte do reino europeu que usam as praias lusitanas para se churrascar e viajam em budget (muito humildemente me atrevo a recomendar que se cobre o sol a esses mesquinhos visitantes, demonstrando a sabedoria dos novos tempos, em que o que é de todos, será, em nome de todos, de alguns). O novo mundo, como dizia eu, prepara-se em passos resolutos, como no diploma que deixa as competências da delimitação da Reserva Ecológica Nacional do Ministério do Ambiente para os Municípios, compartilhando com muitos mais dons abetardas essa tarefa incontornável para o país que se sonha. Aqui se saúda tal governo e se aponta o dedo a esses ingratos que pretendem opôr-se a este feito, como neste abaixo-assinado, que com envergonhada tristeza esta escritora já assinou, com esperança de travar um pouquinho o comboio do progresso que arrasa um mundo, que na sua fraqueza, lhe entristece perder. Deixa esta cronista desejos sinceros e puros de infelicidades e pragas a todos os abetardas, excepto os que têm corpos esbeltos forrados a penas, cujo destino vai sendo selado sem intervenção minha.
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