Lembro-me de ler num artigo (penso que no New York Time Review of Books) sobre a preparaçao para a guerra no Iraque, que pessoas dos serviços secretos que na altura tinham ido fazer o ponto da situaçao ao Tony Blair, contavam que quando eles falavam das incertezas da informaçao que tinham em posse até ao momento, a reacçao do Tony Blair era perguntar-lhes se nao se estaria a livrar o Iraque de um homem mau. Isto era uma pergunta que aqueles homens nao tinham ido responder. O que isto demonstra é um homem que perante factos, responde com ideologia. Esta é a pior característica que um político pode ter.
Neste discurso, que ele fez há pouco, podemos observar como este homem ainda nao percebeu que o problema nele nao é ele ter fé, mas o facto dele, comprovadamente, deixar a fé cegá-lo aos factos. Por exemplo ele diz:
One of the oddest questions I get asked in interviews (and I get asked a lot of odd questions) is: is faith important to your politics? It’s like asking someone whether their health is important to them or their family. If you are someone ‘of faith’ it is the focal point of belief in your life. There is no conceivable way that it wouldn’t affect your politics.
A comparaçao até nao é má. Nao só ter saúde é importante pessoalmente, é também importante para quem vota saber que o candidato está apto a exercer o seu cargo durante o tempo previsto. Ter fé é importante para Tony Blair e será assim importante na forma como ele gere a sua vida. Para quem vota será importante saber como a sua fé afecta as suas decisoes como político. No seu caso, a sua fé fá-lo um mau político e esse é que é o problema. Nao é ele ter fé, é ele ter uma fé que o cega quando tem que tomar decisoes políticas, como está no seu CV. Que a fé de um político lhe de propósito, lhe de alma (como diz o Tony Blair, o que um ateísta pode achar um pouco ofensivo, mas deixá-lo ir), que afecte as prioritarizaçoes na sua governamentaçao, nao há problema. O problema é alguém apresentar-lhe factos e ele ignorá-los em favor do que ele acredita na alma. Isto o Tony Blair nao compreende, vitimizando-se.
O que chateia neste discurso é que além de ele ter má-fé, ele é hipócrita. A Gra-Bretanha tem um historial péssimo em termos de deportaçao para países que sao conhecidos por nao acreditarem nos direitos humanos. Documentos sairam em que se verificou que Tony Blair foi informado da situaçao, mas a sua resposta foi "Deportem-nos". Agora, neste discurso, ele vem falar de lançar pontes entre fés. Isto de alguém que lançou pessoas aos leoes.
Li há uns tempos que ele estava a ser pensado para ser o primeiro "ministo dos negócios estrangeiros" da UE, á luz do tratado (contituiçao) que foi assinado em Lisboa há pouco tempo. Eu pensei primeiro que era anedota. Haverá alguém que já demonstrou mais que demonstrado que ele prefere o mundo das suas crenças que o mundo das pessoas? Haverá alguém que demonstrou mais que demonstrado ser um incompetente e um hipócrita nas relaçoes com outros países? Este homem para gerir relaçoes com o outro? Há um baixo-assinado baseado no sítio internético da Comunidade Europeia contra que ele seja nomeado para este cargo. Até agora ele foi uma vergonha para os bretoes, agora passaria a ser vergonha para todos os europeus da Uniao. E provavelmente continuaria a ser um perigo para os outros. Com a desculpa da fé.
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