sexta-feira

Sim, a sério?

É difícil seguir uma campanha quando as pessoas que campanham não falam muito da Europa. Na nossa estação, o porta-voz do partido socialista [na França] Benoît Hamon disse "Vamos fazer destas eleições um voto de protesto às políticas de Sarkozy". Ele tem todo o direito de dizer isto, de dar esta direção. O problema é que os assuntos europeus ficam fora da campanha. Como podemos então interessar os franceses se os candidatos não se interessam? As pessoas que mais falam dos assuntos europeus são os eurocépticos, na verdade, os eurocépticos com as ideias mais extremas.
Diz Sophie Larmoyer, Chefe da secção de notícias externas da Europe 1.

Devo dizer-vos que cada vez gosto menos de jornalistas. Se eu pudesse votar em jornalistas, abstinha-me. Se algum dia um jornalista me tentar entrevistar, obrigo-o a engolir o gravador. A próxima vez que passar por uma câmara de filmar, dou-lhe um empurrão.

A sério, os jornalistas coitadinhos só podem seguir a manada. Dizem eles, enquanto vão à frente.

Não, a sério. Fui à net ver o programa especial eleições parlamento europeu com a Fátima Ferreira em que ela entrevistou os treze candidatos. Um feito heróico, como ela bem demonstrou no seu ar cansado-ponderoso, pois como é que os treze podem ter tempo para dizer algo de jeito? Não há tempo! Especialmente quando se fazem perguntas como "Devem aumentar os impostos agora?", porque todos sabemos que os deputados europeus irão decidir o aumento dos impostos agora. Também vi um programa de debate DEDICADO ao parlamento europeu moderado por uma jornalista chamada Fernanda Gabriel em que ela pergunta TRÊS vezes a deputados sobre a apresentação de candidatos à presidência da Comissão Europeia pelos partidos (não grupos, partidos, sim, mesmo isso que leram) depois de ter sido informada no programa por dois diferentes deputados, em duas intervenções, que isso não é da responsabilidade dos grupos políticos no parlamento europeu!

Não, agora a sério. Podem os que estão atrás na manada simplesmente passar a ferro os que estão à frente da manada? Obrigada.

Acabando em tom de seriedade: a Helena e outros estão muito preocupados, atemorizados, trespassados porque 4 deputados eurocépticos e anti-imigração dos Países Baixos foram eleitos para o parlamento europeu. Temos de olhar para o lado positivo que está ali nas últimas palavras de Sophie Larmoyer: finalmente vamos ouvir falar da União Europeia.

4 comentários:

sabine disse...

Sabias que o Vital Moreira proôs um imposto europeu, depois disse que não era bem assim e depois disse que talvez fosse assim. E que o Paulo Rangel inicialmente discordou dele violentamente e mais tarde acabou por dizer que afinal era boa ideia? Esta campanha foi muito esclarecedora (bem, estou a ser irónica).

abrunho disse...

Li, mas obviamente do artigo nao dava para ter uma boa ideia do que o Vital Moreira propos.

Rita Maria disse...

Nao me quero pronunciar sobre o resto, mas o Parlamento Europeu tem realmente partidos que sao um pouco mais que grupos, bastante mais que grupos, aliás (até te podes filiar neles) e o Parlamento, embora nao apresente candidatos à Presidência, vota depois em aceitá-los ou nao. O que implica que directa ou indirectamente a relaçao de forças no Parlamento defina o Presidente e que os partidos tenham uma voz nisso. Especialmente nesta europa de algodao-doce, onde se evita qualquer coisa abaixo de uma maioria muito alargada a todo o custo.

abrunho disse...

Do que sei, no Parlamento existem grupos. Talvez haja umas excepcoes nas franjas. Os deputados portugueses estao integrados nesses grupos.

O teor da pergunta da jornalista era qual o candidato que o partido socialista is apresentar, ou porque é que os comunistas nao apresentaram nenhum candidato. A formulacao da pergunta está totalmente errada e obrigou a que os deputados explicassem a dinamica e que referissem que o que eles faziam no parlamento era a votacao da comissao. Nao é só o presidente que se apresenta ao parlamento para votacao, mas toda a comissao.

Eu considero que uma jornalista que faz perguntas aos deputados portugueses no parlamento europeu saiba o minimo para fazer as perguntas de forma correta, que nao obrigue os deputados a primeiro dar uma aula.