Em vez de carpir os lambões-não-cidadãos-abstencionistas, que deviam receber a indiferença que merecem, deviamos falar dos 4.63% de brancos (164788 cidadãos) e 2% de nulos (71122 cidadãos) que demonstraram com todas as certezas que não se reveêm em nenhum dos partidos. É muita gente, no universo de quem falou, que merece ser atendida.
7 comentários:
Nem mais.
O efeito é o mesmo. Branco, nulo, ou não-voto (abstenção), entre essas três opções não há diferenças práticas. A intenção, só se pode saber se quem anulou o voto lá a escreveu. O resto é especulação. Agora se houvesse consequências, conforme o tipo de voto que não cai nos partidos, as coisas seriam diferentes.
Se nao se poe quadradinhos c/ outras opcoes senao partidos, acho que a probabilidade é que alguem que vai a um posto de voto e faz algo que nao seja votar em partidos é porque achou que nenhum dos partidos vale o seu voto. Se é para perder tempo por si, pode-se fazer muitas outras coisas.
Eu considero que um branco ou nulo sao muitissimo diferentes que uma abstencao. É outra galáxia. Uma abstencao é que pode ser qualquer coisa. Sono, preguica, um acidente, uma impossibilidade, uma dor de dentes, um esquecimento, uma unha encravada, um nao apetecimento, estar numa ilha, estar de ferias, estar-se a borrifar, estar a ver futebol, estar em coma... As possibilidades sao inumeras.
Estas pessoas fizeram algo, ativamente dirigiram-se a um local e fizeram um nao voto. Comparar ALGO com NADA, dizer que ALGO e NADA sao o mesmo, nao me parece nada lógico, nem respeitoso.
Eu nao sou nada contra que os brancos e os nulos tenham consequencias. Mas sou contra que as abstencoes tenham consequencias.
Como a abrunho, penso que os brancos (e os nulos - acho que muita gente anulou o voto para ter a certeza que ninguém se aproveitava do convidativo espaço em branco) são o oposto das abstenções. E é um fenómeno muito importante, porque ir votar dá trabalho.
O que me incomoda nisto tudo: se o pessoal moderado votar branco/se abster por não estar satisfeito com o desempenho dos partidos do centrão, o peso dos radicais vai aumentar para níveis complicados de gerir.
Olhem para estas eleições: o BE e o PCP têm mais de 20% dos votos.
...e aí, pensando bem...
Tinha a sua graça o PCP e o BE fazerem governo.
Aposto que nas eleições seguintes (if any, digo eu só para meter nojo) o número de abstenções se reduzia substancialmente.
Ou seja: tal como está, os nulos, os brancos e as abstenções já podem ter consequências graves, abrunho.
O PCP e o BE sao radicais? Para além de um passado menos recomendável, o presente deles nao me parece radical.
Uma das minhas queixas relativamente ao PCP e ao BE é exatamente nao quererem fazer governo. O PCP é um velho inútil e chato e o BE é um adolescente birrento.
Eu sinto que as pessoas que passam muito tempo a ler os media estrangeiros tem tendencia a transportar para Portugal outras realidades. Nao me assusta a percentagem de votos destes dois partidos ou do CDS (que na tua optica tambem será radical e até mais). O que me assusta é o tipo de governo que poderia sair destas percentagens nas legislativas. O que me obriga a pensar o voto útil, o que me chateia.
Concordo com a Abrunho. Na situação actual - 2009, Portugal - o PCP e o BE não são tão radicais como parece. Já escrevi algures e repito-o aqui que o único voto que me é possível dar é o voto de protesto. Ou esse ou nenhum. Noutras circunstâncias, votaria PS. Nas actuais circunstâncias seria imobilizar-me enquanto cidadã.
Era bom que o facto de se ir votar mudasse as coisas para melhor, e ainda melhor se o pudesse fazer "moderadamente".
O facto de alguém votar branco, nulo ou não ir votar é um "sinal". Que ninguém no poder, dentro da UE, quer perceber. Significa que algo se passa. Porquê o desinteresse e a passividade das pessoas que optam por essas escolhas, se vivemos no melhor dos mundos apenas hostilizado-sem-razão-por-uns-radicais-de extrema-direita-e-de-extrema-esquerda?! Será que esta gente é toda burra, como dá a entender o discurso da Helena?!
Enviar um comentário