sexta-feira

Nostalgias programativas

Começo pelo início, João. Começo pela abelha maia. Depois também tenho esta imagem de uma cozinha na penumbra, fechando-se para o calor de Verão que começa a apertar pelas 11 da manhã, o barulho sussurrado de uma casa a tostar e eu a ver os estrumpfes. Também me lembro das janelas abertas e o sol a esparramar-se pelo tapete onde me deito expectante a olhar para uma circunferência com cores e um piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii a debitar enquanto espero que comece a emissão do Sábado de manhã com o sítio do picapau amarelo. Pobres de vós que não esperaram ao sol pelo Sítio do Picapau Amarelo. Ide e chorai. Também me recordo de pular de alegria no sofá pelo começo do Verão Azul.

Mais tarde, apaixonei-me pelo Jeremy Irons e o outro gajo que não se tornou famoso, no Revisitar Bride qualquer coisa e pelo Hari Kumar na Jóia da Coroa (ele aparece nos dois primeiros episódios e no último e eu andei a ver os episódios todos, enfim...). Nesta altura, enquanto me apaixonava por atores, gostava do Dartacão, por razões que completamente me ultrapassam e deviam ser investigadas (eu acho que colocaram droga naquela coisa). Também via o LA Law. E o Poirot e a Miss Marple e o Perry Mason e o programa do Hitchcok em que ele aparece de perfil. Só a música deste programa me fazia pesadelos. Depois ou antes dava a Quinta Dimensão, que via, mas de que não me lembro um único episódio, apesar de os ter visto todos.

Todas as sitcoms que alguma vez deram na televisão? Vi-as todas. Até do Alf gostei.

Richard Attenborough? Nunca gostei mais da natureza fora do meu prato. Mas gostava ainda mais do Herman José a gozar com o Richard Attenborough. Adorava de alma o Herman José e os seus programas. Adorei-o e aos seus programas até ele arranjar um programa de variedades e pintar o cabelo de louro branco.

Agora, ah agora, a inocência do mundo desaparecida, as expectativas desavindas, as ilusões esvanecentes, fico-me cínica de sorriso esgaçado a gostar do Dr. House...

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