Talvez amanhã quando for comprar a habitual melancia, o senhor da frutaria turca me faça um desconto. Tirando esse pensamento estou negativamente passada com o facto da República Checa ter perdido. Nem percebi o que se passou. Resolveram jogar à defesa (o que eu pensei) ou faltou-lhes as pernas (como diz aqui o meu amigo)? Está demasiadamente frio para me pôr duas horas a ver um jogo na rua e eu para o fim já não via nada com a tremura dos dentes.
Quanto aos portugueses, não vi, nem quis ver, porque devo confessar que estava com pena dos suiços, que se não ganhassem era uma vergonha. Eu deixo-me ir por estes sentimentos. Sou um coração de manteiga não derretida.
domingo
sábado
Detesto o Natal
Há aquela frase aterrorizante do "Devia ser Natal todos os dias.", que me dá arrepios espinha abaixo. A única coisa boa do Natal é ser uma vez por ano e isso é olhar para o momento com espírito positivo. Eu sinceramente propunha que o Natal fosse de quatro em quatro anos e que o Campeonato Europeu de futebol fosse todos os anos. Digam-me o que é que o Natal tem de bom? Estar com a família por aí, mas não é realmente preciso o Natal para estar com eles e o melhor mesmo é estar com eles sem as exigências mesquinhas da época. Um Campeonato Europeu de Futebol é uma festa durante um mês, criando-se uma atmosfera impossível de reproduzir. Durante esse mês criam-se camaradagens e empolgamo-nos com os jogos. Em vez de ir para casa, saio para a rua, conheço pessoas, ando basicamente em festa a partir do momento que saio do trabalho. O Natal reproduz-se muito facilmente: aglomera-se família numa casa, compram-se uma data de prendas, passa-se uma noite com a família onde o momento alto é abrir as ditas prendas e fim.
P.S.: sim, ok, aquilo é a consoada, mas o dia seguinte é ainda pior: come-se muito e transladam-se os corpos para a frente da televisão. E eu apanhei um avião pra isto.
P.S.: sim, ok, aquilo é a consoada, mas o dia seguinte é ainda pior: come-se muito e transladam-se os corpos para a frente da televisão. E eu apanhei um avião pra isto.
quinta-feira
Nao somos todos verdes
Estive a ler o discurso do Cavaco Silva do dia 10 de Junho, mas nao foi lá que ele disse raça. Portanto, ainda nao sei realmente o que aconteceu. Se realmente é o homem ou um surto viral do politicamente correto. A palavra raça agora nao se diz, seja em que situaçao for, a nao ser seres nao humanos, imagino. Será que a minha piadinha de que em Portugal somos rafeiros é possível? Posso? Ou também é crime lingual?
Seja como for e nao tomando partidos, que eu nao tenho a minima ideia do contexto da palavra na frase e na situaçao, eu aponto este texto que li há muito poucos dias, talvez no mesmíssimo momento em que o Cavaco Silva expelia pela boca a palavra raça, talvez querendo dizer coragem, talvez querendo dizer aquele je ne sais quoi de rafeiro que os portugueses tem, talvez querendo dizer pelo nas ventas, talvez querendo dizer aquela espécie humana de altura abaixo da média europeia, talvez aquele pessoal todo que ouve fado e começa a fungar, talvez tentando animar os tugas choroes a serem mais vertebrais, talvez tentando incutir um certo sentimento de solidariedade (que nao existe), talvez num processo de telepatia, benza deus, espero que esta última nao.
É que se nao somos todos brancos, também nao somos todos verdes.
P.S.: Estive a olhar para a minha última frase e é passível de eu ser também apedrejada. Bem, nao sou famosa, é o que me vale.
Seja como for e nao tomando partidos, que eu nao tenho a minima ideia do contexto da palavra na frase e na situaçao, eu aponto este texto que li há muito poucos dias, talvez no mesmíssimo momento em que o Cavaco Silva expelia pela boca a palavra raça, talvez querendo dizer coragem, talvez querendo dizer aquele je ne sais quoi de rafeiro que os portugueses tem, talvez querendo dizer pelo nas ventas, talvez querendo dizer aquela espécie humana de altura abaixo da média europeia, talvez aquele pessoal todo que ouve fado e começa a fungar, talvez tentando animar os tugas choroes a serem mais vertebrais, talvez tentando incutir um certo sentimento de solidariedade (que nao existe), talvez num processo de telepatia, benza deus, espero que esta última nao.
É que se nao somos todos brancos, também nao somos todos verdes.
P.S.: Estive a olhar para a minha última frase e é passível de eu ser também apedrejada. Bem, nao sou famosa, é o que me vale.
quarta-feira
terça-feira
Latim
Número de alunos a aprender Latim diminuiu 80 por cento em dois anos
Por experiência própria sei que o ter aprendido latim é uma vantagem, pelo menos para aprender alemão. Os meus colegas italianos punham-me debaixo do braço, com uns racíocinios que me deixavam completamente fora de corrida. Esta não foi a primeira vez que fiquei triste por nunca ter tido latim. Quando estudei biologia, naquela parte mega-seca de dar nomes aos bichos, sentia que se soubesse latim aquilo não teria sido tão seca. O que tem mais piada é que eu acho que teria escolhido latim no liceu se me tivesse sido possível, mas eu era da área científica e latim não era uma opção. O meu interesse na altura era somente romântico, se bem que com uma certa precaução amedrontada depois de ler o "Manhã submersa" do Vergílio Ferreira. Eu punha-me a namorar os livros de latim dos meus colegas e a perguntar-lhes se o professor deles me deixaria assistir às aulas. Contudo, não havia possibilidade de horário para eu o fazer e assim nunca estudei latim.
Provavelmente, estivesse eu no liceu hoje, não pensaria em ter latim. Hoje a escola começa cedo a ser funcionalista e no entanto na Universidade em que esse propósito devia existir, as pessoas deixaram de encher os cursos de direito?
Por experiência própria sei que o ter aprendido latim é uma vantagem, pelo menos para aprender alemão. Os meus colegas italianos punham-me debaixo do braço, com uns racíocinios que me deixavam completamente fora de corrida. Esta não foi a primeira vez que fiquei triste por nunca ter tido latim. Quando estudei biologia, naquela parte mega-seca de dar nomes aos bichos, sentia que se soubesse latim aquilo não teria sido tão seca. O que tem mais piada é que eu acho que teria escolhido latim no liceu se me tivesse sido possível, mas eu era da área científica e latim não era uma opção. O meu interesse na altura era somente romântico, se bem que com uma certa precaução amedrontada depois de ler o "Manhã submersa" do Vergílio Ferreira. Eu punha-me a namorar os livros de latim dos meus colegas e a perguntar-lhes se o professor deles me deixaria assistir às aulas. Contudo, não havia possibilidade de horário para eu o fazer e assim nunca estudei latim.
Provavelmente, estivesse eu no liceu hoje, não pensaria em ter latim. Hoje a escola começa cedo a ser funcionalista e no entanto na Universidade em que esse propósito devia existir, as pessoas deixaram de encher os cursos de direito?
O colesterol
Cheguei à conclusão que em Portugal se gosta de falar de colesterol. Cada um tem uma história para contar, desde o pouco imaginativo, que só tem um número para dizer, o muito imaginativo que tem uma história absorvente de altos e baixos, o experimentativo, que já fez experiências entre o que come e bebe e como isso afecta o colesterol, o queixinhas, que se queixa do colesterol, o professoral que explica os tipos de colesterol e por aí em frente que não há limites ao colesterol daquela gente, que os benza deus. Eu sou contra o colesterol. O colesterol irrita-me. Não sei o meu colesterol, nem vejo daí grande benesse à minha saúde. Para mim o colesterol é como as rugas: indica idade e nem eu conto as rugas ao espelho, nem uma pessoa deixa de ir morrendo com a idade. Que uma pessoa tem que comer equilibradamente, fazer exercício e não fumar é uma coisa, que se tenha que trazer o colesterol à baila como uma medida quantitativa de quanto temos de mudar de vida é outra. E andar a tomar medicamentos para o colesterol sem mudar de vida é hipocrisia de saúde. Tenho dito.
segunda-feira
Palhaços
O jornalismo está ridículo. Com a seleção de futebol isto é tão claro que bate na cara. Quando a seleção estava em Viseu, os jornalistas visitaram uma aldeiazinha lá perto e perguntavam às pessoas se apoiavam a seleção, se tinham posto a bandeira e as pessoas lá juravam a pés juntos que sim e os que não tinham posto a bandeira pediam desculpa. Mostraram uma imagem que provavelmente os jornalistas pensaram castiça, das pessoas a sairem da igreja e preparem-se se não viram, perguntaram se era pedido na missa pela seleção! Caiu-se-me as mamas ao chão com o tamanho da estupidez e a pessoa a quem perguntaram esta enormidade também.
Hoje no Público há uma notícia em que se diz que os emigrantes em Neuchatel, onde a seleção está sedeada, comemoraram o feriado de 10 de Junho a 8 de Junho em honra da seleção. O título é que pela seleção até se muda o feriado. É óbvio que ninguém pode acreditar nisto, portanto, com base neste tipo de jornalismo só resta uma conclusão: os jornalistas um dia foram diabolicamente raptados numa ilha de um cientista maluco que lhes tirou os cérebros, colocou-os nuns frascos, mantem-los sobre uma dose racionada de choques eléctricos, libertou os corpos que agora andam por aí a fazer jornalismo e que acreditam que todas as pessoas que não têm o cérebro resgatado na ilha são imbecis.
Se a minha teoria cientista maluco não for verdade, continuo com a mesma dúvida: de onde veio esta gente? De que escola, que idade têm, eu imagino-os com vinte anos e acne, saídos de uma escola privada onde pensaram que estavam a aprender jornalismo, mas na verdade estavam a aprender artes circenses. Agora estão a fazer estágios de palhaço nos media.
Hoje no Público há uma notícia em que se diz que os emigrantes em Neuchatel, onde a seleção está sedeada, comemoraram o feriado de 10 de Junho a 8 de Junho em honra da seleção. O título é que pela seleção até se muda o feriado. É óbvio que ninguém pode acreditar nisto, portanto, com base neste tipo de jornalismo só resta uma conclusão: os jornalistas um dia foram diabolicamente raptados numa ilha de um cientista maluco que lhes tirou os cérebros, colocou-os nuns frascos, mantem-los sobre uma dose racionada de choques eléctricos, libertou os corpos que agora andam por aí a fazer jornalismo e que acreditam que todas as pessoas que não têm o cérebro resgatado na ilha são imbecis.
Se a minha teoria cientista maluco não for verdade, continuo com a mesma dúvida: de onde veio esta gente? De que escola, que idade têm, eu imagino-os com vinte anos e acne, saídos de uma escola privada onde pensaram que estavam a aprender jornalismo, mas na verdade estavam a aprender artes circenses. Agora estão a fazer estágios de palhaço nos media.
sexta-feira
Deutschland ueber alles
Eu de vez em quando vejo esta frase por aí sendo usada no sentido de Alemanha acima de tudo, sendo o tudo, outros povos, outros interesses. O sentido original desta frase não foi o de nacionalismo desenfreado, vamos pôr os nossos capacetes de bico e passar a ferro uns tantos pela nossa pátria. O sentido da frase nasceu na altura da unificação dos diferentes reinos no país Alemanha. Assim, o sentido é, acima destes retalhos de terra, a terra unida dos alemães. Era só para o caso de não saberem.
quinta-feira
Pois falemos de comida
Dei-me conta que os portugueses começam a ser poluídos pela soberba dos italianos. Eu gosto de comida italiana, gosto, sem dúvida alguma gosto. O que acontece é que os italianos aumentam desproporcionadamente os méritos da sua comida e acerrimamente. Basta dizer que eles conseguem passar horas a defender a radical diferença em sabor entre uma massa em espiral e uma massa cilíndrica. A discussao debruçou-se sobre os reconditos da mecanica de mastigaçao. Penso que já deu para entender como eles sao loucos quando se lhes dá trela e eu dou.
Pois estava eu a ler o Fugas do Público quando leio um artigo sobre risotto (as receitas italianas com arroz). A forma como o artigo estava escrito era como se em Portugal nunca jamais tivessemos visto arroz. Pessoalmente, eu escreveria o artigo como uma outra dimensao do arroz. Nao a descoberta de marcianos na praia do Guincho. Os italianos realmente construiram um mundo de sabores muito interessante e a crítica que farei a seguir sei que está dependente de eu ser portuguesa. O risotto é muito imaginativo e constrói sabores prodigiosos, mas é um prato em que geralmente cada garfada é a mesma da anterior. Vejam o arroz de cabidela: cada garfada é diferente, é impossível nao querer mais, é como um jogo de computador que já se conhece, mas parece que quanto mais se joga mais excitante fica. O risotto á quinta garfada é um território conhecido que já nao apetece explorar, mas sentarmo-nos para trás e escrever sobre isso. Os italianos sao prodigiosos em escrever sobre isso e exageram a tais limites que já nao se fala de arroz, mas da descoberta marítima para a India. Devo dizer, que segundo os italianos, os pastéis de belém também foram descobertos por eles.
Também li há uns dias que os franceses querem propor a culinária francesa a património imaterial da humanidade. O que poe a soberba dos italianos numa perspectiva bem atraente. Um só frances irrita o mesmo que oitenta arrobas de italianos. Os italianos sao melhores comensais. Os franceses infelizmente levam-se demasiadamente a sério. Mas algo que todos concordamos: os alemaes do norte nao cozinham, eles assassinam os ingredientes. E no fim, para terem a certeza que ninguém sobrevive, afogam-nos num molho qualquer.
P.S.: Há excepçoes claro, como por exemplo, algumas coisas simples que os alemaes do norte fazem com os espargos, que sao desta estaçao. É uma emoçao quando chega Maio.
P.S.2: Ainda assim, os alemaes do norte sabem o que é comida, ainda que torturada, eu tenho a impressao que se fosse servida uma salada de plástico a ingleses, eles comiam-na sem pestanejar.
P.S.3: Generalizar é baixaria, mas aceitem, toda a generalizaçao tem um fundinho de verdade.
Pois estava eu a ler o Fugas do Público quando leio um artigo sobre risotto (as receitas italianas com arroz). A forma como o artigo estava escrito era como se em Portugal nunca jamais tivessemos visto arroz. Pessoalmente, eu escreveria o artigo como uma outra dimensao do arroz. Nao a descoberta de marcianos na praia do Guincho. Os italianos realmente construiram um mundo de sabores muito interessante e a crítica que farei a seguir sei que está dependente de eu ser portuguesa. O risotto é muito imaginativo e constrói sabores prodigiosos, mas é um prato em que geralmente cada garfada é a mesma da anterior. Vejam o arroz de cabidela: cada garfada é diferente, é impossível nao querer mais, é como um jogo de computador que já se conhece, mas parece que quanto mais se joga mais excitante fica. O risotto á quinta garfada é um território conhecido que já nao apetece explorar, mas sentarmo-nos para trás e escrever sobre isso. Os italianos sao prodigiosos em escrever sobre isso e exageram a tais limites que já nao se fala de arroz, mas da descoberta marítima para a India. Devo dizer, que segundo os italianos, os pastéis de belém também foram descobertos por eles.
Também li há uns dias que os franceses querem propor a culinária francesa a património imaterial da humanidade. O que poe a soberba dos italianos numa perspectiva bem atraente. Um só frances irrita o mesmo que oitenta arrobas de italianos. Os italianos sao melhores comensais. Os franceses infelizmente levam-se demasiadamente a sério. Mas algo que todos concordamos: os alemaes do norte nao cozinham, eles assassinam os ingredientes. E no fim, para terem a certeza que ninguém sobrevive, afogam-nos num molho qualquer.
P.S.: Há excepçoes claro, como por exemplo, algumas coisas simples que os alemaes do norte fazem com os espargos, que sao desta estaçao. É uma emoçao quando chega Maio.
P.S.2: Ainda assim, os alemaes do norte sabem o que é comida, ainda que torturada, eu tenho a impressao que se fosse servida uma salada de plástico a ingleses, eles comiam-na sem pestanejar.
P.S.3: Generalizar é baixaria, mas aceitem, toda a generalizaçao tem um fundinho de verdade.
quarta-feira
Filha ingrata jura que ama quando se lembra
Pois sim, há net em Viseu, mas isto de férias, é até para os normais passatempos.
Retornei e vim muito bem, muito revigorada com aquele je ne sais quoi que os ventos de Portugal transportam. Anda tudo anafadinho a falar de uma crise que é como as bruxas. Pelas janelas de Viseu as bandeiras seguiam-se preservando-me de não saber em que país estaria caso batesse a cabeça e acordasse amnésica. Mas de resto ninguém fala seriamente da seleção, a não ser para as chalaças e não é nada irritante a não ser que se ligue a televisão fora da RTP2, pelo que concluo que o carpir pela blogosfera é de quem precisa de se carpir. As pessoas olham-me tristemente por viver em país em que não se sabe o que é comer ou beber bem, o que eu confirmo. Não minto e as pessoas ficam muito satisfeitas, o que me agrada.
Eu sei, devia ir mais vezes, mas eu esqueço-me do que não está à frente do meu nariz. Além que o meu coração tem a mania danada de vir comigo para onde quer que vá. Mas vou escrever na minha agenda em certos dias para me lembrar de ter saudades. A culpa é minha, não é vossa.
Retornei e vim muito bem, muito revigorada com aquele je ne sais quoi que os ventos de Portugal transportam. Anda tudo anafadinho a falar de uma crise que é como as bruxas. Pelas janelas de Viseu as bandeiras seguiam-se preservando-me de não saber em que país estaria caso batesse a cabeça e acordasse amnésica. Mas de resto ninguém fala seriamente da seleção, a não ser para as chalaças e não é nada irritante a não ser que se ligue a televisão fora da RTP2, pelo que concluo que o carpir pela blogosfera é de quem precisa de se carpir. As pessoas olham-me tristemente por viver em país em que não se sabe o que é comer ou beber bem, o que eu confirmo. Não minto e as pessoas ficam muito satisfeitas, o que me agrada.
Eu sei, devia ir mais vezes, mas eu esqueço-me do que não está à frente do meu nariz. Além que o meu coração tem a mania danada de vir comigo para onde quer que vá. Mas vou escrever na minha agenda em certos dias para me lembrar de ter saudades. A culpa é minha, não é vossa.
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