quarta-feira
terça-feira
:: displaced sadness ::
you in the dark you in the pain :: you on the run :: living a hell living your ghost :: living your end :: never seem to get in the place :: that i belong :: don't want to lose the time :: lose the time to come
whatever you say it's alright :: whatever you do it's all good :: whatever you say it's alright :: silence is not the way :: we need to talk about it :: if heaven is on the way
you in the sea on a decline :: breaking the waves :: watching the lights go down :: letting the cables sleep
silence is not the way :: we need to talk about it :: if heaven is on the way :: we'll wrap the world around it :: if heaven is on the way
i'm a stranger in this town :: i'm a stranger in this town
letting the cables sleep
do álbum The science of things
BUSH
segunda-feira
Animação
Para quem gosta de animação: o Daniel Carrapa descobriu a Madame Tutli-Putli. Neste filme, os criadores adicionaram olhos humanos às marionetes. As imagens são, ao mesmo tempo, fascinantes e arrepiantes.
Perdas no Iraque
Uma resposta de Yanar Mohammed, activista dos direitos das mulheres iraquianas, numa entrevista no Truthdig:
Tradução minha (o itálico no original)
(...) o mito da democracia já matou meio milhão de iraquianos, o que seria perdoável se nos tivesse sido dada a real democracia, na qual as pessoas são representadas segundo as suas filiações políticas, o seu entendimento económico ou as suas sensibilidades em justiça social. Contudo, os iraquianos são representados segundo a sua religião e etnia. É como se a Administração dos EUA estivesse a tentar dizer ao mundo que os iraquianos não têm o direito ao entendimento político ou à actividade política. A fórmula que nos foi dada é um insulto a uma parte do mundo onde a actividade política é bastante dinâmica e onde existe toda uma gama de ofertas políticas - ao início da guerra inscreveram-se milhares de partidos políticos. E todos eles queriam competir, ou digamos, correr para a democracia; mas a quem foi dado o poder, quem foi apoiado? Na maior parte os grupos religiosos e os grupos étnicos. E os grupos de mulheres? A Administração americana não estava realmente interessada em falar com grupos de mulheres, digamos, livres. Preferiram trazer elementos decorativos para o parlamento, pessoas que parecem mulheres, mas que votam numa constituição que é contra as mulheres. A constituição, neste momento, impôs-nos a lei da Sharia, quando, antes da guerra, tinhamos uma constituição secular que respeitava os direitos das mulheres. Portanto, algo mais perdido nesta guerra.(...)
Tradução minha (o itálico no original)
sexta-feira
A rima nos sentidos perdidos
Há três dias fui ver o Inland Empire. Se eu escrevesse um poste logo depois de ver o filme, consistiria em: "daqui a um mês talvez possa dizer qualquer coisa". O problema do filme é que se pode falar um mês e arranjar novas coisas para dizer. É uma autêntica provocação à imaginação. Merecia uma violação num beco de Hollywood. É um filme de mini-saias! Uff.....
A primeira hora tem sentido, melhor, sentidos limitados, mesmo, a esperança de um sentido. É uma hora de argumento com a possibilidade de um caminho, pelo que na primeira hora eu estava aborrecida. Uma pessoa com pouca imaginação gosta é da primeira hora. A seguir as galinhas saiem da capoeira e é o tumulto no quintal. Aí o boi tem que ser domado. E digo-vos: a merda do boi arrasa-vos o cachaço. Não recomendável a pessoas de neurónios linearmente posicionados e facilmente enojados com cabelos no ralo do duche.
P.S.: falando a sério: achei-o um filme muito feminil. Todas as vidas/possibilidades/cruzamentos que temos cá dentro e o amor como a maior aspiração de uma mulher. Mas isto sou só eu. Se alguém disser que vê no filme a reflexão tónica do existencialismo num espelho estilhaçado; está bem. Ou: a esquizofrenia latente na manhã de cada um de nós; está bem. Ou até: a forma de uma nuvem numa chave de fendas; também está bem. É poesia, minha gente, PO-E-SIA. {não estou a sarcasmar, ok? Eu gostei da merda do filme! Sou capaz de não conseguir jamais escrever com sentido ao pensar nele, mas... Uff...}
quarta-feira
Arrepio
Ir ao cinema na Alemanha é demasiadas vezes uma experiência a esquecer. O pessoal comporta-se como se estivesse na sala de estar da casa deles, só que com muitos sofás. Um dia senti duas presenças estranhas de cada lado da minha cabeça. Quando olhei eram os pés descalços da senhora atrás. Acho que nunca fiquei tão atónita na minha vida. Outra vez, andei a fugir com todos os outros de um senhor que empestava. Como podem imaginar éramos vinte todos juntinhos de um lado da sala e o senhor e a esposa no lado oposto. Ela resmungava contra nós. Gerou-se ali um problema de racismo: os com nariz e os sem. Nem falo das normais grunhices com telemóveis e comidas (pipocas é aperitivo) e pessoas a falar como se estivessem no bar ao lado. Mas o que me põe fora de mim e já me fez começar a asneirar várias vezes é o uso que fazem do riso: eles riem-se com a tragédia. Não é por acaso que no alemão há uma palavra para o ficar feliz com a infelicidade dos outros (Schadenfreude). É desconcertante eu a entristecer com uma cena e de volta o eco ridente. É irritante. Mas não é só no cinema! Um dia destes estávamos num imbiss (um boteco onde se come comida rápida) e a namorada autóctone de um amigo meu lia o jornal, quando viu uma notícia de um corpo encontrado no rio. Ela riu-se. Não conseguiu explicar porquê. Depois, quando já nos tinhamos separado dela, o namorado repetia "Mas ela estava-se a rir...". "Ela estava-se a rir, não estava?" Digo-vos: arrepiante.
domingo
Este é para os médicos:
O corpo humano é um conjunto de sistemas que se interligam para fazer um mecanismo maravilhoso. Quando era criança adorava programas sobre o corpo humano e empolgava-me pelas correntes de sangue, o bater do coração, a imagem de uma potente bomba em síncopes, a pele, o que nos diziam da imensidade da pele, as camadas, as defesas, os pêlos a empertigarem-se de medo ou frio, as íris a responder à luz, os mensageiros, os soldados, as sinapses, as lágrimas a limparem-nos os olhos. O corpo humano é belíssimo e é um prazer aprender sobre ele. Mas somos muito mais e esse mais vive-se todos os dias quando as lágrimas também nos limpam as tristezas, o coração bate de amor, o sangue corre de excitação, a pele treme de prazer, a boca beija, os olhos sorriem, as sinapses levam anseios, todos nós um mundo de emoções. Somos, cada um de nós únicos nisto. Todos nós um maravilhoso mundo que não merece ser reduzido ao mecanismo. Blood makes noise.
sábado
Os miseráveis
Nenhuma entrevista me persegue mais que uma conversa que tive em 1996 com uma camponesa cambojana chamada Nhem Yen. Ela tinha 40 anos, mas parecia mais velha, e vivia com a família numa aberta da selva cambojana. A área era conhecida pelos surtos de malária, mas a família era ambiciosa, industriosa e pensaram que o dinheiro que podiam fazer a cortar e a vender madeira valia o risco.
A filha mais velha de Nhem Yen, de 24 anos e grávida do segundo filho, rapidamente apanhou malária. Sem dinheiro para comprar os medicamentos (um tratamento efectivo custaria menos de 10$), ela morreu no dia a seguir ao parto. Nhem Yen ficou a tomar conta dos seus cinco filhos, mais os dois netos.
A família possuía um mosquiteiro com capacidade para três pessoas. Estas redes são efectivas contra a malária, mas custam 5$ e a Nhem Yen não podia custear mais. Assim, todas as noites ela agonizava na decisão de quais das crianças colocar no mosquiteiro e quais deixar de fora.
"É muito difícil decidir," ela disse-me. "Mas não temos dinheiro para comprar outro mosquiteiro. Não temos escolha."
Esta é a verdadeira face da pobreza: não tanto a dor da fome ou a humilhação dos trapos, mas a das escolhas impossíveis.
Início de um texto excelente: "Wretched of the Earth" de Nicholas D. Kristof no The New York Review of Books.
Tradução minha.
quinta-feira
terça-feira
E os deuses...
não se levantam...
E a alma não se mantém
Uma multidão ergue-se na garganta
Mas ninguém canta, ninguém
Algures...
Mulheres...
Nós...
Alguém...
E a alma não se mantém
Uma multidão ergue-se na garganta
Mas ninguém canta, ninguém
Algures...
Mulheres...
Nós...
Alguém...
domingo
O pseudofeminismo mortal
Andava a ver na estante da minha amiga por um filme e acabei por escolher o "Thelma & Louise", que vi pela primeira vez. Tinha a ideia, pelo que as pessoas tinham comentado do filme, que era um filme 'feminista'. Mas, na minha opinião, está longe de o ser. A minha ideia de feminismo não é que as mulheres se vejam encurraladas num mundo machista e na circunstância de resolverem a situação aos tiros. Que se tenham de vingar dos homens, que os tenham de fazer sofrer e que no fim sejam mártires. A ideia de que este filme tem uma mensagem feminista, ofende-me.
Gostei do filme, é uma bonita história de amizade, faz-nos gostar das personagens, mas não há ali mulheres que controlam as suas vidas. Aquilo é uma história de vítimas. Amigas minhas disseram-me que, na adolescência, as personagens deste filme tinham sido para elas imagens de heroínas! Há aqui algo muito errado. Extremamente errado no que as raparigas veêm como modelos femininos!
Histórias de feminismo são aquelas de mulheres que lutam de formas construtivas por um mundo mais livre e igual no plano do género e/ou que querem escolher o seu próprio caminho contra convenções sociais e/ou que têm os seus inevitáveis problemas particularmente femininos na vida. Não, cujas opções são o homicídio e o suicídio.
sábado
Os corpos indefesos
Li que está em Portugal a exposição dos corpos humanos. Eu vi essa exposição quando vim viver para Hamburgo, já há uns anos. A minha maior preocupação era que eu me desmelinguisse, já que as minhas capacidades para ver carne viva ou ossos descarnados não é famosa. A parte ética também me ocupava os pensamentos, mas sem certezas se realmente os rumores eram verdadeiros e crendo que dar o corpo para o conhecimento é um destino mais bonito que alimentar uma data de bichos, esta parte adormeceu. E lá fui. A exposição é interessante e aprende-se, contudo pareceu-me que essa aprendizagem é perfeitamente conseguida sem utilizar realmente corpos humanos (o mais pedagógico pareceu-me até uma secção somente com órgãos, uns doentes e outros saudáveis). Pelo que acabei incomodada. Quando já estava incomodada, entrei na parte da exposição em que não há nada de novo e então é exibição pura. Ter um esqueleto e músculos na pretensão de jogar basquetebol não acrescentava nada; ou olhar para mais dois cadáveres na posição de jogar xadrez só me levou a pensar nos escalpeladores e desconfiar da sua única intenção de demonstrar virtuosismo na técnica utilizada para criar aquelas cenas. Os corpos eram uma fonte lúdica e não de conhecimento. Eu saí da exposição desconfortável e triste naquela parte de mim que diz que devemos respeito à memória dos que morreram. Eu aconselharia a não ir, por essa parte de nós que vive na memória dos que partiram. Usar os corpos humanos mortos para divertimento parece-me mal. Sem falar de que muitos daqueles corpos vandalizados estão ali porque ninguém estava presente ou porque as pessoas foram impedidas de venerar a sua memória por um cerimonial que é quase tão velho quanto a espécie humana. Há ali um fracasso na nossa humanidade e sociabilidade. Se o fracasso colectivo no mundo deles não fosse suficiente, importamos esse fracasso para nosso divertimento. A utilização do corpo humano para a melhoria dos viventes é um fim nobre, mas aquilo não é nobre. Arrependo-me de o ter visto e espero que a minha tristeza e os meus pensamentos enquanto olhava aqueles corpos, a minha homenagem silenciosa, possa de alguma forma ter lavado a minha dignidade. Mas duvido.
quinta-feira
Elogio aos modelos matemáticos
Tanta poesia na Science é raro. Eu confesso que me emocionei. Até tenho outro amor ao meu modelinho....
My world embraces and celebrates them all. All manner of models, to be chosen (like a set of tools) to suit the particular task. Lay stakeholders in the here and now, doing what they do best (imagining their worst fears and best hopes for the future) with their mental models, fuzzy calculus, or belief network models. Webs of tentative cause-effect couples fed, perhaps, by bizarre boundary and initial conditions, hence to deduce a rich heterogeneity of future patterns of environmental behavior--some radically different from what we have come to know and love. Quantitative modelers (engineers indeed) doing what they do best: mobilizing the current science base (uncertainties, warts, and all) into a computational model; thus to assess the plausibility of the imagined futures, under gross uncertainty; thus to identify what we would most like to understand much better, in the here and now, about the uncertainties (be they elements of the science, the policies, or the technologies) that are crucial to discriminating between the reachability of our worst fears or our greatest hopes. Nothing stands still: not images of the future, nor our qualitative models, nor our quantitative models. Call this living in a "recursive predictive world" [as I have labeled it elsewhere (4)], a collective form of adaptive community learning. We condition the step we take today on contemplation of where we might be several steps hence and revisit such conditioning and contemplation each and every day. No hint here of forecasting the state of nature at some point on the globe at some instant in the future.
M. Bruce Beck in Science 13 April 2007: Vol. 316. no. 5822, pp. 202 - 203 DOI: 10.1126/science.1140778
My world embraces and celebrates them all. All manner of models, to be chosen (like a set of tools) to suit the particular task. Lay stakeholders in the here and now, doing what they do best (imagining their worst fears and best hopes for the future) with their mental models, fuzzy calculus, or belief network models. Webs of tentative cause-effect couples fed, perhaps, by bizarre boundary and initial conditions, hence to deduce a rich heterogeneity of future patterns of environmental behavior--some radically different from what we have come to know and love. Quantitative modelers (engineers indeed) doing what they do best: mobilizing the current science base (uncertainties, warts, and all) into a computational model; thus to assess the plausibility of the imagined futures, under gross uncertainty; thus to identify what we would most like to understand much better, in the here and now, about the uncertainties (be they elements of the science, the policies, or the technologies) that are crucial to discriminating between the reachability of our worst fears or our greatest hopes. Nothing stands still: not images of the future, nor our qualitative models, nor our quantitative models. Call this living in a "recursive predictive world" [as I have labeled it elsewhere (4)], a collective form of adaptive community learning. We condition the step we take today on contemplation of where we might be several steps hence and revisit such conditioning and contemplation each and every day. No hint here of forecasting the state of nature at some point on the globe at some instant in the future.
M. Bruce Beck in Science 13 April 2007: Vol. 316. no. 5822, pp. 202 - 203 DOI: 10.1126/science.1140778
quarta-feira
Eu, pecadora, me confesso
No De Rerum Natura faz-se uma visita a Dawkins, actualmente o mais famoso ateísta deste planeta. Dawkins é uma pessoa fascinante, interessante, inteligente e tem o sotaque mais sexy deste planeta. Além disso, é um cientista brilhante. Será possível um homem ser tao perfeito? Ve-lo a explicar por que ser ateísta nao é de forma alguma uma forma negativa de ver a vida (pelo contrário), é um consolo para a alma, o que torna completamente desnecessária a religiao, cujas propriedades de conforto baseadas em desrazao, sao a sua unica razao válida. Por isso, fora com as esclerosadas amenidades da fé, venham as amenas racionalidades: ide ao De Rerum Natura, sigam as ligaçoes e aprendam com o meu pastor.
terça-feira
Eu, pecadora, me confesso
Eu sou fumadora e logo uma potencial perturbadora. Eu poluo e tendo esta noção, sou uma fumadora envergonhada. Assim, sem pensar que tenho o direito absoluto de fumar quando me dá na veneta, na celeuma que anda pela blogosfera, eu andei a observar, dividida, mas não pelo meu estatuto de chaminé a quem impedem de defumar. Somente metia-me impressão que o Governo possa impedir o dono de um local de escolher as condições da sua propriedade, mas também me parecia que o Governo pode e deve proteger quem não fuma. Está provado que fumar afecta a saúde e não só de quem fuma. Portanto, estava dividida no plano ideológico.
Felizmente há pessoas que conseguem escrutinar e delinear um consenso: eu gosto deste consenso. Acho este texto brilhante.
segunda-feira
Feminismo Pavlov
Birth control pill manufacturer Wyeth has whipped up a new product, Lybrel, that will not only prevent pregnancies but will apparently eliminate menstrual periods altogether. Does this development constitute a liberating break from biology for women or a subtle message that their bodies need to be somehow ‘fixed’?
New York Times: And studies have found no extra health risks associated with pills that stop menstruation, although some doctors caution that little research has been conducted on long-term effects.
The topic has, however, inspired an hourlong documentary by Giovanna Chesler, “Period: The End of Menstruation?,” currently screening on college campuses and among feminist groups.
Ms. Chesler, who teaches documentary making at the University of California, San Diego, said she became concerned about efforts to eliminate menstruation when she first heard about the idea several years ago.
“Women are not sick,” she said. “They don’t need to control their periods for 30 or 40 years.”
Eu há uns tempos li isto e fiquei sem saber o que pensar. Não me pareceu nada mau não ter que passar pelo período menstrual, que pode por vezes ser bastante desconfortável (estou a falar de dores, meus senhores). Contudo, já tenho idade suficiente, para compreender e esperar que as pessoas imponham simbologias a processos naturais. Contudo, as feministas irritam-me um pouco, pois reajem à Pavlov: olham para o mundo pelas lentes anti-homem, em vez de olhar pelas pró-mulher e nisto quem sofremos somos nós, numa guerra tola.
O que eu pensei foi: será mesmo natural parar a menstruação? Não é suposto acontecer e não nos fará mal não ter? Aí, por uma coincidência feliz, este fim-de-semana li isto (podem saltar logo para o último parágrafo, se bem que acho que vale a pena ler tudo):
Of all the hormones that inhibit the reproductive system during stress, prolactin is probably the most interesting. It is extremely powerful and versatile; if you don't want to ovulate , this is the hormone to have lots of in your bloodstream. It not only plays a major role in the suppression of reproduction during stress and exercise, but it also is the main reason that breast feeding is such an effective form of contraception.
Oh, you are shaking your head smugly at the ignorance of this author with that Y chromosome; that's an old wives' tale; nursing isn't an effective contraceptive. On the contrary, nursing works fabulously. It probably prevents more pregnancies than any other type of contraception. All you have to do is do it right.
Breast feeding causes prolactin secretion. There is a reflex loop that goes straight from the nipples to the hypothalamus. If there is nipple stimulation for any reason (in males as well as females), the hypothalamus signals the pituitary to secrete proctalin. And as we now know, prolactin in sufficient quantities causes reproduction to cease.
The problem with nursing as a contraceptive is how it is done in Western societies. During the six months or so that she breast-feeds, the average mother in the West allows perhaps half a dozen periods of nursing a day, each for 30 to 60 minutes. Each time she nurses, prolactin levels go up in the bloodstream within seconds, and at the end of the feeding, prolactin settles back to pre-nursing levels fairly quickly. This most likely produces a scalloping sort of pattern in prolactin release.
This is not how most women on earth nurse. A prime example emerged a few years ago in a study of hunter-gatherer Bushmen in the Kalahari Desert of Southern Africa (the folks depicted in the movie 'The Gods must Be Crazy'). Bushman males and females have plenty of intercourse, and no one uses contraceptives, but the women have a child only about every four years. Initially, this seemed easy to explain. Western scientists looked at this pattern and said, "They're hunter-gatherers: life for them must be short, nasty, and brutish; they must all be starving." Malnutrition induces cessation of ovulation.
However, when anthropologists looked more closely, they found that the Bushmen were anything but suffering. If you are going to be nonwesternized, choose to be a hunter-gatherer over being a nomadic pastoralist or an agriculturist. The Bushmen hunt and gather only a few hours a day, and spend much of the rest of their time sitting around chewing the fat. Scientists have called them the original affluent society. Out goes the idea that the four-year birth interval is due to malnutrition.
Instead, the lenghty interval is probably due to their nursing pattern. This was discoverd by a pair of scientists, Melvin Konner and Carol Worthman. When a hunter-gatherer woman gives birth, she begins to breast-feed her child for a minute or two approximately every fifteen minutes. Around the clock. For the next three years. (Suddenly this doesn't seem like such a hot idea after all, does it?) The young child is carried in a sling on the mother's hip so he can nurse easily and frequently. At night, he sleeps near his mother and will nurse every so often without even waking her (as Konner and Worthman, no doubt with their infrared night-viewing googles and stopwatches, scribble away on their clipboards at two in the morning). Once the kid can walk, he'll come running in from play every hour or so to nurse for a minute.
When you breast-feed in this way, the endocrine story is very different. At the first nursing period, prolactin levels rise. And with the frequency and timing of the thousands of subsequent nursings, prolactin stays high for years. Estrogen and progesterone levels are suppressed, and you don't ovulate.
This pattern has a fascinating implication. Consider the life history of a hunter-gatherer woman. She reaches puberty at about age thirteen or fourteen (a bit later than in our society). Soon she is pregnant. She nurses for three years, weans her child, has a few menstrual cycles, becomes pregnant again, and repeats the pattern until she reaches menopause. Think about it: over the course of her life span, she has perhaps two dozen periods. Contrast that with modern Western women, who typically experience hundreds of periods over their lifetime. Huge difference. The hunter-gatherer pathern, the one that has occurred throughout most of human history, is what you see in nonhuman primates. Perhaps some of the gynecological diseases that plague modern westernized women have something to do with this activation of a major piece of physiological machinery hundreds of times when it may have evolved to be used only twenty times; an example of this is probably endometriosis (having uterine lining thickening and sloughing off in places in the pelvis and abdominal wall where it doesn't belong), which is more common among women with fewer pregnancies and who start at a later stage. (Remarkably, the same is now being reported in zoo animals who, because of the circumstances of their captivity, reproduce far less often than those in the wild).
"Why zebras don't get ulcers. The acclaimed guide to stress, stress-related diseases, and coping." (2004) Robert M. Sapolsky. Owl books. Terceira edição. págs 132-134.
O que parece significar:
FEMINISMO IDIOTA - 0 | 1 - BIOLOGIA FEMININA
sábado
Homo simplex
A noite prolonga-se e ele, sem nunca parar para respirar (será que pratica mergulho em apneia?), afirma que as mulheres falam, em média, muito mais que os homens. Quantos homens, meu deus, sem dizerem nada, para compensarem este tonto. Continua por esse mundo mágico da generalização, afirmando que os homens são simples enquanto que as mulheres: é o que se sabe. Eu começo a passar revista aos homens que conheço e a simplicidade escapa-se-me. Entre aquele que obsessa há quatro anos pela mesma mulher inalcançável, o que obsessa pela organização do frigorífico (what a freak), o que anda a espalhar suspiros mal-humorados pela casa e se se lhe pergunta o que tem, faz um sorriso falso e diz "quem eu?", até que finalmente explica o que se se fez para o chatear, o que inventa angústias mil, no que parece ser uma estratégia para acordar o lado maternal das mulheres que conhece ("a vida é complicada!" - diz com trejeitos trágicos), o que passa os dias ganzado (a realidade entedia), o incapaz de viver sozinho (namoradas como expedientes anti-solidão), o que nega a sua própria felicidade com justificações misteriosas (sim, mas não), o que colecciona quecas (selos e garrafas de coca-cola)... Agora atira-se umas pitadas de egoísmo, incapacidade de ver no espelho, liquídos com uma certa percentagem de álcool (para a anestesia), voilá!... Simples.
quinta-feira
Experiente
É uma pequena cidade, vizinha a Roma, empoleirada no pinoco de um monte. As vistas são deslumbrantes, as ruas estreitas e patuscas. Há festa, saltimbancos esforçam-se com ar entediado para alegrar os turistas, ainda mais entediados. O desejo de não desiludir a mãe católica do meu bom amigo, leva-nos, a ambos, a visitar um convento. Durante a visita fazemos caretas um ao outro para nos distrairmos, enquanto a pequena freira conta a história aborrecida da fundação do convento. No pequeno pátio: uma estátua bruta do falecido papa, em que se tenta dar movimento à pedra e esta rebela-se, acentuando toda a sua monolítica passividade. A freira fala da sua devoção pelo João Paulo II e eu lembro-me de uma pintura que vi algures (museu do Vaticano?) de uma freira que olha para Jesus Cristo de uma forma altamente inapropriada. A santidade do falecido foi diagnosticada por ela ainda antes dele ter morrido e assim ter passado a merecer o título. O deleite é tanto que presumo que ela seja a fã número um.
Os vestígios da origem palaciana do convento foram aniquilados pela restauração. Na biblioteca bocejante ela tenta vender-nos um chá para maleitas. Numa prateleira, numerosos livros sobre a interpretação de sonhos. Presente: Freud. Num salão enorme (finalmente algo realmente interessante), onde se imaginam cavaleiros medievais a lambuzarem-se com bocados desmesurados de javali enquanto planeiam o assassinato do Papa, ela tenta vender-nos os bordados das diligentes freirinhas. Ponho-me à janela escancarada, a admirar as vistas soberbas sobre os vales pintalgados. O meu amigo aproxima-se e diz-me ao ouvido que não poderei ser freira. Finjo-me destroçada e pergunto porquê. "Só até aos trinta." "Porquê?" "Depois considera-se que as mulheres têm experiência a mais." Dou uma risada sonora que cavala pela sala enorme. A freira olha-me. Eu sorrio feliz. Sou uma mulher experiente. Infantil, mas experiente.
Os vestígios da origem palaciana do convento foram aniquilados pela restauração. Na biblioteca bocejante ela tenta vender-nos um chá para maleitas. Numa prateleira, numerosos livros sobre a interpretação de sonhos. Presente: Freud. Num salão enorme (finalmente algo realmente interessante), onde se imaginam cavaleiros medievais a lambuzarem-se com bocados desmesurados de javali enquanto planeiam o assassinato do Papa, ela tenta vender-nos os bordados das diligentes freirinhas. Ponho-me à janela escancarada, a admirar as vistas soberbas sobre os vales pintalgados. O meu amigo aproxima-se e diz-me ao ouvido que não poderei ser freira. Finjo-me destroçada e pergunto porquê. "Só até aos trinta." "Porquê?" "Depois considera-se que as mulheres têm experiência a mais." Dou uma risada sonora que cavala pela sala enorme. A freira olha-me. Eu sorrio feliz. Sou uma mulher experiente. Infantil, mas experiente.
quarta-feira
Literatura: abrir algo entre a palavra e o silêncio
No se trata de hablar,
ni tampoco de callar:
se trata de abrir algo
entre la palabra y el silencio.
Quizá cuando transcurra todo,
también la palabra y el silencio,
quede esa zona abierta
como una esperanza hacia atrás.
Y tal vez ese signo invertido
constituya un toque de atención
para este mutismo ilimitado
donde palpablemente nos hundimos.
Roberto Juarroz
ni tampoco de callar:
se trata de abrir algo
entre la palabra y el silencio.
Quizá cuando transcurra todo,
también la palabra y el silencio,
quede esa zona abierta
como una esperanza hacia atrás.
Y tal vez ese signo invertido
constituya un toque de atención
para este mutismo ilimitado
donde palpablemente nos hundimos.
Roberto Juarroz
terça-feira
A tragédia na literatura
Quando andava a ler o último livro do António Lobo Antunes, o 'Ontem não te vi em Babilónia', escrevi isto. Sinto realmente que a literatura é uma forma nobre de expressar sentires dificilmente explicáveis. Uma forma de expressarmo-nos, como outras formas de arte, usando letras, palavras, pontos, gramáticas, em vez de tintas, pianos, pernas e braços. Há a necessidade humana de comunicar, seja de que forma fôr, incluindo escrever em blogues. Quando essa comunicação é de tanta honestidade que leva um pouco da alma da pessoa, é especial.
Alguns escritores escrevem magistralmente, de forma original, tocam-nos, são exímios no ponto e na vírgula. Outros têm sucesso, mas só contam boas histórias. Outros escrevem-se e muitos nem publicam, mas o que escrevem não tem valor?
Eu, numa caixa de comentários neste poste, escrevi a minha ideia de literatura de acesso à alma. Disse-me uma amiga que prefere falar, talvez pensando nos meus pseudopoemas. Cada um é como é, mas quando alguém escolhe escrever e os outros escolhem não ler, não usar essa porta, parece-me uma perda. Estava nestes raciocínios quando me lembrei de um texto interessantíssimo ao quadrado que um elemento do 5 dias teve a amabilidade de traduzir do francês.
Parece-me que nem todas as pessoas falam e muitas que falam falham a verdade e há muitas maneiras de ver a sério os outros e acho que muitas vezes pode-se chegar mais facilmente até aos outros por outros meios comunicacionais. É uma perda a estreiteza e por vezes até, uma tragédia.
Alguns escritores escrevem magistralmente, de forma original, tocam-nos, são exímios no ponto e na vírgula. Outros têm sucesso, mas só contam boas histórias. Outros escrevem-se e muitos nem publicam, mas o que escrevem não tem valor?
Eu, numa caixa de comentários neste poste, escrevi a minha ideia de literatura de acesso à alma. Disse-me uma amiga que prefere falar, talvez pensando nos meus pseudopoemas. Cada um é como é, mas quando alguém escolhe escrever e os outros escolhem não ler, não usar essa porta, parece-me uma perda. Estava nestes raciocínios quando me lembrei de um texto interessantíssimo ao quadrado que um elemento do 5 dias teve a amabilidade de traduzir do francês.
Parece-me que nem todas as pessoas falam e muitas que falam falham a verdade e há muitas maneiras de ver a sério os outros e acho que muitas vezes pode-se chegar mais facilmente até aos outros por outros meios comunicacionais. É uma perda a estreiteza e por vezes até, uma tragédia.
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