Para o Vaticano, pois, a possibilidade de acabar no mundo inteiro com a criminalização da homossexualidade levaria necessariamente à pressão para a aprovação dos casamentos homossexuais no mundo inteiro. E, portanto, a única forma de impedir que esse horror – a universalização do casamento homossexual – suceda é continuar a perseguir os homossexuais no maior número de países possível.
A primeira brecha na minha religiosidade foi quando soube da Inquisiçao. Visto daqui, os sentimentos que me submergiram na altura só poderiam ter aquela intensidade de terramoto porque era muito nova e muito crédula e muito ingénua. Era adolescente, o mundo era feito de preto e branco e eu nao entendia a possibilidade de me associar a uma instituiçao que perpretou aquilo. A minha mae dizia-me que tinha sido há muitos anos, imensos, as coisas tinham mudado. Apesar de a acreditar, eu nao consegui reaver o antes, como se tivesse comido uma espécie de maça.
Contudo, a minha mae está errada.
segunda-feira
domingo
Professores
Daqui:
Gostei imenso do texto em questão. No universo dos EUA, põe-se em questão o sistema de lá, que baseia a contratação dos professores em virtudes académicas, em vez de no que se passa dentro das salas de aula. O mesmo que em Portugal, que agora introduziu a oportunidade de avaliar os professores. Contudo, para meu espanto, li no jornal que os professores podem escolher se querem ser observados nas classes de aulas (!) e não vão ser consideradas as notas dos alunos (!). Se em termos absolutos é entendível que não se considerem as notas, em termos relativos não se percebe. Tirando o desempenho dentro da sala de aula e os resultados, afinal vai-se avaliar o quê? Pontualidade? O número de fotocópias? A cereja no bolo: os professores vão ser avaliados por colegas da própria escola. Adiante, militante.
Eric Hanushek, um economista em Staford, estima que os alunos de um mau professor aprendem, em média, num ano escolar, o que valeria metade do programa. Os alunos nas classes de um professor excelente aprendem o valor de um programa e meio. A diferença corresponde ao que seria suposto aprender num ano inteiro. Os efeitos dos professores sobre a aprendizagem dos alunos são enormes quando comparados com os efeitos da escola: a sua criança está melhor numa escola "má" com um professor excelente do que numa escola excelente com um mau professor. A qualidade do professor é também mais importante do que o tamanho das turmas. Seria necessário diminuir o tamanho de uma turma média quase em metade para obter os mesmos efeitos de mudar de um professor com um desempenho médio para um professor no percentil 85. Lembrem-se que um bom professor custa o mesmo que um professor médio, mas cortar o tamanho das turmas para metade implica construir o dobro das salas de aula e contratar o dobro dos professores.
(...)
Thomas J. Kane, um economista na Escola de Educação de Harvard, Douglas Staiger, um economista em Dartmouth e Robert Gordon, analista de políticas sociais no Centro para o Progresso Americano [Center for American Progress] investigaram se ajuda ao desempenho de um professor obter a certificação profissional ou um mestrado. Ambos são processos demorados e caros que quase todos os empregadores esperam que os professores obtenham. Nenhum tem qualquer impacto dentro da sala de aula. Elementos que parecem relacionados com a aptidão de ensinar, como o valor das notas, pós-licenciaturas, certificados, parecem tão úteis em avaliar a qualidade de um professor como avaliar o valor de alguém como futebolista observando-o a pontapear uma bola no ar [no texto faz-se uma comparação com o futebol americano, o que não é episódico. Todo o texto é baseado numa comparação entre as dificuldades de contratar os melhores professores com o contratar os melhores "quarterback".]
Gostei imenso do texto em questão. No universo dos EUA, põe-se em questão o sistema de lá, que baseia a contratação dos professores em virtudes académicas, em vez de no que se passa dentro das salas de aula. O mesmo que em Portugal, que agora introduziu a oportunidade de avaliar os professores. Contudo, para meu espanto, li no jornal que os professores podem escolher se querem ser observados nas classes de aulas (!) e não vão ser consideradas as notas dos alunos (!). Se em termos absolutos é entendível que não se considerem as notas, em termos relativos não se percebe. Tirando o desempenho dentro da sala de aula e os resultados, afinal vai-se avaliar o quê? Pontualidade? O número de fotocópias? A cereja no bolo: os professores vão ser avaliados por colegas da própria escola. Adiante, militante.
sábado
Fezada
Continuando...
Estive este dia a tentar lembrar-me do que descobre a dona morte no seu íntimo no livro do Saramago "Intermitencias da Morte", mas nao consigo. Sei que é interessantíssimo, talvez tivesse podido incluí-la neste poste, mas já concluí que quando estiver brevemente em Portugal há uma amiga que visitarei.
Primeiro, ser racional para mim nao significa ser compreensível à luz das fraquezas humanas. A razao supostamente está um pouco acima da emoçao. Para um agnóstico o medo da morte é um desperdício, para um ateísta é ter medo de nada, para um religioso poderá ter fundamento dependendo do tipo de deus que estao à espera do outro lado. Os velhotes que eu conheço sao católicos e supostamente o lado de lá é melhor que este e deus é um tipo porreiro que gosta de perdoar à direita e à esquerda, desde que o pessoal se arrependa. Ou seja, basta nao fazer asneiras, o que sendo eles velhos e já limitados nao deve ser assim um enorme desafio, e focarem-se no arrependimento e está feito. O que eu acho é que este pessoal tem uma fé muito rota.
As pessoas querem viver porque é algo inato. Mesmo quem quer muito morrer tem que lutar enormemente contra essa força do corpo que nao quer morrer nem por nada. O instinto é algo com muita força.
O mundo natural provavelmente nunca nos mostrará tudo o que é. Haverá limites, mas serao os limites humanos. Eu pessoalmente acho o conhecimento do mundo natural a coisinha mais interessante deste mundo. Contudo, se o que eu teria para saber pode estar limitado, tenho a certeza absoluta que a minha paciencia com a espécie humana (incluo-me a mim) nao é de forma alguma ilimitada. Acho que sem morte, o meu destino seria a loucura.
Estive este dia a tentar lembrar-me do que descobre a dona morte no seu íntimo no livro do Saramago "Intermitencias da Morte", mas nao consigo. Sei que é interessantíssimo, talvez tivesse podido incluí-la neste poste, mas já concluí que quando estiver brevemente em Portugal há uma amiga que visitarei.
Primeiro, ser racional para mim nao significa ser compreensível à luz das fraquezas humanas. A razao supostamente está um pouco acima da emoçao. Para um agnóstico o medo da morte é um desperdício, para um ateísta é ter medo de nada, para um religioso poderá ter fundamento dependendo do tipo de deus que estao à espera do outro lado. Os velhotes que eu conheço sao católicos e supostamente o lado de lá é melhor que este e deus é um tipo porreiro que gosta de perdoar à direita e à esquerda, desde que o pessoal se arrependa. Ou seja, basta nao fazer asneiras, o que sendo eles velhos e já limitados nao deve ser assim um enorme desafio, e focarem-se no arrependimento e está feito. O que eu acho é que este pessoal tem uma fé muito rota.
As pessoas querem viver porque é algo inato. Mesmo quem quer muito morrer tem que lutar enormemente contra essa força do corpo que nao quer morrer nem por nada. O instinto é algo com muita força.
O mundo natural provavelmente nunca nos mostrará tudo o que é. Haverá limites, mas serao os limites humanos. Eu pessoalmente acho o conhecimento do mundo natural a coisinha mais interessante deste mundo. Contudo, se o que eu teria para saber pode estar limitado, tenho a certeza absoluta que a minha paciencia com a espécie humana (incluo-me a mim) nao é de forma alguma ilimitada. Acho que sem morte, o meu destino seria a loucura.
sexta-feira
Necessidades
A música que vibra pelo quarto é básica, ridícula se presto atenção à letra, inepta até à lágrima, desavergonhada de incompetente, mas de rabiosque a dar a dar, consegue suprir as necessidades de exuberância, num mundo um pouco cinzento. Para lá do sublime, necessito do medíocre.
quinta-feira
A morte e mais além
Acho interessante esta espécie de Emilie Poulain-ismo acerca da espécie humana. Contudo, eu contraponho que as pessoas não criam, as pessoas recriam. Assim, nao há-de haver ninguém, por mais entusiasta da espécie humana, que nao se chateie em algum ponto da imortalidade. Eu que sou realista e pró cínico, quero morrer (concordo com o irmao naquele texto que deu origem ao meu poste que deu origem àquele poste da snowgaze que está a dar origem a esta resposta, que dizia que o medo da morte é irracional). Contudo, não me importava de ressuscitar daqui a uns tempos para ver o que é que afinal aconteceu no longo filme humano: afinal houve a terceira guerra mundial? afinal bangladesh afogou-se? afinal é só paz e amor entre as naçoes? acabou o racismo? os homens dao á luz? serao todos castanhos e iguais? mad max? deus apareceu?
terça-feira
Liçoes de vida
Os meus pais na sua senda de criação deixaram as crias à sua sorte. Lembro-me dos meus amigos a irem pra casa muito aflitos que tinham de estudar para o teste do dia seguinte senão os pais isto e aquilo, e castigo e sermão e semanada cortada. Eu ficava sozinha, sem perceber porque é que os meus pais não me coagiam a estudar. Ali estava eu sem companheiros de brincadeira e sem castigos, sem sermoes, sem semanadas. Mas deixava a coisa pra lá e ia pra casa ver televisão. Um dia, depois de ouvir relatos sobre prémios de passagem de ano, lambretas e assim, resolvi finalmente impor-me. Eu ali a passar de ano todos os anos, sem lhes chatear a cabeça, nunca, nunca, nunca, onde estava o meu prémio de passagem? Ãh? O meu pai virou-se pra mim depois da minha exposição, que achei briiiiiiiilhante, e perguntou-me "Pra quem estás a trabalhar? Não é pra ti?". Não tive resposta e aprendi ali que o meu pai era menos brutinho do que parecia.
segunda-feira
A posteridade e mais além
O Alexandre III da Macedónia morreu com 32 anos e 11 meses, tendo conquistado o mundo conhecido a leste do seu reino com meio-nome de salada de Verão. Eu? Eu nao consigo ver sangue. Portanto vai ser mais Harvey Milk. Aos quarenta terei que me associar a um grupo injustificadamente odiado e colocar-me em posiçao de ser assassinada (rápido) e ficar mártir de algo. Ahhh, fixe, ainda tenho algum tempo.
sábado
Boa frase
"Imagine life without death," Jules Renard wrote. "Every day you would want to kill yourself."
Imagine a vida sem morte. Todos os dias, cada dia, iria querer-se matar.
ou
Imagine a vida sem morte. Todos os dias o desejo da morte.
Imagine a vida sem morte. A vida seria como aqueles sítios que nunca visitamos porque estão perto e um dia quando houver tempo passamos lá.
Imagine a vida sem morte. Todos os dias, cada dia, iria querer-se matar.
ou
Imagine a vida sem morte. Todos os dias o desejo da morte.
Imagine a vida sem morte. A vida seria como aqueles sítios que nunca visitamos porque estão perto e um dia quando houver tempo passamos lá.
sexta-feira
Inoperancia
Nao, nao vao haver mais adiamentos, tenho, que tenho, dizem-me, de encontrar interesses visiveis, tangiveis, tocáveis, tenho de sair deste mundo abstrato em que vivo. Portantos, assim encostada á parede, visitei o meu quarto e entre todas as coisas tangíveis que nao acabei, deitei-me a sonhar. Isto foi há uns meses.
quarta-feira
Do vidroPara lá
Há uma imagem que recorrentemente me vem á cabeça que é o ato de eu colocar a mao sobre uma janela. Penso que é a minha maneira de assinalar aquele sentimento inultrapassável de estar desligada do resto do mundo. De haver uma barreira que sinto amiga e inimiga conforme os dias, mas a maior parte dos dias é uma alegoria para o meu sentir da minha vida em relaçao á vida dos outros e vice-versa. Quando na minha família tiram conclusoes sobre mim, sempre senti uma mistura de desapontamento e contentamento quando eles erram na minha própria ideia de mim e coro de humilhaçao e contentamento quando me apanham corretamente. Raramente componho ou reafirmo e fico chateada comigo quando caio nessa esparrela de me explicar. É como uma experiencia que deixo a correr a ver de que forma a imagem que têm de mim se afasta da minha imagem de mim. Enquanto isso tento descobrir a verdadeira eu, que está algures e nos momentos de maior frustraçao penso se nao estarei além, para lá do vidro.
terça-feira
I am Cabrao, Muito Cabrao
Das vezes que tentei ver filmes bond desisti por aborrecimento. Uma vez consegui atingir o fim da meta porque estava com o meu cunhado a achar as partes idiotas. A segunda vez, estava sozinha, mas pensei que a Halle Berry me conseguisse levar a bom porto, mas nao, nem a Halle Berry. Agora desisti. Aceito a minha incapacidade. Assim, o que eu sei do James Bond é do que ouço. Sobre o último filme, sei que o James Bond agora é um mole. Imaginem que gosta de mulheres, mas gosta mesmo, nao é só sexo! Meu Deus, ao que o mundo chegou! Eu concordei que é horrível fazerem um personagem frio de carisma ficar mole. Eu que passei horas a ver o Dexter e agora cheguei ao segundo segmento nao consigo ver mais, porque nao consigo aceitar a ideia de que talvez o Dexter possa ter sentimentos. Ele ainda nao mostrou sentimentos, mas só essa possibilidade me deixa o sangue frio. O choque seria demasiado para mim. Nao consigo, nao consigo, nao consigo. O Dexter é um monstro. Se o transformarem num ser-humano nao há mais Dexter e eu nao consigo ver o Dexter morrer. Pelo que entendo o meu amigo. O James Bond é um cabrao. Se deixar de ser cabrao, deixa de ser James Bond. Acabou. O fim de uma era, de um tempo, de um herói. O fim.
segunda-feira
A minha imagem pública: alienada
Extracto de conversa:
Alguém: Ainda tens aquela coisa branca no olho perto da iris. Ainda nao foste ao oftalmologista?
Eu: Nao. Eu ainda consigo ver, por isso... Mas se calhar devia ir, que quando estava de férias choraram-me os olhos várias vezes.
Alguém: Nao era a poluiçao?
Eu: Sim. Mas outras vezes penso que nao. Era outra coisa.
Alguém: Nao estarias triste?
Alguém: Ainda tens aquela coisa branca no olho perto da iris. Ainda nao foste ao oftalmologista?
Eu: Nao. Eu ainda consigo ver, por isso... Mas se calhar devia ir, que quando estava de férias choraram-me os olhos várias vezes.
Alguém: Nao era a poluiçao?
Eu: Sim. Mas outras vezes penso que nao. Era outra coisa.
Alguém: Nao estarias triste?
sábado
Téééééédio
Estou entediadérrima. Acabei de fazer um caldeirão de musse de chocolate (branco e preto) e estou a pensar ir comprar os ingredientes para fazer natas do céu. Ou me lembro de algo melhor que me apeteça fazer ou nos próximos dias vou engordar amigos, visitantes, colegas e companheiros de casa como porcos. Graças a deus, estou de dieta.
terça-feira
??
Segundo o que as pessoas me vao dizendo, parece que é mau ter preconceitos. O que eu nao entendo é como as pessoas decidem onde ir de férias sem preconceitos.
segunda-feira
Arte e sociologia
Enquadramento jornalístico: The project immersion
By halfway through 2009, Cooper thinks he will have enough material to mount the first exhibition. 'Unreality is interesting,' he says. 'As a photojournalist, you're meant to look at moments of extreme emotion. It seemed to me, after a while of doing that… that is unreal as well. As Baudrillard said, the proliferation of images means we live in an increasingly unreal, mediated world. It's a challenge to try and capture that because you have to start dealing with the medium itself.'
A página do artista: Immersion blog
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