Na arena dos que defendem a abertura do casamento civil a pessoas do mesmo sexo, se eu me dispuser 'a divisao entre a esquerda e a direita, facilitando a geometria da discussao, eu poderia dizer que esta passa na esquerda pela exigencia da igualdade e 'a direita pela higienizacao do casamento 'a sua componente contratual. Leio as duas estrategias com interesse.
Contudo, a direita tem uma mania: o de incluir na discussao a poligamia. Introduzindo este novo factor, o raciocinio descoordena-se. O que a direita parece nao se dar conta e' a base da nossa sociedade. Esta e' centrada no individuo, na sua independencia, liberdade, livre arbitrio. Se esses senhores analisarem onde e' que existe poligamia, verificarao que e' em sociedades em que o colectivo social sobrepoe-se ao individual. A poligamia copia a estrutura autoritaria (machista) da sociedade envolvente e desdobra-a na vida conjugal, num sistema de poderes em que uns se submetem a outros. Este tipo de estrutura e' contrario ao que nos somos. Uma estrutura poligama nao pode sobreviver, se nao existir subjugacao. Ser contra a poligamia e' defender a nossa liberdade, os nossos valores de independencia. O casamento entre pessoas do mesmo sexo nao poe em causa a estrutura social. E' basicamente o mesmo, so' que entre pessoas do mesmo sexo.
Irrita-me que nao se note a diferenca, que envolvidos em jogos de palavras nao se deem conta da essencia da poligamia: opressao social. Introduzir este elemento seria oposto a aumentar o espectro de liberdades, pelo contrario, seria dar guarida a nucleos de nao liberdade.
6 comentários:
Poligamia, poliandria, casamento de homosexuais, nada disso me mete nojo, o que me faz mesmo impressão é pessoas que comem carne de cão ...
Fico chocado com este arrazoado preconceituoso contra a poligamia.
Quem diz à abrunho que a poligamia radica SEMPRE na opressão? Como pode a abrunho garantir que na todas as mulheres casadas em regime de poligamia o fazem por serem oprimidas?
Ainda recentemente apareceu uma notícia de um homem casado com duas mulheres na Holanda. Casaram-se todos os três livremente. As duas mulheres em causa são bissexuais.
A abrunho não pode garantir, nem determinar, que todas as mulheres que se casam com um polígamo o fazem porque são a isso obrigadas. Nada lhe garante que algumas não o fazam por gosto, ou porque não têm melhor solução para a sua vida.
Abrunho: deixe as pessoas serem livres de se casarem com quem quiserem e da forma que quiserem.
Luís Lavoura
Sem entrar na discussão da poligamia, concordo com a tua leitura. O que se está a discutir é o contrato entre duas pessoas que, neste tipo de casos, são do mesmo sexo. Querer colocar as duas situações em pé de igualdade é atirar ruído para a discussão.
Ha' excepcoes para tudo. A questao e' encontrar a regra e a regra e' o que eu disse. Va' ver onde a poligamia floresce. Ponha-me aqui uma lista dos paises, depois falamos.
Unioes poligamas entre espiritos livres sao efemeras. Mas se todos estiverem de acordo, em frente. Nao e' este mundo do fait divers sexual que me preocupa.
A mim irrita-me introduzir a poligamia na discussao do casamento de pessoas do mesmo sexo, como se fosse uma mera adicao, quando a poligamia merece discussao por si.
A poligamia existe na Europa e sera' saudavel que se encare a sua existencia na sua realidade e nao pensa-la na sua face fantasia excitante do menage a trois. Exemplo: em Franca existe poligamia entre as comunidades vindas do Norte da Europa, geralmente mulheres trazidas dos seus paises de origem, que vivem encerradas em suas casas, a falar pouco e mal o frances, a criar criancas desenquadradas da vida francesa, em familias pobres, porque obviamente nao ha' dinheiro suficiente para varias mulheres e filhos. Qual e' que acha que e' o resultado? O que acha que as criancas fazem quando crescem?
A poligamia merece discussao urgente e nao e' por uma adicao despropositada ao casamento de pessoas do mesmo sexo. Estas ligacoes sao realidades completamente diferentes. A poligamia e' mais que preconceito, e' necessidade de abrir os olhos e ver o que se passa na Europa. O que fazer pelas mulheres que vem para a Europa 'a espera de uma vida melhor? Pergunta-se-lhes se e' mesmo esta a vida que querem? Que fazer por familias alienadas e pobrissimas? Como colmatar o resultado da poligamia? Vai-se instalar um subsidio estatal 'a poligamia?
Falar no ar da' muito mais gozo, nao e', Luis Lavoura? Amor livre, iupiii!
Reforco: a poligamia traz mais problemas sociais que benesses. Discutam isto se faz favor POR SI e sem fantasias heteroeroticas.
Nem mais.
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