terça-feira

Racismo

(...) “a falta de dados étnicos dificulta uma monitorização adequada da efectividade da legislação anti-discriminação”. E está certa, esta afirmação. Como está, também, a seguinte afirmação: “a falta de câmaras de videovigilância nas casas dos cidadãos europeus dificulta uma monitorização adequada da efectividade da legislação anti-violência doméstica”. (...)

(...) o racismo e a xenofobia não começam no tratamento discriminatório dos “outros” mas na definição de alguém como “outro”. Recolher dados sobre a origem racial de alguém supõe a existência de raças (...)

5 comentários:

sabine disse...

Concordo com o autor do post.

cristina disse...

Eu percebi, mas não sei se concordo assim tão linearmente.

« Recolher dados sobre a origem racial de alguém supõe a existência de raças»

E não existem???!!! O problema não está na existência de diferenças raciais, está no que se faz com essas diferenças. O problema não está no reconhecimento, mas sim na extrapolação! E para não dar azo a essas extrapolações, não me parece que ocultar/ignorar as diferenças seja o melhor caminho. Admitir/assumir/reconhecer (e não «supor») as diferenças parece-me o primeiro passo para perceber, de facto, que elas não são inbidoras do que quer que seja.

abrunho disse...

Nao existem raças. Nao existe biologicamente, existe como construçao social que este tipo de recolha institucional só reforça. Sim, somos diferentes, cores diferentes, formas diferentes, texturas diferentes. Há pessoas que se baseiam nisto para tribalismos. Entrar no jogo delas nao me parece a melhor forma de oposiçao.

Eu nao fecho os olhos para a cor do meu vizinho (a cor da pele é um dos elementos que me atrai ou nao num homem), mas também nao tenho que me basear nessa cor para classificaçoes grupais. As diferenças corporais devem ser vistas ao nivel individual, nunca ao nivel de grupo.

O único ambito em que estou a ver a aceitaçao desta grupalizaçao é em termos culturais. Porque devido a razoes geográficas e históricas, cultura e corpo estao interligados. Mas esta será a razao: histórica e geográfica. Nao institucionalizaçao no presente numa sociedade de diferenças entre os seus cidadaos com base em diferenças corporais. Isto é no minímo ridículo. Só nao dá pra rir porque há pessoas que sofrem.

cristina disse...

Não percebo nada de biologia, mas os traços gerais das «cores», das «formas» e «texturas», considerava-os biológicos - são o quê, então?

«nao tenho que me basear nessa cor para classificaçoes grupais»
- Certo, "não tens", mas "podes"! - sem que daí resulte qualquer tipo de fundamentalismo.

«As diferenças corporais devem ser vistas ao nivel individual, nunca ao nivel de grupo.»
- Não acho! Muito daquilo que chamamos diferenças são também semelhanças - depende do ponto de vista. Ver as diferenças corporais ao nível de grupo é sobretudo vê-las como semelhanças, como pontos de aproximação entre "iguais" e não de afastamento entre "diferentes". É claro que de uma coisa à outra vai um passo muito pequeno e extremamente perigoso, mas não acho que se deva recusar a sua identificação como princípio. Primeiro é preciso reconhecer as diferenças visíveis, para que depois se possam, em consciência, ignorar.

«Mas esta será a razao: histórica e geográfica.»
- Lá está, o problema está no que se faz com as diferenças e não na existência das diferenças em si.

abrunho disse...

Nao é Cristina o que se faz com as diferenças. Se estamos a realizar um trabalho ao nível histórico e geográfico acaba por fazer-se a divisao entre "raças". Até porque historicamente os homens foram ignorantes e tribalistas para fazerem essa divisao e a gente conta a história. O que incomoda é que HOJE se faça esta divisao dentro de UMA SOCIEDADE DE CIDADAOS que nunca deveriam ser divididos pelo TAMANHO DO NARIZ, a FORMA DO PÉNIS ou A COR DOS OLHOS. Parece ridículo? É o mesmo que a cor da pele. O mesmo.

As raças nao tem qualquer valor biológico: nao existem raças em biologia, existem espécies e essas estao baseadas em diferenças ao nível de genótipo (genes), nao fenótipos (aparencia externa). Isso era no início, há um tempo atrás quando eramos um bocado mais ignorantes e sim, até se usava a biologia para justificar as raças. Hoje em dia sabemos mais que isso. Raças é uma construçao totalmente humana, sem lugar no campo científico natural.