segunda-feira

Es gibt ein Leben nach WM, oder?

Que festaréu por aqui foi. Que vale de lágrimas.

Tudo começou comigo a correr do trabalho para ir ver o Argentina-Alemanha. Estava um bocado ensonada e não percebi o jogo da Argentina. Mas os gajos estão a jogar à defesa? Mas agora sai o Riquelme? Mete o Messi, tira o Crespo! Fodas, lá está. Um golo dos boches! No fim eu de lagriminha no olho num abraço contra-natura com duas espanholas. Nisto recebo um telefonema de um amigo meu que se armou em capitalista, comprou uns bilhetes para o Itália-Ucrânia e agora não conseguia vender um dos bilhetes e telefonou-me para cortar as perdas. Eu sou um coração mole, que mal põem a amizade no argumento, salto pavlovianamente em socorro. Portanto, comecei a correr novamente, agora para o estádio-arena. Vi novo jogo ensonada, gritei muitas vezes Shevcha, que era o que os italianos gritavam também. Os italianos devem ser das torcidas com mais piada. Nunca estão calados, chamam nomes queridos aos jogadores: "Vaaaai Jenny!", "Ma che fai, Gigi?", muitos iiis e uma pessoa começa a pensar que está a ver futebol feminino. O que valia era o Gattuso que com aquele ar de troglodita impossivelmente passa por mulher. Tirando a claque, achei a experiência uma realíssima seca. No fim emocionei-me com o Shevcha a dizer adeus aos apoiantes italianos, que lhe retribuiram o gesto [ele estava a jogar num dos milões e agora vai para a Inglaterra, penso que para o Chelsea].

Pela cidade, as ruas estavam cheias, os alemães enbebedavam-se com bonomia, desprendiam-se da alegria que têm guardada dentro da carteira para estes momentos mais alcoolizados. Eu fui na onda, esquecida da desilusão de não os ver a chorar.

Já agora, um aparte, tenho de contar a obsessão dos comentaristas dos jogos aqui na Alemanha com as medidas dos jogadores. No jogo Argentina - México fizeram um grande alarde porque um mexicano pesava 55 kg. No jogo Argentina - Alemanha quase tiveram uma síncope porque o tipo que marcou o golo com a cabeça mede 1m77!!!!! Eu que normalmente tenho uma relação inócua com o alemão (entra-me por um ouvido e sai imediatamente pelo outro sem digestão), faço agora esforço para ouvir, porque é tão patético que dá vontade de rir.

Sábado. Acordei com a amiga argentina a telefonar-me para irmos ver o jogo de Portugal juntas num bar. Dei-me conta que ainda estava vestida. Uma dor de cabeça zoava-me a consciência. Fiz tudo muito devagarinho e cheguei atrasada para o jogo. Não consegui prestar muita atenção que a italiana não se calava (aquela, a enciclopédia de informação inútil, que me irrita profundamente). Mas será possível não dar conta que eu não quero saber e que só olho para ela de vez em quando e faço "hum hum" de vez em quando por um caso de mínimo de educação? Daahhh. Prestei atenção ao tempo adicional e sofri nos penaltis. Eu era a única portuguesa e a maioria estava pela Inglaterra. Melhor que a nossa equipa ganhar, é ganhar nas barbas do inimigo. Delicioso. Por acaso eu já disse que depois dos alemães, os tipos que eu detesto mais são os ingleses? Agora já sabem. Tenho um coração de manteiga quando vejo homens a chorar no campo, mas alemães e ingleses quanto mais baba e ranho, melhor.

O que o Rooney fez foi um ataque à pátria. Um vermelho é muito pouco. Anda aqui uma nação em tremores por causa da baixa da natalidade e o gajo vai aos tomates do Ricardo Carvalho? Isto merecia que a nossa Mossad lhe fizesse uma espera. Andei a ler a teoria da conspiração que a imprensa inglesa inventou para o Cristiano. É fantástico. É tão fixe que eles estejam tão chateados. Espero é que não sobre para o Cristiano. Se bem que eu própria me perguntei que "meiguice" foi aquela dele ao Rooney aquando do apito de partida? A cara dele não é de amigo quando se afasta. Acho que há novela entre os dois. Hehehe...

Pouco vi do jogo França-Brasil, que passei o tempo na conversa. Antes do jogo começar, a minha amiga argentina chegou furiosa, fazendo as rodas da bicicleta derrapar. Então pá? Que tinha passado por uns brasileiros, que lhes tinha gritado "Vai Brasil!" e eles na resposta, vendo-lhe a camisola argentina, responderam "Argentina va a casa!" Ela estava furibunda. Ao fim do jogo disse "Toma, que eles não são melhores que a Argentina!".

Eu cá, logo no início, declarei o meu apoio incondicional ao Brasil, apesar de achar que Portugal tem mais hipóteses com a França. Os espanhóis não perceberam. Opá, ó amiguitos, Brasil é Brasil e depois com Portugal logo se vê. Eu perguntei aos espanhóis quem é que eles apoiavam agora. Eles disseram que estão sem alternativas. Oh, apoiem Portugal que nunca ganhou. Nem pensar, disseram. Portugal com uma estrela ao peito e a Espanha com nenhuma? Nós, uns pequenitates, sem água, pobres? Não se preocupem, eles estavam só a provocar-me. Eles sabem tanto de Portugal como eu da Mongólia. O que eles sabem de nós é clichês. O fado, a tristeza, a saudade.

Bem, deixo a publicidade a fazer furor aqui pelo burgo. Para amanhã: FORÇA ITáLIA!!!!

fonte.

P.S.: Alguém me pode explicar o que está a acontecer em Portugal para que o meu blogue tenha sido inundado desde ontem por gente que usa a frase de busca "os mais bonitos do mundial"? Porque é que só a partir de ontem e em catadupa?

1 comentário:

João Melo Alvim disse...

Mais um post para ser (e muito bem) citado. A sério. :-)