sábado
sexta-feira
Rememorar-se
Ele acomoda-se na solidão da cozinha, despida da actividade do dia, a cheirar a limpo, confortável, feita para o aninhar doméstico da alma. Ele senta-se no banco de madeira grosso, a cheirar a velho e a histórias contadas por noites dentro. Ele ouve-se, lá dentro as músicas do seu passado, coladas a memórias. Ele rememora-se. É a semana entre o Natal e o Ano Novo e ele pára-se. O som do vento gelado fora aninha-o e o ar limpo assopra-o. Ele pesa-se e sente-se leve, uma penugem de recordações. Ele acalma-se na felicidade da quietude que vive neste momento, naquele instante, noutro tempo. Tudo está bem. O caminho foi tomado e a viagem progride pelo futuro. No fundo do túnel, um sorriso.
quarta-feira
terça-feira
do Afeganistão, trazido aos EUA, passando pelos Países Baixos e acabando em Portugal ou quem é imensamente pobre
Já lá vai para cima de um ano que vi as fotografias da fotógrafa Stephanie Sinclair no New York Times. Tal como eu fiquei perplexa (sabemos que acontece, mas levar assim com as imagens que valem mil palavras), ficaram muitos outros (não sou abençoada pela originalidade de sentimentos, apesar de fingir que sim) e uma das fotografias apareceu-me outra vez pelo blogue dois dedos de conversa como uma das fotografia do ano para a Unicef. Poucos dias depois no compilador de textos alldaily vem este, abaixo ao dois pesos e duas medidas. Neste excerto:
lembrei-me deste excerto provindo do Pedro Arroja:
O progresso pode ser feito com um passo atrás e dois adiante, mas há pessoas que conseguem resvalar de tal maneira que acabam por cair num atraso paradoxal.
P.S.: Bom Natal e se me esquecer, boas entradas.
It is likely that all of the female forebears of the girl in the photograph were likewise sold -- and the girl, no doubt, saw it as her fate. At the same time, she realizes that what is happening to her is not right. She might think it is "natural" for a young girl to be sold, but she also knows that it's neither good nor legitimate for her to spend the rest of her life as this man's slave. It is a type of knowledge that has little to do with experience. Rather, it is knowledge that is rooted in humanity, and in the hopes and dreams of a little girl.
The man in the image is oblivious of his wrongdoing. He's only doing what his forefathers did. Sticking to traditions increases the chances of survival. His seed will create a new person and strengthen the clan. He will impregnate this girl without love and without regret, since love is a word from far-off stories and songs, a word from the decadent West, where people have no comprehension of the harshness of life in the desert and of war without end, which is the essence of life in this part of the world.
lembrei-me deste excerto provindo do Pedro Arroja:
Os preconceitos são regras de acção automáticas que as gerações anteriores nos legaram e que nos permitem economizar muito tempo e outros recursos. Cada cultura possui os seus preconceitos e as culturas mais prósperas são aquelas que possuem um stock maior de preconceitos eficazes. Tendo-se confrontado com problemas semelhantes aos nossos no passado, as gerações dos nossos antepassados tiveram de encontrar soluções para eles. E, tendo encontrado aquela que consideraram ser a melhor para cada um desses problemas - a solução que funciona melhor na maior parte dos casos semelhantes - elas legaram-nos essa sabedoria sob a forma de regras automáticas de comportamento: "Perante tais e tais circunstâncias, faz assim e assim - não percas sequer tempo a pensar".
É o conjunto dos seus precoconceitos que define uma cultura e a distingue de outra cultura. E quanto maior fôr o número de preconceitos eficazes que uma cultura possui em relação a outra, mais próspera essa cultura será em relação à outra. É esta também a razão porque é tão difícil mudar uma cultura. Uma cultura faz-se sobretudo de comportamentos automáticos - preconceitos - que as pessoas generalizadamente aceitam e praticam de forma acrítica sem nunca questionarem a sua racionalidade. E ainda bem que assim é, caso contrário seriam imensamente pobres, na realidade, nunca chegariam a sair de casa de manhã para o trabalho.
O progresso pode ser feito com um passo atrás e dois adiante, mas há pessoas que conseguem resvalar de tal maneira que acabam por cair num atraso paradoxal.
P.S.: Bom Natal e se me esquecer, boas entradas.
sexta-feira
quinta-feira
quarta-feira
Gemütlich
Uma das primeiras palavras que aprendi na Alemanha foi gemütlich. Era-me óbvio que nas casas que visitava havia ali uma diferença, que inicialmente nao se deixava apanhar por palavras, entre autóctones e nao-autóctones. Mal se passava a porta até o ar era diferente. Os autóctones criavam como ninhos, cada pedacinho de palhinha, pauzinho uma construçao para um espaço de bem-estar pessoal. Acabei por definir que a grande diferença era a atitude para o espaço em que se vivia: as casas dos nao-autóctones eram garagens, onde se aparcam os pertences e o corpo, onde se realizam actividades de manutençao. Quando trouxe isto á conversa, a palavra apareceu: gemütlich, esse estado de conforto do corpo e do espírito no espaço que ocupam. Os autóctones também estranhavam a indiferença que notavam nos nao-autóctones. Em primeiro, nós nao sabiamos explicar, mas após algum esforço chegamos com uma hipótese: o clima. Vinhamos todos de países cheios de sol, em que a rua, os cafés, as esplanadas, as varandas, os alpendres, os terraços, a praia sao os nossos espaços de estar. Mas no Norte da Alemanha, o ar livre é normalmente inóspito, pelo que o estar e a vida social derivam para dentro da casa. No meu quinto ano na Alemanha, eu já absorvi um pouco desse gemütlich, pela impossibilidade de nao o fazer. Precisamos desse acolhimento exterior para o nosso interior, que se nao nos é dado pelo sol e pelos cheiros amenos, nos é proporcionado por esse mundo carinhosamente criado.
Tendo compreendido ás minhas custas o que pode significar a nossa casa no Norte da Europa, fiquei divertidamente perplexa, que uma afirmaçao que aqui encima é tao óbvia possa causar tal lucubraçao auto-denominada filosófica lá embaixo na praia do Oeste. Mas eu nao compreenderia a ironia há seis anos atrás. Há certas simplicidades da vida que só se compreendem ao vive-las.
Tendo compreendido ás minhas custas o que pode significar a nossa casa no Norte da Europa, fiquei divertidamente perplexa, que uma afirmaçao que aqui encima é tao óbvia possa causar tal lucubraçao auto-denominada filosófica lá embaixo na praia do Oeste. Mas eu nao compreenderia a ironia há seis anos atrás. Há certas simplicidades da vida que só se compreendem ao vive-las.
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terça-feira
Noticia de Natal
O Pedro Arroja ameaca postes sobre os portugueses. Grande alivio. Quem e' o portugues que nao gosta de chafurdar em auto-critica? Momentos de calmia sado-divertida no horizonte. Este ano nao passo o Natal em Portugal e que dizer deste alivio que me submerge? Aaaaahhhh. Sem ser obrigada a entrar em lojas, sem ter que fingir que gostei, sem ter que participar numa peca de teatro chamada Natal. AAaaaaaah. Como e' bom o Nao Natal. Esta liberdade de ser o Natal que queremos.
segunda-feira
Querer ler e nao poder
Eu leio muito, mas como vivo na Alemanha e porque a outra lingua que domino é o ingles, leio principalmente autores anglo-saxonicos. Alem disso, leio muita nao-ficcao na area da ciencia, cujos novos titulos sao em ingles. Mas por vezes tenho saudades do portugues e dou umas olhadas pelos novos lancamentos na internet, o que significa ir aos sitios de certas editoras e ver o que tem na seccao novidades. Nao e' uma actividade deslumbrante, ja' que as descricoes dos livros sao muito pobres, mas e' estilo miseravel ir ver montras de lojas dos trezentos. Enfim, que fazer quando nao ha uma livraria on-line que me de o prazer de comprar livros e autores portugueses na boa. Alem disso, nunca encontrei uma boa revista de recensoes literarias em Portugal. O mais desconcertante e' que ha' cinco anos havia uma livraria on-line com base em Aveiro, que foi fechada, segundo os donos, porque uma livraria on-line seria ilegal (estou a tentar lembrar-me do nome e nao consigo e infelizmente ja' deitei para o lixo todos os contactos que tive com eles). Este isolamento da lingua, quando se vive no estrangeiro, deixa-me por vezes bastante zangada. Da' mesmo vontade de ser de outra nacionalidade que tornasse mais facil poder ler com facilidade o que se publica na nossa lingua. E' chato invejar os franceses, os ingleses, os chineses, os italianos, os espanhois e os turcos.
Neste deserto, fiquei excitada com a noticia de uma livraria on-line com a oferta de milhares de titulos, a byblos. Uma desilusao enorme. Tenho la' ido todos os dias ver se ja' puseram aquilo a funcionar e nada. Vamos a ver: eu nao escolho livros raros. Enfim, tudo na mesma. Tudo sempre na mesma na Tugolandia. E' triste ser portugues.
P.S.: Ainda me lembro quando vim para Hamburgo dizerem-me que ha' uma comunidade importante de portugueses e que bom e que sorte. Culturalmente nao se nota nada. O resto nao me interessa.
Neste deserto, fiquei excitada com a noticia de uma livraria on-line com a oferta de milhares de titulos, a byblos. Uma desilusao enorme. Tenho la' ido todos os dias ver se ja' puseram aquilo a funcionar e nada. Vamos a ver: eu nao escolho livros raros. Enfim, tudo na mesma. Tudo sempre na mesma na Tugolandia. E' triste ser portugues.
P.S.: Ainda me lembro quando vim para Hamburgo dizerem-me que ha' uma comunidade importante de portugueses e que bom e que sorte. Culturalmente nao se nota nada. O resto nao me interessa.
domingo
Uma historia interessante
There was this best-seller a few years ago [in 1984], it went through about ten printings, by a woman named Joan Peters—or at least, signed by Joan Peters—called From Time Immemorial. It was a big scholarly-looking book with lots of footnotes, which purported to show that the Palestinians were all recent immigrants [i.e. to the Jewish-settled areas of the former Palestine, during the British mandate years of 1920 to 1948]. And it was very popular—it got literally hundreds of rave reviews, and no negative reviews: the Washington Post, the New York Times, everybody was just raving about it. Here was this book which proved that there were really no Palestinians! Of course, the implicit message was, if Israel kicks them all out there's no moral issue, because they're just recent immigrants who came in because the Jews had built up the country.
(...)
Well, one graduate student at Princeton, a guy named Norman Finkelstein, started reading through the book. He was interested in the history of Zionism, and as he read the book he was kind of surprised by some of the things it said. He's a very careful student, and he started checking the references—and it turned out that the whole thing was a hoax, it was completely faked: probably it had been put together by some intelligence agency or something like that.
(...)
He went ahead and wrote up an article, and he started submitting it to journals. Nothing: they didn't even bother responding. I finally managed to place a piece of it in In These Times, a tiny left-wing journal published in Illinois, where some of you may have seen it. Otherwise nothing, no response. Meanwhile his professors—this is Princeton University, supposed to be a serious place—stopped talking to him: they wouldn't make appointments with him, they wouldn't read his papers, he basically had to quit the program.
(...)
They had the whole system buttoned up, there was never going to be a critical word about this in the United States. But then they made a technical error: they allowed the book to appear in England, where you can't control the intellectual community quite as easily.
Well, as soon as I heard that the book was going to come out in England, I immediately sent copies of Finkelstein's work to a number of British scholars and journalists who are interested in the Middle East—and they were ready. As soon as the book appeared, it was just demolished, it was blown out of the water. Every major journal, the Times Literary Supplement, the London Review, the Observer, everybody had a review saying, this doesn't even reach the level of nonsense, of idiocy. A lot of the criticism used Finkelstein's work without any acknowledgment, I should say—but about the kindest word anybody said about the book was "ludicrous," or "preposterous."
(...)
Anyhow, by that point the American intellectual community realized that the Peters book was an embarrassment, and it sort of disappeared—nobody talks about it anymore. I mean, you still find it at newsstands in the airport and so on, but the best and the brightest know that they are not supposed to talk about it anymore: because it was exposed and they were exposed.
Well, the point is, what happened to Finkelstein is the kind of thing that can happen when you're an honest critic—and we could go on and on with other cases like that. [Editors' Note: Finkelstein has since published several books with independent presses.]
Still, in the universities or in any other institution, you can often find some dissidents hanging around in the woodwork—and they can survive in one fashion or another, particularly if they get community support. But if they become too disruptive or too obstreperous—or you know, too effective—they're likely to be kicked out. The standard thing, though, is that they won't make it within the institutions in the first place, particularly if they were that way when they were young—they'll simply be weeded out somewhere along the line. So in most cases, the people who make it through the institutions and are able to remain in them have already internalized the right kinds of beliefs: it's not a problem for them to be obedient, they already are obedient, that's how they got there. And that's pretty much how the ideological control system perpetuates itself in the schools—that's the basic story of how it operates, I think.
Noam Chomsky, The Fate of an Honest Intellectual, 2002
Em 2007:
(...) By his own account [Norman Finkelstein], his academic career was bedeviled from the start by his politics: It took him thirteen years to wrest his doctorate from Princeton, since no faculty member would agree to advise him on his thesis, an analysis of Zionism. When he finally did earn the degree, none would write him a recommendation. He went on to take a series of adjunct posts—at Brooklyn College, Hunter, and NYU—rarely earning more than $20,000 a year.
At DePaul, where he arrived six years ago, his situation improved. But the success of The Holocaust Industry, which was translated into over two dozen languages and was a best seller in Germany, raised his profile, and the critics mobilized. Harvard’s Alan Dershowitz waged a fierce campaign against him, preparing a dossier of Finkelstein’s “clearest and most egregious instances of dishonesty.” Still, his department, and the college, recommended him for tenure. But the university’s promotion-and-tenure board voted 4-3 against him, and DePaul’s president refused to overturn the decision.
(...)
Mas, esperem:
Take a minute before you conclude that the pro-Israel lobby is the sole culprit behind the witch hunt directed against scholars who criticize Israeli military rule over Palestinians. Consider Norman Finkelstein. If he had been on the faculty of an Israeli university, rather than DePaul University, he probably would be an associate professor by now.
I say that because several years ago I came up for tenure at Ben Gurion University of the Negev under similarly contested circumstances. As in Finkelstein's case, when I was recommended for tenure the president was promptly inundated with letters from outsiders seeking to influence the process. Like Finkelstein's, my sin was criticizing Israel's policies in the occupied Palestinian territories. All the calls for my dismissal emanated from America not from Israel. In one typical letter, the president of the Zionist Organization of America used ominous threats to urge the university to fire me. Yet, unlike in the Finkelstein case, ultimately intimidation failed.
Why, then, have such tactics succeeded in the United States? Why do Israeli scholars have more academic freedom than their American counterparts?
The answer is rooted in the fact that many American universities are being reconstructed as corporations whose major objective is to sell products, most obviously degrees to students. The corporatization of academic life means that faculty members are perceived as both producers and products. They are expected to come up with inventions and patents that can be sold to corporations, as well as with research funds and citations that have a pseudomarket value, since they help elevate the university's ranking. As saleable products, faculty members are valued according to a corporate calculus rather than an academic one. To put it bluntly: Finkelstein was considered a liability to the corporation; therefore he was sacked.
The remaking of universities as corporations has also altered accountability. Those at the helm have become more accountable to boards of trustees, shareholders (i.e., major donors), and customers (i.e., students, parents, and viewers of athletics events) than to the university's original mission (i.e., seeking truth and educating the next generation) and the faculty members who carry it out. Consequently administrators behave like corporate executives and are hardly invested in intellectual achievements or democratic processes.
In Israel, by contrast, all faculty members are unionized, and their salaries are determined according to rank and a series of relatively objective academic criteria. Law and business professors earn the same as their colleagues in literature and philosophy. That has a major impact on how we think about faculty members. They are not seen as no more than products, as Finkelstein seems to have been.
(...)
(...)
Well, one graduate student at Princeton, a guy named Norman Finkelstein, started reading through the book. He was interested in the history of Zionism, and as he read the book he was kind of surprised by some of the things it said. He's a very careful student, and he started checking the references—and it turned out that the whole thing was a hoax, it was completely faked: probably it had been put together by some intelligence agency or something like that.
(...)
He went ahead and wrote up an article, and he started submitting it to journals. Nothing: they didn't even bother responding. I finally managed to place a piece of it in In These Times, a tiny left-wing journal published in Illinois, where some of you may have seen it. Otherwise nothing, no response. Meanwhile his professors—this is Princeton University, supposed to be a serious place—stopped talking to him: they wouldn't make appointments with him, they wouldn't read his papers, he basically had to quit the program.
(...)
They had the whole system buttoned up, there was never going to be a critical word about this in the United States. But then they made a technical error: they allowed the book to appear in England, where you can't control the intellectual community quite as easily.
Well, as soon as I heard that the book was going to come out in England, I immediately sent copies of Finkelstein's work to a number of British scholars and journalists who are interested in the Middle East—and they were ready. As soon as the book appeared, it was just demolished, it was blown out of the water. Every major journal, the Times Literary Supplement, the London Review, the Observer, everybody had a review saying, this doesn't even reach the level of nonsense, of idiocy. A lot of the criticism used Finkelstein's work without any acknowledgment, I should say—but about the kindest word anybody said about the book was "ludicrous," or "preposterous."
(...)
Anyhow, by that point the American intellectual community realized that the Peters book was an embarrassment, and it sort of disappeared—nobody talks about it anymore. I mean, you still find it at newsstands in the airport and so on, but the best and the brightest know that they are not supposed to talk about it anymore: because it was exposed and they were exposed.
Well, the point is, what happened to Finkelstein is the kind of thing that can happen when you're an honest critic—and we could go on and on with other cases like that. [Editors' Note: Finkelstein has since published several books with independent presses.]
Still, in the universities or in any other institution, you can often find some dissidents hanging around in the woodwork—and they can survive in one fashion or another, particularly if they get community support. But if they become too disruptive or too obstreperous—or you know, too effective—they're likely to be kicked out. The standard thing, though, is that they won't make it within the institutions in the first place, particularly if they were that way when they were young—they'll simply be weeded out somewhere along the line. So in most cases, the people who make it through the institutions and are able to remain in them have already internalized the right kinds of beliefs: it's not a problem for them to be obedient, they already are obedient, that's how they got there. And that's pretty much how the ideological control system perpetuates itself in the schools—that's the basic story of how it operates, I think.
Noam Chomsky, The Fate of an Honest Intellectual, 2002
Em 2007:
(...) By his own account [Norman Finkelstein], his academic career was bedeviled from the start by his politics: It took him thirteen years to wrest his doctorate from Princeton, since no faculty member would agree to advise him on his thesis, an analysis of Zionism. When he finally did earn the degree, none would write him a recommendation. He went on to take a series of adjunct posts—at Brooklyn College, Hunter, and NYU—rarely earning more than $20,000 a year.
At DePaul, where he arrived six years ago, his situation improved. But the success of The Holocaust Industry, which was translated into over two dozen languages and was a best seller in Germany, raised his profile, and the critics mobilized. Harvard’s Alan Dershowitz waged a fierce campaign against him, preparing a dossier of Finkelstein’s “clearest and most egregious instances of dishonesty.” Still, his department, and the college, recommended him for tenure. But the university’s promotion-and-tenure board voted 4-3 against him, and DePaul’s president refused to overturn the decision.
(...)
Mas, esperem:
Take a minute before you conclude that the pro-Israel lobby is the sole culprit behind the witch hunt directed against scholars who criticize Israeli military rule over Palestinians. Consider Norman Finkelstein. If he had been on the faculty of an Israeli university, rather than DePaul University, he probably would be an associate professor by now.
I say that because several years ago I came up for tenure at Ben Gurion University of the Negev under similarly contested circumstances. As in Finkelstein's case, when I was recommended for tenure the president was promptly inundated with letters from outsiders seeking to influence the process. Like Finkelstein's, my sin was criticizing Israel's policies in the occupied Palestinian territories. All the calls for my dismissal emanated from America not from Israel. In one typical letter, the president of the Zionist Organization of America used ominous threats to urge the university to fire me. Yet, unlike in the Finkelstein case, ultimately intimidation failed.
Why, then, have such tactics succeeded in the United States? Why do Israeli scholars have more academic freedom than their American counterparts?
The answer is rooted in the fact that many American universities are being reconstructed as corporations whose major objective is to sell products, most obviously degrees to students. The corporatization of academic life means that faculty members are perceived as both producers and products. They are expected to come up with inventions and patents that can be sold to corporations, as well as with research funds and citations that have a pseudomarket value, since they help elevate the university's ranking. As saleable products, faculty members are valued according to a corporate calculus rather than an academic one. To put it bluntly: Finkelstein was considered a liability to the corporation; therefore he was sacked.
The remaking of universities as corporations has also altered accountability. Those at the helm have become more accountable to boards of trustees, shareholders (i.e., major donors), and customers (i.e., students, parents, and viewers of athletics events) than to the university's original mission (i.e., seeking truth and educating the next generation) and the faculty members who carry it out. Consequently administrators behave like corporate executives and are hardly invested in intellectual achievements or democratic processes.
In Israel, by contrast, all faculty members are unionized, and their salaries are determined according to rank and a series of relatively objective academic criteria. Law and business professors earn the same as their colleagues in literature and philosophy. That has a major impact on how we think about faculty members. They are not seen as no more than products, as Finkelstein seems to have been.
(...)
sábado
A aldeia 'a direita
Eu lia o insurgente, tal como leio o blasfemias. Nao concordo bastas vezes, concordo algumas, divirto-me profusamente e indigno-me por vezes. Com os tempos comecei a ficar com uma imagem menos boa, ma', muito ma' de um tipo chamado Andre Azevedo Alves. As insinuacoes e as posicoes deste senhor eram de querer distancia e nao percebia como ninguem dizia nada. Comecei a achar que ele era o tolinho da aldeia da direita blogosferica. Aquele tipo que diz disparates, mas coitado, foi nosso colega de escola, um dia no recreio la' da direita bateu com a cabeca e ficou assim. Deixei de ler o insurgente e ok. Quando vi o poste do Basta do Tiago Gomes pensei: finalmente alguem da aldeia bateu o pe' ao tipo. A coisa desenrolou-se e fiquei a saber que o Andre Azevedo Alves nao e' o tolinho da aldeia, e' mesmo considerado um dos fidalgos e o Tiago Gomes foi corrido da aldeia por causa deste tipo. Mas se o Andre Azevedo Alves e' elemento-tabu e representativo desta aldeia, que aldeia e' esta? Acho que se devia fazer um fosso muito fundo, com umas piranhas de dentes agucados dentro, arame farpado electrificado 'a volta e mercenarios de fora para abater algum que consiga rastejar para fora. Isto no optimismo de que nao estejamos na mesma aldeia que eles. Nao estamos, pois nao?
quarta-feira
Fartura
de Kodenko.
Tenho um amigo polaco e conversar com ele é partilhar experiencias em duas esferas: a religiosa e a do choque materialista. Ele é um ateu polaco nascido de ateus, o que imagino seja raro evento. Portanto, ele ve o forte fervor religioso do país dele do lado de fora e eu por vezes pareço estar a traduzir-lhe significados, como alguém que cresceu dentro do fenómeno. Por outro lado, ele conta-me do choque de fartura que foi quando chegou á Alemanha. Ele continua a comer gelado como se os cavaleiros do apocalipse viessem em cavalgada suprasónica em nosso encontro. Eu conto-lhe da emocao dos chocolates enviados pelos parentes emigrados. Ambos crescemos pobres e eu vi a fartura a instalar-se na minha familia atraves dos meus irmaos, ele ve a abundancia conseguida na sua vinda para a Alemanha e ve agora as mudanças no país dele. Ambos vivenciamos o choque da fartura. Sempre vi no triste novo-riquismo portugues, uma contra-reaccao ao passado miseravel, que demorará algumas décadas a desanuviar. Quando vim para a Alemanha, parentes meus perguntaram-me se os alemaes continuavam a por a mobilia na rua. Pelo que entendi, todos os anos, em dias firmados as pessoas punham tudo na rua, como se para eles a grande limpeza, aquela que nos poe a limpar as teias de aranha nos reconditos, encima de cadeiras a tentar chegar aos excrementos sedimentados dos insectos e dos insectivoros, a esfregar de quatro com oleos cancerigenos o chao encardido e riscado, a por cremes protectores nos moveis, a esfregar superficies reluzentes para que nos reflictam devidamente a cara destorcida, significasse para eles mudar o recheio da casa. Para os imigrantes era uma espécie de Natal, em que podiam mobilar a casa de graça com peças praticamente novas. A forma como me descreviam a fartura dos mercados poderá ter sido hiperbolizada, mas parecia-me tudo mais como Portugal de hoje, do que como a Alemanha de hoje. Na verdade, quando cheguei 'a Alemanha e entrei num supermercado, pensei que estava na zona leste. Hoje os alemaes ja' nao poem os moveis na rua. Revendem-nos. O desporto é comprar, comprar muito, mas bagatelas. As feiras de velharias multiplicam-se e a ebay é uma mania. Comparar preços e trocar informacoes sobre formas de obter o mais possível do menos possível pode encher várias horas de conversaçao. Parece uma especie de contra-cultura, com as suas caras excepcoes: neste momento, normalmente a comecar com um i. A nao ser que se seja velhote, em que deve ainda comecar com um vrrrmmmmmm. Por falar em carros: no outro dia estavam tres homens junto a um carro, tinham posto uma toalha sobre o capot e faziam um piquenique. Foi o choque. Parece que por aqui usar um carro como mesa e' crime lesa-majestade.
sexta-feira
Sacos de plástico
Um ano comecou de aluviao. Quando as aguas já tinham assentado, apanhei o comboio para Sul. Perto de Coimbra, o comboio amainou e pelas janelas o céu era de chumbo e prata, a água espalhava-se aos pés da ponte e as árvores mostravam nos ramos decoracoes que lembravam o Natal, talvez por aproximacao temporal ou preconceito ideologico. Sacos de plástico. A paisagem era muito bela: os campos inundados e o céu incrível reflectido nas águas. Os plásticos entornavam incongruencia. Dei-me conta que havia turistas estrangeiros na minha carruagem, que tiravam fotografias com a ansia da captura. No filme "Auf der anderen Seite", um personagem senta-se á beira-mar, só se ouve o quebrar das ondas. Permanecemos minutos, vários, ele a olhar o mar, á espera de alguém e nós a olhá-lo a ele e ao mar e á história que acabamos de ver. Daí vem do lado esquerdo a rebolar um saco de plástico. A incongruencia provocou risos na sala.
Mas haverá paisagem moderna que para ser congruente possa nao ter um saco de plastico?
Na Alemanha, o normal é pagar os sacos de plástico. Há mercados por todo o lado, coisas tipo Lidl ou melhor, mercadinhos turcos, e as pessoas vao de cestos de verga, de mochilas, de sacos de pano e compram pequenas quantidades. É até normal saltar de mini para mini, porque num vendem isto, mas naquele vendem aquilo. Mesmo quando sao grátis, eu nao aceito sacos de plástico. Nos EUA tive a impressao que acabaram por me conhecer no hipermercado, pela minha recusa de usar sacos de plástico, pois a certa altura já dispunham os artigos sem os meter nos sacos como faziam com os outros clientes. Quantidades enormes de sacos, por vezes um item por saco, como em Portugal (nao se pode juntar o azeite ao shampoo, senao sabe-se lá que criatura hedionda surgirá do contacto). Estais tao mal habituados que mete impressao.
Mas haverá paisagem moderna que para ser congruente possa nao ter um saco de plastico?
Na Alemanha, o normal é pagar os sacos de plástico. Há mercados por todo o lado, coisas tipo Lidl ou melhor, mercadinhos turcos, e as pessoas vao de cestos de verga, de mochilas, de sacos de pano e compram pequenas quantidades. É até normal saltar de mini para mini, porque num vendem isto, mas naquele vendem aquilo. Mesmo quando sao grátis, eu nao aceito sacos de plástico. Nos EUA tive a impressao que acabaram por me conhecer no hipermercado, pela minha recusa de usar sacos de plástico, pois a certa altura já dispunham os artigos sem os meter nos sacos como faziam com os outros clientes. Quantidades enormes de sacos, por vezes um item por saco, como em Portugal (nao se pode juntar o azeite ao shampoo, senao sabe-se lá que criatura hedionda surgirá do contacto). Estais tao mal habituados que mete impressao.
quinta-feira
Mal educado
Vi umas imagens daquela conferencia que fizeram num sitio chamado Anapolis (deve ter consoantes dobradas, mas que se lixe), aquela para exactamente fazer imagens e o expectavel aparece tao obvio que ate quem espera fica espantado. Por amor de deus, nao se podia, sei la', fingir melhor? O Bush aparece em todas as imagens mais chegadinho ao Elmut e a falar com o Elmut e a mostrar coisas ao Elmut, enquanto o Abas e' um enjeitado que anda ali, claramente a reboque. Eu ate' me comiserei pelo presidente palestiniano. Fosgas para o Bush, que para la' de todos os defeitos mortais, e' um patifezeco mal-educado.
quarta-feira
O Pedro Arroja e a minha avó
Na minha santa ignorancia pensava eu que o preconceito era fruto da ignorancia. Pessoas que nao tinham sido habituadas a pensar ou que nao estavam para isso. Pessoas provincianas, limitadas aos seus pequenos espacos de preconceito nao questionado. O que sao foi-lhes completamente inculcado. Entrou-lhes em passiva condescendencia. Mentalidade de grupo, incapacidade de empatia, de ir para la'.
Santa ignorancia. Calma ignorancia. Com esta ignorancia uma pessoa pensa que quanto mais as pessoas sao educadas, menos preconceitos existirao. Pimbas, levamos com os intelectuais do preconceito. Ha' pessoas que pensam o preconceito, que o tentam fundamentar e que lhe providenciam pontos positivos. Sem preconceito sairiamos nus 'a rua. Estamos sempre a aprender. Pessoas que loam os valores individuais numa sociedade com pouco estado, loam tambem os valores colectivos de opressao social, em que todos unidos nos preconceitos dos nossos antepassados fazemos desta uma melhor sociedade. Eu leio e nao acredito. E' claro que para este homem o Andre' Azevedo Alves e' uma boa pessoa. Afinal escreveu 50% da teoria 'isto e' meu e tira a pata' em Portugal. So' falta escrever a segunda parte da teoria liberal: 'o meu teratetravo' tinha razao: os bons maricas comem e calam'. O Joao Miranda pode juntar o apendice: 'A minha avo nao me abortou: liberalismo e sapiencia'.
Santa ignorancia. Calma ignorancia. Com esta ignorancia uma pessoa pensa que quanto mais as pessoas sao educadas, menos preconceitos existirao. Pimbas, levamos com os intelectuais do preconceito. Ha' pessoas que pensam o preconceito, que o tentam fundamentar e que lhe providenciam pontos positivos. Sem preconceito sairiamos nus 'a rua. Estamos sempre a aprender. Pessoas que loam os valores individuais numa sociedade com pouco estado, loam tambem os valores colectivos de opressao social, em que todos unidos nos preconceitos dos nossos antepassados fazemos desta uma melhor sociedade. Eu leio e nao acredito. E' claro que para este homem o Andre' Azevedo Alves e' uma boa pessoa. Afinal escreveu 50% da teoria 'isto e' meu e tira a pata' em Portugal. So' falta escrever a segunda parte da teoria liberal: 'o meu teratetravo' tinha razao: os bons maricas comem e calam'. O Joao Miranda pode juntar o apendice: 'A minha avo nao me abortou: liberalismo e sapiencia'.
segunda-feira
O rei vai nú
O Tiago Mendes devia ter escrito como criança, pois livrava-se do ataque (para exemplo: o Pedro Arroja e o Joao Miranda e um senhor chamado RAF, que saiu do Atlantico, onde isto anda a ferver).
O que eu gosto desta história é que parece que tudo começou com o politicamente correcto: aquela crónica alienada do JFV (onde é que ele viu pessoas perseguidas ou vigiadas ou sequer olhadas de lado, lá fora no mundo real portugues, por chamarem alguém paneleiro ou maricas? gostava de saber onde é o microcosmos.), que foi excelentemente rebatida pelo Daniel Oliveira.
Sendo que o André Azevedo Alves e os seus defensores sempre clamaram contra o PC, pela suposta liberdade de chamar as coisas pelo nome, acho piada que agora nos venham dizer que afinal o AAA é minoria protegida por esse mesmo canone.
P.S.: Ja' agora, os defensores que nomeei nao dizem que o AAA nao e' a pessoa descrita no poste do Tiago Mendes. O que eles dizem e' que o AAA e' uma pessoa de bem, expressao que eu ja' vi colada a homens que batem nas mulheres e que roubam o estado, que o que o Tiago Gomes faz e' um ataque ad hominem, como se o que aparece escrito e defendido nos postes do AAA, nao tivesse o AAA por tras, e porque estamos a falar do Pedro Arroja e do Joao Miranda, como se tudo se pudesse dizer se for sempre atraves da generalizacao. Tudo estaria bem se o Tiago Mendes nao pusesse um nome, mas se amalgamasse esse nome num grupo. O Tiago Gomes poderia criticar todos os liberais ou todos os Andres. O ataque ad grupem e' actividade consentida. Ou, se o Tiago Gomes fosse educado, devia ter-se pronunciado em privado. O RAF, por seu lado, saiu do blogue Atlantico, o que e' direito dele, nao havendo nada a apontar.
O que eu gosto desta história é que parece que tudo começou com o politicamente correcto: aquela crónica alienada do JFV (onde é que ele viu pessoas perseguidas ou vigiadas ou sequer olhadas de lado, lá fora no mundo real portugues, por chamarem alguém paneleiro ou maricas? gostava de saber onde é o microcosmos.), que foi excelentemente rebatida pelo Daniel Oliveira.
Sendo que o André Azevedo Alves e os seus defensores sempre clamaram contra o PC, pela suposta liberdade de chamar as coisas pelo nome, acho piada que agora nos venham dizer que afinal o AAA é minoria protegida por esse mesmo canone.
P.S.: Ja' agora, os defensores que nomeei nao dizem que o AAA nao e' a pessoa descrita no poste do Tiago Mendes. O que eles dizem e' que o AAA e' uma pessoa de bem, expressao que eu ja' vi colada a homens que batem nas mulheres e que roubam o estado, que o que o Tiago Gomes faz e' um ataque ad hominem, como se o que aparece escrito e defendido nos postes do AAA, nao tivesse o AAA por tras, e porque estamos a falar do Pedro Arroja e do Joao Miranda, como se tudo se pudesse dizer se for sempre atraves da generalizacao. Tudo estaria bem se o Tiago Mendes nao pusesse um nome, mas se amalgamasse esse nome num grupo. O Tiago Gomes poderia criticar todos os liberais ou todos os Andres. O ataque ad grupem e' actividade consentida. Ou, se o Tiago Gomes fosse educado, devia ter-se pronunciado em privado. O RAF, por seu lado, saiu do blogue Atlantico, o que e' direito dele, nao havendo nada a apontar.
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