Maria
Maria Ester, mulher, 32 anos. Profissionalmente activa, esposa e mãe de duas crianças. Morreu no Hospital S. Teotónio (HST) de Viseu, em 2000, devido a uma "disfunção multiorgânica", aparentemente provocada por uma "manobra abortiva". No registo médico não constam sequer os nomes dos pais. Os clínicos que a assistiram presumem que tenha "ingerido algum produto tóxico" para pôr fim a uma gravidez não desejada. Para os movimentos Médicos Pela Escolha e Viseu Pelo Sim, este é um exemplo paradigmático e "terrível" das situações que serão evitadas com a despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG) e que justificam o voto "sim" no referendo do próximo dia 11 de Fevereiro. A médica Ana Paula Viana trabalhava, na altura, na Unidade de Cuidados Intensivos, onde Maria Ester esteve internada durante três semanas. Explicou que os clínicios foram "incapazes de controlar as complicações", tendo assistido impotentes ao "esvair-se de uma vida", num "custo incalculável" para uma "família que ficou destroçada". Sabe, porém, que este é apenas um nome entre milhares de mulheres de um "universo perfeitamente desconhecido", já que, "sendo criminalizadas, as mulheres não confessam e os médicos têm algum cuidado com os registos das situações que recebem nos serviços dos hospitais".
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