terça-feira

Mentalidade no séc. XXI em Portugal

Mas ok, se virmos por outro prisma, se virmos a mentalidade para com a mulher, que pode estar por detrás de um nao, entao tem razao. E aí nao sei se entramos no século XXI ou se ainda o estamos só a espreitar.

A semana passada, Daniel Serrão contribuiu com um pequeno texto para o DN, onde explicava o seu “não” à pergunta do próximo dia 11. Escrevia ele que após o referendo estaria ao lado das jovens para as ajudar a ser mais responsáveis com a sua sexualidade. Não se sabe se Daniel Serrão se referia às jovens que exploram a sua sexualidade sozinhas ou às jovens que exploram a sua sexualidade com outras jovens, sendo que, em qualquer dos casos, não parece alguma delas corra sérios riscos de assim engravidar. Com efeito, se o médico se queria referir às jovens que devem ser mais responsáveis com a sua sexualidade porque podem engravidar, como estas não engravidam sozinhas, nem umas com as outras, é óbvio que se esqueceu de um elemento importante nesta equação e que são os jovens.

Por vezes, pequenos detalhes como este revelam toda uma forma de pensar o outro, que, neste caso, é a mulher. Esta boa vontade de estar ao lado das jovens e de encarar as mulheres que abortam como vítimas, que convive, aparentemente de forma harmoniosa, com a atribuição de um ónus de culpa, revela uma forma, tão cara à Igreja Católica, de ver a mulher como um agente do mal. Umas vezes perfidamente consciente desse papel; outras ingenuamente seduzida por algo que não consegue compreender bem. Mas, sem dúvida, um agente do mal.


Miguel Silva

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