quarta-feira

Tenho um trauma

Ou como diria o meu irmão: uma pancada das grandes. A culpa, claro está, é dos meus pais. Foram eles: o meu pai com os seus discursos absurdos das horas da refeição (mais trabalhados ao Domingo, depois da missa), que eu tentava ignorar concentrando-me na sopa de letras ou nos meandros do frango assado; ou as lamúrias amalianas da minha mãe, mostrando como o fado não é só música, mas um estilo de vida. Como qualquer adolescente sadia, eu prometi-me nunca ser como eles. Mas na minha fragilidade, cultivou-se em mim esta sede de os ouvir a dizer disparates. Agora que vivo bem longe deles, o tempo que falo com eles é demasiado curto. Substituí a necessidade lendo os blogues "liberal-economistas". Leio e sorrio condescendentemente, leio e chateio-me, leio e horrorizo-me se alguma das vezes há uma opinião como a minha. Uma coisa é certa: eu preciso de ler os disparates dos "liberal-economistas". Tira-me as saudades dos meus pais.

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