(...) Idália Moniz, secretária de Estado Adjunta e da Reabilitação, afirma que "os portugueses querem crianças pequeninas, sem irmãos e caucasianas (brancas). Quem vem buscar os outros, por incrível que seja, são os estrangeiros".
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"em Portugal, quase temos mais pessoas que querem adoptar do que crianças para serem adoptadas", diz a secretária de Estado. O paradoxo reside no facto de haver mais candidatos a pais, desde que seja de crianças pequenas, caucasianas, sem irmãos ou deficiências. Só que bebés, há poucos.
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Se, por um lado, temos o facto do processo de adopção poder levar até quatro anos; por outro, lamenta Idália Moniz, "não ajudam as preferências dos candidatos portugueses".
Recorde-se que, em Portugal, há mais de 15 mil jovens institucionalizados. Destes, determinou um estudo do Instituto da Segurança Social, levado a cabo em 2004, há apenas 10.800 entre os zero e os 21 anos (o JN encontrou internados com mais de 25 anos); e dos 10.800, apenas 800 reunem condições para a adopção, refere o levantamento. (...)
No Jornal de Notícias de hoje.
Sobre a adopção escreve o Carlos Furtado do Nortadas, num poste intitulado "A agenda de alguns, bem minoritários":
(...) Acredito que a familia tradicional é o mais forte pilar de uma sociedade. Apesar de todas as vicissitudes que os casamentos passam, uns aguentam e outros fraquejam, continua a ser esta a melhor forma organizacional e aquela onde melhor se consegue educar uma criança.
É entre um pai e uma mãe, entre um homem e uma mulher, que uma criança aprende o que é viver em sociedade. Aprende o que é uma sociedade.
Só que o processo de adopção ainda é quase um processo infinito. Os tempos de espera são verdadeiramente desesperantes, quer para quem pretende adoptar quer para quem deseja ser adoptado.
(...)
Infelizmente os prazos ultrapassam e muito os três anos. Não conheço muitos casos, mas os que conheço já vão nos 4 anos, já passaram uma série de exames, todos eles têm já um filho, mas ainda assim continuam à espera.
Imagine-se agora que a este processo lento e demorado, conseguimos meter umas areias mais: os casais homossexuais.
Vamos a imaginar que os homossexuais, essas areias entre os pilares da sociedade, em vez de verem a adopção como o adquirir o bébé de medida, côr e marca ideal, talvez sejam mais humildes. Em vez de se olharem no espelho com jactância achando que são os suportes da nossa civilização, talvez tenham uma visão da sociedade mais generosa. Talvez sabendo eles próprios o que é ser-se considerado os minoritários anormais, os refugos, talvez eles não se importem em dar guarida e amor aos outros que não estão dentro das imaginações de perfeição dos casais heterossexuais. Desta forma talvez estas crianças tenham uma ideia mais rica do que é a sociedade, do que é a variedade humana, talvez estas crianças melhorem a nossa sociedade. É a minha imaginação. Que numa sociedade ninguém é areia no mecanismo. Que todos fazemos parte e ninguém merece ser excluído porque não é da maioria padrão.
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