sexta-feira
10-12 anos
Ontem discutia-se a guerra no Iraque e um tipo disse que os EUA teriam, provavelmente, de ficar mais 10-12 anos. Que no', em que no' esta gente se meteu. E' o que da' nao me pedirem conselho.
Porque e' que o Musharaf foi ao Daily Show?
Por aqui so' se fala do paquistanes. Agora parece que anda 'as cabecadas com o Karzai.
Esteve com o Bush (tambem conhecido por Shrub); provocou convulsao quando afirmou que os EUA tinham ameacado o Paquistao, apos o 11 de Setembro: "Ou cooperam na luta contra a Al'Quaeda ou nos bombardeamos o Paquistao de tal maneira que vos recambiamos para a idade da pedra." O tipo responsavel acusado retrucou que o que se disse foi o usual: "Ou estas connosco ou estas contra nos". Quando os jornalistas pediram mais pormenores, Musharaf disse: "Esta' no meu novo livro. Comprem-no."
A ultima e' que Musharaf foi ao Daily Show! Um presidente de nacao foi ao Daily Show! Aqueles pontos de exclamacao nao sao despropositados. Aparecem na cara dos tipos e tipas com aspecto de yuppies e gel ou laca no cabelo que pronunciam palavras associadas a pontos de exclamacao. "A filha do Tom Cruise de certeza usou capachinho!!!!"; "Exclusivo com o homem que se diz pai do ultimo rebento da Nicole Smith!!!!!!"; "Rosie O'Donnell comparou extremistas cristaos a extremistas muculmanos!!!!!"
Os media perguntam-se: porque e' que o Musharaf foi ao Daily Show? Nota-se a inveja, o veneno, o desprezo, principalmente quando repetem vezes sem conta: "quando o Bush se for embora ele [o Jon Stewart] ja' nao tem piadinhas para fazer o programa." Eu pergunto-me: se eles conseguem escandalos pirotecnicos todos os dias com uma mao cheia de celebridades, porque e' que o Jon Stewart nao ha-de encontrar politicos a cometer gaffes e a serem imbecis num pais deste tamanho? 49 estados?
Agora a resposta 'a pergunta deixou-me confundidinha das ideias. Um tipo respondeu que o Musharaf tinha ido ao Daily Show para promover o livro dele. Vender mais, ganhar dinheiro. Que era muito bom, fantastico que alguem se tornasse um capitalista e nao andassse a oprimir o povo.
Eu nao percebi porque e' que ser capitalista exclui ser-se opressor. Alem disso, o Musharaf nao e' na verdade um opressor? Houve eleicoes livres e eu nao dei conta? Nao percebi...
Esteve com o Bush (tambem conhecido por Shrub); provocou convulsao quando afirmou que os EUA tinham ameacado o Paquistao, apos o 11 de Setembro: "Ou cooperam na luta contra a Al'Quaeda ou nos bombardeamos o Paquistao de tal maneira que vos recambiamos para a idade da pedra." O tipo responsavel acusado retrucou que o que se disse foi o usual: "Ou estas connosco ou estas contra nos". Quando os jornalistas pediram mais pormenores, Musharaf disse: "Esta' no meu novo livro. Comprem-no."
A ultima e' que Musharaf foi ao Daily Show! Um presidente de nacao foi ao Daily Show! Aqueles pontos de exclamacao nao sao despropositados. Aparecem na cara dos tipos e tipas com aspecto de yuppies e gel ou laca no cabelo que pronunciam palavras associadas a pontos de exclamacao. "A filha do Tom Cruise de certeza usou capachinho!!!!"; "Exclusivo com o homem que se diz pai do ultimo rebento da Nicole Smith!!!!!!"; "Rosie O'Donnell comparou extremistas cristaos a extremistas muculmanos!!!!!"
Os media perguntam-se: porque e' que o Musharaf foi ao Daily Show? Nota-se a inveja, o veneno, o desprezo, principalmente quando repetem vezes sem conta: "quando o Bush se for embora ele [o Jon Stewart] ja' nao tem piadinhas para fazer o programa." Eu pergunto-me: se eles conseguem escandalos pirotecnicos todos os dias com uma mao cheia de celebridades, porque e' que o Jon Stewart nao ha-de encontrar politicos a cometer gaffes e a serem imbecis num pais deste tamanho? 49 estados?
Agora a resposta 'a pergunta deixou-me confundidinha das ideias. Um tipo respondeu que o Musharaf tinha ido ao Daily Show para promover o livro dele. Vender mais, ganhar dinheiro. Que era muito bom, fantastico que alguem se tornasse um capitalista e nao andassse a oprimir o povo.
Eu nao percebi porque e' que ser capitalista exclui ser-se opressor. Alem disso, o Musharaf nao e' na verdade um opressor? Houve eleicoes livres e eu nao dei conta? Nao percebi...
quinta-feira
Afeganistao: o feminino
The woman who defied the Taliban, and paid with her life, Kim Segupta, The Independent
'The small advances women have made are now being wiped out', Leonard Doyle, The Independent
'The small advances women have made are now being wiped out', Leonard Doyle, The Independent
Afeganistao: o feminino infantil
A Ghulam Haider, de 11 anos, vai casar com Faiz Mohammed, de 40. Ela queria ser professora, mas quando ficou noiva foi forcada a desistir da escola.
A Majabin Mohammed, de 13 anos, senta-se 'a esquerda do seu marido, Mohammed Fazal, 45, juntamente com a sua primeira mulher e filho. A Majabin foi dada em casamento em pagamento de uma divida de jogo.
As raparigas sao trabalhadoras valiosas numa terra em que a sobrevivencia e' arrepanhada de meio acre de solo [1 acre = 0.4 ha]. Em casa do marido o seu valor e' ainda maior. Podem ter sexo e filhos.
Fotografias e texto obtidas em pop-up no sitio do "The New York Times". Traducao minha.
Nota: ha' umas duas semanas escrevi um texto sobre a minha posicao sobre a poligamia. Este e' um exemplo a corroborar o meu negativismo.
quarta-feira
terça-feira
segunda-feira
O estado da nacao
3. Parece que um quarto dos portugueses não se importavam que Portugal fosse parte do Estado Espanhol. A mim não me choca nada, desde um ponto de vista nacionalista - um ponto que não tenho. O que me choca é que haja tanta gente que pensa que para ter uma sociedade (mais) decente é preciso imaginar a pertença a outro estado, em vez de mudar o estado das coisas no sítio onde acontece viver-se.
Exacto. A minha grande pena e' que este pessoal nao emigre. Queixam-se, queixam-se, mas nao emigram. E e' que Espanha e' ja' ali ao lado. E' um pulinho. Com a UE nem e' preciso visto. Se compartilha da opiniao do quarto e me esta' a ler, faca um favor ao resto de nos: de o pulo e seja feliz.
Exacto. A minha grande pena e' que este pessoal nao emigre. Queixam-se, queixam-se, mas nao emigram. E e' que Espanha e' ja' ali ao lado. E' um pulinho. Com a UE nem e' preciso visto. Se compartilha da opiniao do quarto e me esta' a ler, faca um favor ao resto de nos: de o pulo e seja feliz.
Darfur:
Era para informar o leitor de que apos uma reuniao de africanagem os soldados da Uniao Africana continuarao em Darfur mais 3 meses. E' melhor que nada, e' verdade, mas os pobres continuarao descamisados, a ver o mundo a passar-lhes 'a frente do nariz. O mundo humano desumano.
Nisto tudo, os chineses continuam muito pouco budistas. Os outros tambem tem culpas, mas como o mundo humano desumano e' tao generalizado, nao se cometem grandes erros se formos distribuindo as culpas. Provavelmente na ONU os diplomatas oferecem-se maldades: eu lixo agora e depois lixas tu, ok? Cada um com a sua causa desumana.
Eu soube isto no The Independent, que parece ser o unico que ainda vai dando noticias de Darfur. Nao faco ligacoes, porque, sinceramente, nao estou com espirito para nada.
Nisto tudo, os chineses continuam muito pouco budistas. Os outros tambem tem culpas, mas como o mundo humano desumano e' tao generalizado, nao se cometem grandes erros se formos distribuindo as culpas. Provavelmente na ONU os diplomatas oferecem-se maldades: eu lixo agora e depois lixas tu, ok? Cada um com a sua causa desumana.
Eu soube isto no The Independent, que parece ser o unico que ainda vai dando noticias de Darfur. Nao faco ligacoes, porque, sinceramente, nao estou com espirito para nada.
sábado
sexta-feira
Libia: 5 enfermeiras bulgaras e um medico palestiniano em risco de irem desta pra melhor
Lawyers defending six medical workers who risk execution by firing squad in Libya have called for the international scientific community to support a bid to prove the medics' innocence. The six are charged with deliberately infecting more than 400 children with HIV at the al-Fateh Hospital in Benghazi in 1998, so far causing the deaths of at least 40 of them. (...)
During the first trial, the Libyan government did ask Luc Montagnier, whose group at the Pasteur Institute in Paris discovered HIV, and Vittorio Colizzi, an AIDS researcher at Rome's Tor Vergata University, to examine the scientific evidence. The researchers carried out a genetic analysis of viruses from the infected children, and concluded that many of them were infected long before the medics set foot in Libya in March 1998. Many of the children were also infected with hepatitis B and C, suggesting that the infections were spread by poor hospital hygiene. The infections were caused by subtypes of A/G HIV-1 — a recombinant strain common in central and west Africa, known to be highly infectious.
But the court threw out the report, arguing that an investigation by Libyan doctors had reached the opposite conclusion.(...)
According to Alexiev [defence lawyer on the case], the decision to throw out the report removed all scientific content from the case, leaving a series of prejudgements, and confessions extracted under torture. "It's scandalous," he says. "This is a complex scientific affair, and it is impossible to judge it without a scientific basis."
Montagnier, whose efforts helped secure a retrial in the first place, says he too is upset by how events in Tripoli are progressing. "It's a rerun of the first trial," he says. "It's embarassing politically for Gaddafi, but there is the pressure of the parents, who absolutely need to find a scapegoat. Of course this can't be the Libyans, so it falls on the medics."(...)
"If international pressure isn't stronger before the appeal, the risk is large that they will be condemned to death," predicts Michel Taube, co-founder of Together Against the Death Penalty, a French non-governmental organization. "To avoid that outcome, diplomacy is not enough. We need international mobilization."
Only a combined pressure from lawyers and scientists as well as politicians will make a difference, agrees Altit [defence lawyer Emmanuel Altit, a member of the Paris bar and a volunteer with Lawyers Without Borders, who has in the past defended inmates at Guantanamo Bay]. If the Supreme Court refuses a scientific assessment, then the international community will be able to ask: "What has it got to hide?" he says. "And if it agrees to a scientific investigation, then we will win."
During the first trial, the Libyan government did ask Luc Montagnier, whose group at the Pasteur Institute in Paris discovered HIV, and Vittorio Colizzi, an AIDS researcher at Rome's Tor Vergata University, to examine the scientific evidence. The researchers carried out a genetic analysis of viruses from the infected children, and concluded that many of them were infected long before the medics set foot in Libya in March 1998. Many of the children were also infected with hepatitis B and C, suggesting that the infections were spread by poor hospital hygiene. The infections were caused by subtypes of A/G HIV-1 — a recombinant strain common in central and west Africa, known to be highly infectious.
But the court threw out the report, arguing that an investigation by Libyan doctors had reached the opposite conclusion.(...)
According to Alexiev [defence lawyer on the case], the decision to throw out the report removed all scientific content from the case, leaving a series of prejudgements, and confessions extracted under torture. "It's scandalous," he says. "This is a complex scientific affair, and it is impossible to judge it without a scientific basis."
Montagnier, whose efforts helped secure a retrial in the first place, says he too is upset by how events in Tripoli are progressing. "It's a rerun of the first trial," he says. "It's embarassing politically for Gaddafi, but there is the pressure of the parents, who absolutely need to find a scapegoat. Of course this can't be the Libyans, so it falls on the medics."(...)
"If international pressure isn't stronger before the appeal, the risk is large that they will be condemned to death," predicts Michel Taube, co-founder of Together Against the Death Penalty, a French non-governmental organization. "To avoid that outcome, diplomacy is not enough. We need international mobilization."
Only a combined pressure from lawyers and scientists as well as politicians will make a difference, agrees Altit [defence lawyer Emmanuel Altit, a member of the Paris bar and a volunteer with Lawyers Without Borders, who has in the past defended inmates at Guantanamo Bay]. If the Supreme Court refuses a scientific assessment, then the international community will be able to ask: "What has it got to hide?" he says. "And if it agrees to a scientific investigation, then we will win."
quinta-feira
Com triste coração cantar alegrememente
e rir ’stando de luto, é coisa bem difícil;
o contrário mostrar de quanto nos aflige
é pior que trair um coração dolente.
Assim o tenho feito; e bem continuamente.
Embora sem o querer, tem-me sido preciso
com triste coração cantar alegremente.
Se no meu coração trago constantemente
o luto que afinal é o que mais me aflige,
pra outros divertir tem-me sido preciso
rir em vez de chorar, e muito amargamente
com triste coração cantar alegremente.
Christine de Pisan (1364-1431) -> Xquarta-feira
Darfur: assim a olho, 50 000 mortos e a contar
[...] The U.N. generates humanitarian profiles of people counted in the camps and people surrounding the camps who together constitute conflict-affected people who are also in need of assistance. These counts are important to the United Nations as the basis of planning and support. The United Nations does not ask specific questions about violence, but the numbers generated are essential in calculating the population at risk, which we used to estimate the actual numbers of deaths in West Darfur. West Darfur refugees in Chad are not included in these profiles. We used a State Department survey and U.N. refugee camp counts to complete the estimate of the West Darfur population at risk. [...]
[...] We conservatively estimate 19 months of mortality in West Darfur as 49,288 (with a range from 40,850 to 67,598) by summing the means for estimated deaths between the high and low monthly figures in the right side of the figure. When the right tail of this distribution is extended to May 2006, the total number of deaths is 65,296 in West Darfur alone, with a range from 57,506 to 85,346. This estimate covers 31 months of conflict that, as of August 2006, has been under way for 43 months. If the further 12 months of conflict were well estimated, and/or if all or most missing or disappeared persons were presumed dead, the death estimate would be much higher. [...]
Hagan & Palloni, Death in Darfur. Science 313, n.5793, 1578-1579, 15 September 2006.
[...] We conservatively estimate 19 months of mortality in West Darfur as 49,288 (with a range from 40,850 to 67,598) by summing the means for estimated deaths between the high and low monthly figures in the right side of the figure. When the right tail of this distribution is extended to May 2006, the total number of deaths is 65,296 in West Darfur alone, with a range from 57,506 to 85,346. This estimate covers 31 months of conflict that, as of August 2006, has been under way for 43 months. If the further 12 months of conflict were well estimated, and/or if all or most missing or disappeared persons were presumed dead, the death estimate would be much higher. [...]
Hagan & Palloni, Death in Darfur. Science 313, n.5793, 1578-1579, 15 September 2006.
segunda-feira
O discurso do Papa
Nao estava para escrever sobre este assunto, mas como eu fui uma bloguista que se revirou por aqui a defender a liberdade de expressao na altura dos cartunes dinamarqueses, achei por bem defender que nao e' por ser o Papa que nao ache que ele pode escrever o que lhe da' na veneta. E arcar com as consequencias. Os muculmanos tem todo o direito de lhe pedirem explicacoes e dizerem-lhe que estao ofendidos. O problema e' que nao param ai'. Ameacam com violencia e usam a violencia. Nao ha' pachorra para esta gente.
O mais interessante do discurso nao tem nada a ver com a citacao do Papa. E', na verdade, completamente acessoria. Uma entrada, que o Papa podia ter dispensado sem beliscar o amago. Ele podia ter citado so' a parte que realmente importava que era "nao agir com a razao e' contrario 'a natureza de Deus", sem salientar dicotomia nas religioes. E' este o ponto de partida para um texto em que ele expoe a sua tentativa de demonstracao de que a religiao Crista tem, desde os seus primordios, um nucleo de razao. Ate' chegar a outros pontos: de que a ciencia como mera busca tecnica e' uma reducao do ser humano e como disciplinas como a teologia, tal como a filosofia, tem um lugar importante nas universidades, para uma melhor exploracao do espectro do conhecimento. Isto muito por alto.
Os muculmanos podem-se chatear, porque nesse excerto acessorio e noutras duas tangentes no texto, os seus seguidores sao sempre os nao razoaveis. Para dar exemplos de irrazoabilidade o Papa nao precisava de ir buscar os muculmanos e para usar o livro que ele anda a ler, ele nao precisava de frisar que o Manuel II achava que o Mohammed so trouxe coisas mas. Meteu-se no fogo para nada, a nao ser que ele ache piada em andar a aquecer os dedos.
Eu gostei do discurso. Principalmente porque andava a tentar perceber o que o Joao Miranda andava a tentar dizer sobre o evolucionismo e foi um eureca. Nao estava era 'a espera que fosse o Papa a iluminar-me.
O mais interessante do discurso nao tem nada a ver com a citacao do Papa. E', na verdade, completamente acessoria. Uma entrada, que o Papa podia ter dispensado sem beliscar o amago. Ele podia ter citado so' a parte que realmente importava que era "nao agir com a razao e' contrario 'a natureza de Deus", sem salientar dicotomia nas religioes. E' este o ponto de partida para um texto em que ele expoe a sua tentativa de demonstracao de que a religiao Crista tem, desde os seus primordios, um nucleo de razao. Ate' chegar a outros pontos: de que a ciencia como mera busca tecnica e' uma reducao do ser humano e como disciplinas como a teologia, tal como a filosofia, tem um lugar importante nas universidades, para uma melhor exploracao do espectro do conhecimento. Isto muito por alto.
Os muculmanos podem-se chatear, porque nesse excerto acessorio e noutras duas tangentes no texto, os seus seguidores sao sempre os nao razoaveis. Para dar exemplos de irrazoabilidade o Papa nao precisava de ir buscar os muculmanos e para usar o livro que ele anda a ler, ele nao precisava de frisar que o Manuel II achava que o Mohammed so trouxe coisas mas. Meteu-se no fogo para nada, a nao ser que ele ache piada em andar a aquecer os dedos.
Eu gostei do discurso. Principalmente porque andava a tentar perceber o que o Joao Miranda andava a tentar dizer sobre o evolucionismo e foi um eureca. Nao estava era 'a espera que fosse o Papa a iluminar-me.
sábado
Darfur : 30 de SETEMBRO
Ligacao para ligacoes.
Excerto (traducao minha):
A 30 de Setembro, a Forca da Uniao Africana, deficiente em homens e fundos, abandonara' Darfur. Estes 7000 soldados sao a unica coisa a moderar a violencia genocidica em Darfur, em que civis sao usualmente mortos, feridos, violados, raptados ou expulsos 'a forca.
Nas passadas duas semanas, o governo sudanes intensificou dramaticamente os ataques aereos e trabalhou no sentido de esvaziar a regiao de testemunhas, incluindo trabalhadores humanitarios e jornalistas estrangeiros. Se a Forca da Uniao Africana partir a 30 de Setembro, como previsto, Darfur sera' uma caixa negra de genocidio.
Tambem faz ligacao a uma gravacao de George Clooney suplicando 'as Nacoes Unidas que algo seja feito.
Excerto (traducao minha): Crescemos a acreditar que as Nacoes Unidas foram criadas para assegurar que o Holocausto nunca poderia acontecer outra vez. Nos acreditamos em vos tao fortemente. Nos precisamos de vos tao drramaticamente. Nos conseguimos tanto. Estamos 'a distancia de um "sim" de acabar com isto. E se nao as Nacoes Unidas, entao quem? E tempo e' fundamental.
We were brought up to believe that the UN was formed to ensure that the Holocaust could never happen again. We believe in you so strongly. We need you so badly. We have come so far. We are one “yes” away from ending this. And if not the U.N., then who? And time is of the essence.
Excerto (traducao minha):
A 30 de Setembro, a Forca da Uniao Africana, deficiente em homens e fundos, abandonara' Darfur. Estes 7000 soldados sao a unica coisa a moderar a violencia genocidica em Darfur, em que civis sao usualmente mortos, feridos, violados, raptados ou expulsos 'a forca.
Nas passadas duas semanas, o governo sudanes intensificou dramaticamente os ataques aereos e trabalhou no sentido de esvaziar a regiao de testemunhas, incluindo trabalhadores humanitarios e jornalistas estrangeiros. Se a Forca da Uniao Africana partir a 30 de Setembro, como previsto, Darfur sera' uma caixa negra de genocidio.
Tambem faz ligacao a uma gravacao de George Clooney suplicando 'as Nacoes Unidas que algo seja feito.
Excerto (traducao minha): Crescemos a acreditar que as Nacoes Unidas foram criadas para assegurar que o Holocausto nunca poderia acontecer outra vez. Nos acreditamos em vos tao fortemente. Nos precisamos de vos tao drramaticamente. Nos conseguimos tanto. Estamos 'a distancia de um "sim" de acabar com isto. E se nao as Nacoes Unidas, entao quem? E tempo e' fundamental.
We were brought up to believe that the UN was formed to ensure that the Holocaust could never happen again. We believe in you so strongly. We need you so badly. We have come so far. We are one “yes” away from ending this. And if not the U.N., then who? And time is of the essence.
quinta-feira
Quando eu estive em Cuba
Estive lá 2 semanas de férias há 4 anos. Em apanhado: chegamos a Havana, alugamos um carro e conduzimos até Santiago de Cuba, Havana, casa. Havana era uma cidade belíssima, muito poluída e a cair aos pedaços. Algumas áreas do centro estavam a ser restauradas. A música saltava de cada canto, inadvertida, movida, alegre. O que mais me ficou de agradável de Cuba foram as crianças de uniformes escolares a brincar. Havana, um largo restaurado e limpo, diferente do sujo, do barulho e da poluição do restante, dum lado descansamos enquanto bebemos um café (sempre) intragável relativamente caro, em café para turista, enquanto do outro lado, da escola saíam as crianças com o professor de educação-física e ficamo-nos a ver a aula. Conseguirei explicar o doce desta memória? Durante a viagem houveram outros largos e outras crianças, a brincar pela noite e pelo dia, esquecidas dos turistas, na sua alegria privada e eu ia-me lembrando das crianças em Portugal, sempre fechadas em algum lado, na escola, em casa, no ATL, detrás de cercas e paredes. Disse à minha amiga que se tivesse filhos queria que fossem assim livres.
Mas as crianças crescem. Os cubanos tornam-se adultos. Aqueles que conseguem fazer negócio com os turistas são relativamente ricos. Tinham enormes televisões e aparelhagens, que os outros só em sonhos. Os adolescentes que podiam esmeravam-se por vestir como os rappers americanos. Tentavam-nos vender café, charutos, cigarros. Era ilegal, sentimo-nos como a comprar droga. Levaram-nos por umas portas reversas, os olhares cruzaram-se, eu pensei que eramos doidas. Eles disseram-nos que não nos preocupassemos. As penas de prisão são muito duras para quem faz mal a turistas. Eles são amáveis, tentam seduzir, dizem-nos que têm muitas namoradas no estrangeiro, que se escrevem. Falavam como se nos mostrassem um trunfo, esta ligação com o exterior. Fidel passava-lhes pelos lábios como um escarro. O que nós eramos, o que nos sentiamos a cada esquina, a nossa essencia era dinheiro. As crianças eram um descanso.
As estradas de Cuba eram pouco movimentadas e os carros detectavam-se à distância da nuvem de poluição que levavam na peugada. Quando nos chegavamos a algum camião fechavamos as janelas senão sufocavamos, até o ultrapassarmos. Nas bermas da estrada regularmente apareciam pessoas a pedir boleia. Discutimos se haviamos de levar alguém. Ao segundo dia tentamos. A partir daí até ao final da viagem fomos como um autocarro. Chegava ao ponto de estarem a sair por uma porta e a entrar pela outra. Conversamos muito, sem os jogos de obter dinheiro, aqui longe de Havana, as pessoas sentiam-se satisfeitas pela banalidade de uma boleia e por uma amigável conversa. Inopinadamente, pensamos que tinhamos a oportunidade única de falar com os cubanos sem se sentirem restritos. Depois de muitas boleias, não ficamos esclarecidas sobre o povo cubano. Nunca consegui perceber quando parava a representação, tanto a dos lamurientos como a dos louvadores. Tivemos as jovens revolucionárias que falavam com devoção do comandante e nos contaram como os americanos raptaram uns valorosos lutadores socialistas, acusaram-nos de espionagem e ainda os tinham presos. Havia cartazes ao pé da estrada a cantar estes valorosos heróis. Estes e Fidel e outos gritos pela revolução. Bastas vezes paramos para tirar fotografias a tiradas surrealistas. Pelo carro passaram muitos passivos que não falavam de política, encolhendo os ombros. Nós é que lhes contavamos o que tinhamos visto, o que tinhamos gostado, onde viviamos, o que faziamos. Passou o senhor que se lamuriava de não poder ir para onde queria, que tudo era controlado, que tudo tinha de ser requerido, que só poderia sair de Cuba se alguém de fora o convidasse e olhava pedinte para nós. Trocamos moradas. Contaram-nos o que se tinha que esperar por um simples tubo de pasta para os dentes, um simples qualquer coisa. Os que deitavam pelos olhos o sonho de serem como nós, terem as máquinas fotográficas que nós tinhamos, poderem viajar a um país distante como nós. Contaram-nos que a saúde e a educação eram completamente de graça. Que o comandante providenciava. Uma estudante de enfermagem gabou que em Cuba todos eram iguais, o branco, o preto, o mulato e mirou-nos talvez na expectativa que nós talvez ficássemos extasiadas e nós trocamos olhares e não soubemos que retrucar. Ensinaram-nos como saber pelas matrículas quem era funcionário graúdo do governo, peixe-miúdo, quem era diplomata, quem era o sortudo que ainda tinha o carro do avô. Eu dizia-lhes que a terra que eles invejavam também tinha os seus podres, que era preciso eles guardarem o bom quando a liberdade chegasse. Senti-me e fui paternalista. Eu queria falar-lhes da Europa, mas eles não se interessaram. Eles já sabiam, ou que Cuba era melhor, ou que lá fora era melhor. Tudo nos passou por aquele pequeno carro feito em autocarro. A minha amiga presenteou t-shirts e mais não sei o quê. Eu, como em tudo na vida, não fui preparada.
Inúmeras vezes nos tentaram enganar, amigáveis falcatrueiros. Inúmeras vezes nos mentiram. A desconfiança tornou-se uma segunda pele, com a excepção dos novos e dos velhos. Numa praia à sombra de hóteis para turistas, naquela altura do ano praticamente vazios, um senhor, que apanhava pedaços de folhas pela praia, olhou para nós admirado quando nadamos no mar, mas como, era Inverno, meninas! Que não, a água era melhor que em Portugal. Ah, sim, Figo. Até em Cuba. Inopinadamente numa cidadezinha pequena uma espécie de cowboy pagou-nos as bebidas e nós ficamos boquiabertas, habituadas que estavamos a pagar as bebidas de todos os impostos mancebos que se sentavam à nossa mesa.
Fora de Havana e Santiago, a maioria dos poucos turistas eram americanos com os seus sotaques detestáveis. Lembro-me de falar com um num bar, todos molhados com os melhores mojitos e cocktails que algumas vez bebi, onde ele cantou Cuba e denegriu os EUA. Dançava rumba divinamente.
Fomos a um museu botânico, eramos só nós e a guia. Obra de um ricaço de origem francesa muito antes da revolução. Passeamos por um jardim amado e selvagem, por entre árvores enormes, belas, exóticas. A guia tinha a macieza da calma. O dinheiro de entrada era baixo, mas ela não quis mais. Cavalgamos por serranias que nos lembraram as novelas brasileiras. O espanhol eram cascatas.
Nas duas grandes cidades a prostituição esgueirava-se. Em Santiago era frontal. Cigarros? Não. Café? Não. Charuto? Não. Chico? Gracias, não cabes na mala. Eles sorriem, encolhem os ombros, afastam-se.
Em Santiago, talvez porque não chega tanto turista, a gula assaltava. Em Santiago, os mulatos são belíssimos, de olhos claros. Em Santiago farta de ser assediada, tento vestir-me como uma cubana, maneio as ancas, digo à minha amiga que se afaste de mim com a sua câmara a tiracolo. Descubro que é escusado. Os piropos são descarregados em catadupa. O machismo é espesso. A invisibilidade é impossível. Por agora eu sentia-me cansada, irritada, queria voltar a casa, caminhar na rua e não ser olhada, não ser falada, não ser ludibriada.
No táxi para o aeroporto, o taxista pergunta-nos se achamos Havana bonita. Cuba bonita? Estava exausta. Respondi com a beleza e o resto. Ele sermoneou-me até ao aeroporto. Não percebo, diz, eu não percebo. Havia desespero e angústia na voz. Ele não regateia. Ele estava zangado. Eu sentia-me demasiadamente europeia. Eu e Cuba despedimo-nos assim, zangadas uma com a outra. Impacientes.
Mas as crianças crescem. Os cubanos tornam-se adultos. Aqueles que conseguem fazer negócio com os turistas são relativamente ricos. Tinham enormes televisões e aparelhagens, que os outros só em sonhos. Os adolescentes que podiam esmeravam-se por vestir como os rappers americanos. Tentavam-nos vender café, charutos, cigarros. Era ilegal, sentimo-nos como a comprar droga. Levaram-nos por umas portas reversas, os olhares cruzaram-se, eu pensei que eramos doidas. Eles disseram-nos que não nos preocupassemos. As penas de prisão são muito duras para quem faz mal a turistas. Eles são amáveis, tentam seduzir, dizem-nos que têm muitas namoradas no estrangeiro, que se escrevem. Falavam como se nos mostrassem um trunfo, esta ligação com o exterior. Fidel passava-lhes pelos lábios como um escarro. O que nós eramos, o que nos sentiamos a cada esquina, a nossa essencia era dinheiro. As crianças eram um descanso.
As estradas de Cuba eram pouco movimentadas e os carros detectavam-se à distância da nuvem de poluição que levavam na peugada. Quando nos chegavamos a algum camião fechavamos as janelas senão sufocavamos, até o ultrapassarmos. Nas bermas da estrada regularmente apareciam pessoas a pedir boleia. Discutimos se haviamos de levar alguém. Ao segundo dia tentamos. A partir daí até ao final da viagem fomos como um autocarro. Chegava ao ponto de estarem a sair por uma porta e a entrar pela outra. Conversamos muito, sem os jogos de obter dinheiro, aqui longe de Havana, as pessoas sentiam-se satisfeitas pela banalidade de uma boleia e por uma amigável conversa. Inopinadamente, pensamos que tinhamos a oportunidade única de falar com os cubanos sem se sentirem restritos. Depois de muitas boleias, não ficamos esclarecidas sobre o povo cubano. Nunca consegui perceber quando parava a representação, tanto a dos lamurientos como a dos louvadores. Tivemos as jovens revolucionárias que falavam com devoção do comandante e nos contaram como os americanos raptaram uns valorosos lutadores socialistas, acusaram-nos de espionagem e ainda os tinham presos. Havia cartazes ao pé da estrada a cantar estes valorosos heróis. Estes e Fidel e outos gritos pela revolução. Bastas vezes paramos para tirar fotografias a tiradas surrealistas. Pelo carro passaram muitos passivos que não falavam de política, encolhendo os ombros. Nós é que lhes contavamos o que tinhamos visto, o que tinhamos gostado, onde viviamos, o que faziamos. Passou o senhor que se lamuriava de não poder ir para onde queria, que tudo era controlado, que tudo tinha de ser requerido, que só poderia sair de Cuba se alguém de fora o convidasse e olhava pedinte para nós. Trocamos moradas. Contaram-nos o que se tinha que esperar por um simples tubo de pasta para os dentes, um simples qualquer coisa. Os que deitavam pelos olhos o sonho de serem como nós, terem as máquinas fotográficas que nós tinhamos, poderem viajar a um país distante como nós. Contaram-nos que a saúde e a educação eram completamente de graça. Que o comandante providenciava. Uma estudante de enfermagem gabou que em Cuba todos eram iguais, o branco, o preto, o mulato e mirou-nos talvez na expectativa que nós talvez ficássemos extasiadas e nós trocamos olhares e não soubemos que retrucar. Ensinaram-nos como saber pelas matrículas quem era funcionário graúdo do governo, peixe-miúdo, quem era diplomata, quem era o sortudo que ainda tinha o carro do avô. Eu dizia-lhes que a terra que eles invejavam também tinha os seus podres, que era preciso eles guardarem o bom quando a liberdade chegasse. Senti-me e fui paternalista. Eu queria falar-lhes da Europa, mas eles não se interessaram. Eles já sabiam, ou que Cuba era melhor, ou que lá fora era melhor. Tudo nos passou por aquele pequeno carro feito em autocarro. A minha amiga presenteou t-shirts e mais não sei o quê. Eu, como em tudo na vida, não fui preparada.
Inúmeras vezes nos tentaram enganar, amigáveis falcatrueiros. Inúmeras vezes nos mentiram. A desconfiança tornou-se uma segunda pele, com a excepção dos novos e dos velhos. Numa praia à sombra de hóteis para turistas, naquela altura do ano praticamente vazios, um senhor, que apanhava pedaços de folhas pela praia, olhou para nós admirado quando nadamos no mar, mas como, era Inverno, meninas! Que não, a água era melhor que em Portugal. Ah, sim, Figo. Até em Cuba. Inopinadamente numa cidadezinha pequena uma espécie de cowboy pagou-nos as bebidas e nós ficamos boquiabertas, habituadas que estavamos a pagar as bebidas de todos os impostos mancebos que se sentavam à nossa mesa.
Fora de Havana e Santiago, a maioria dos poucos turistas eram americanos com os seus sotaques detestáveis. Lembro-me de falar com um num bar, todos molhados com os melhores mojitos e cocktails que algumas vez bebi, onde ele cantou Cuba e denegriu os EUA. Dançava rumba divinamente.
Fomos a um museu botânico, eramos só nós e a guia. Obra de um ricaço de origem francesa muito antes da revolução. Passeamos por um jardim amado e selvagem, por entre árvores enormes, belas, exóticas. A guia tinha a macieza da calma. O dinheiro de entrada era baixo, mas ela não quis mais. Cavalgamos por serranias que nos lembraram as novelas brasileiras. O espanhol eram cascatas.
Nas duas grandes cidades a prostituição esgueirava-se. Em Santiago era frontal. Cigarros? Não. Café? Não. Charuto? Não. Chico? Gracias, não cabes na mala. Eles sorriem, encolhem os ombros, afastam-se.
Em Santiago, talvez porque não chega tanto turista, a gula assaltava. Em Santiago, os mulatos são belíssimos, de olhos claros. Em Santiago farta de ser assediada, tento vestir-me como uma cubana, maneio as ancas, digo à minha amiga que se afaste de mim com a sua câmara a tiracolo. Descubro que é escusado. Os piropos são descarregados em catadupa. O machismo é espesso. A invisibilidade é impossível. Por agora eu sentia-me cansada, irritada, queria voltar a casa, caminhar na rua e não ser olhada, não ser falada, não ser ludibriada.
No táxi para o aeroporto, o taxista pergunta-nos se achamos Havana bonita. Cuba bonita? Estava exausta. Respondi com a beleza e o resto. Ele sermoneou-me até ao aeroporto. Não percebo, diz, eu não percebo. Havia desespero e angústia na voz. Ele não regateia. Ele estava zangado. Eu sentia-me demasiadamente europeia. Eu e Cuba despedimo-nos assim, zangadas uma com a outra. Impacientes.
sexta-feira
quinta-feira
O verdadeiro amor. É normal,
é sério, é prático?
O que é que o mundo ganha com duas pessoas
que vivem num mundo delas próprias?
Colocadas no mesmo pedestal sem mérito nenhum,
extraídas ao acaso entre milhões, mas convencidas
que era assim que tinha que ser - em prémio de quê?
[ De nada.
A luz desce de qualquer lado.
Porquê nestas duas e não noutras?
Não é isto uma injustiça? É sim.
Não é contra os princípios estabelecidos com diligência,
e derruba a moral do seu cume? Sim, as duas coisas.
Olha para este casal feliz.
Não podiam ao menos tentar esconder-se,
fingindo um pouco de melancolia, por cortesia com
[ os seus amigos.
Ouçam como riem - é um insulto
a linguagem que usam - ilusoriamente clara.
E aquelas pequenas celebrações, rituais,
as mútuas rotinas elaboradas -
parece mesmo um acordo feito nas costas da humanidade.
É difícil prever a que ponto as coisas chegariam,
se as pessoas começassem a seguir o seu exemplo.
O que é que aconteceria à religião e à poesia?
O que é que seria recordado? Ou renunciado?
Quem quereria ficar dentro dos limites?
O verdadeiro amor. É mesmo necessário?
O tacto e o silêncio aconselham-nos a passar por cima dele
[ em silêncio,
como sobre um escândalo na alta roda da vida.
Crianças absolutamente maravilhosas nasceram sem a sua
[ ajuda.
Nem um milhão de anos conseguiriam povoar o planeta.
Ele chega tão raramente.
Deixem que as pessoas que nunca encontraram o verdadeiro
[ amor,
continuem a dizer que tal coisa não existe.
Com essa fé será mais fácil para eles viver e morrer.
DE Wislawa Szymborska (1923) -> X
é sério, é prático?
O que é que o mundo ganha com duas pessoas
que vivem num mundo delas próprias?
Colocadas no mesmo pedestal sem mérito nenhum,
extraídas ao acaso entre milhões, mas convencidas
que era assim que tinha que ser - em prémio de quê?
[ De nada.
A luz desce de qualquer lado.
Porquê nestas duas e não noutras?
Não é isto uma injustiça? É sim.
Não é contra os princípios estabelecidos com diligência,
e derruba a moral do seu cume? Sim, as duas coisas.
Olha para este casal feliz.
Não podiam ao menos tentar esconder-se,
fingindo um pouco de melancolia, por cortesia com
[ os seus amigos.
Ouçam como riem - é um insulto
a linguagem que usam - ilusoriamente clara.
E aquelas pequenas celebrações, rituais,
as mútuas rotinas elaboradas -
parece mesmo um acordo feito nas costas da humanidade.
É difícil prever a que ponto as coisas chegariam,
se as pessoas começassem a seguir o seu exemplo.
O que é que aconteceria à religião e à poesia?
O que é que seria recordado? Ou renunciado?
Quem quereria ficar dentro dos limites?
O verdadeiro amor. É mesmo necessário?
O tacto e o silêncio aconselham-nos a passar por cima dele
[ em silêncio,
como sobre um escândalo na alta roda da vida.
Crianças absolutamente maravilhosas nasceram sem a sua
[ ajuda.
Nem um milhão de anos conseguiriam povoar o planeta.
Ele chega tão raramente.
Deixem que as pessoas que nunca encontraram o verdadeiro
[ amor,
continuem a dizer que tal coisa não existe.
Com essa fé será mais fácil para eles viver e morrer.
DE Wislawa Szymborska (1923) -> X
Tatuagens
Percebi o limbo no dia em que a minha mãe pela primeira vez disse: "A vida é para quem a sabe viver." Foi daqueles momentos em que sabemos que estamos a viver um daqueles momentos. Os decisivos, a linha entre o antes e o depois, os que nos hão-de bater vezes sem conta dentro do crânio até nos fazer acreditar na possível loucura, os que nos farão ranger os dentes, desejar chorar. Naquele dia eu tive medo, muito medo, como nunca tinha tido na vida e o medo mantevesse-me colado à pele. O caricato é que a minha mãe disse-o e provavelmente esqueceu-o, nunca sabendo que a criança que o ouviu iria ficar tatuada para a vida por algo aparentemente tão comezinho. Mas houve outros momentos menos comezinhos e tudo ficou escrito. Está tudo escrito na epiderme. Tenho medo do que digo às crianças. Explico tudo e rego as minhas palavras com esperança, sou ausente, tento ter o mínimo das influências e nunca desejei ter filhos. Porquê? Eu digo que suspeito que não serei uma boa mãe. Mas o pavor, o pavor são as tatuagens que eu possa deixar nos meus filhos.
terça-feira
Na zona dos calhaus
No sabado subi isto. A liderar a fila de caminhantes, distraida com a beleza, a vislumbrar de vez em quando uma especie de hamster e uma especie de esquilo e mais uns passaros, a pensar na minha vida, nem me dei conta que estava a rebentar comigo (sou distraida). Agora tenho fama de estar em forma (o que eu nao neguei, escolhendo fazer um simples sorriso mona lisa). Resultado: estive durante o domingo de molho no sofa a ver tenis, pois sentia agudamente todas as particularidades fibricas do meu rabo. Agora, eu nao percebo um cu de tenis. A unica vez que "experimentei" tenis foi a ver um Roland Garros, quando num Verao estava a "estudar" para as especificas para a entrada na Universidade (as notas foram uma miseria, mas sendo Portugal Portugal, consegui mesmo assim estar confortavelmente acima da media). Portanto, domingo, esparramada no sofa, estive o primeiro jogo a decifrar as regras e depois foi papar aquilo tudo. Ja' tenho preferencias e ja' consigo encetar uma conversa sobre tenis. A nivel blogosferico sou uma expert. Isto num Domingo de rabo dorido.
O prato dos tres gritinhos
Ingredientes
ratos recem-nascidos bem lavados
molho conforme gosto
Pega-se no ratinho com os pauzinhos -> primeiro grito
Mete-se o ratinho no molho -> segundo grito
Mete-se o ratinho na boca -> terceiro grito
Bom apetite
ratos recem-nascidos bem lavados
molho conforme gosto
Pega-se no ratinho com os pauzinhos -> primeiro grito
Mete-se o ratinho no molho -> segundo grito
Mete-se o ratinho na boca -> terceiro grito
Bom apetite
segunda-feira
sábado
A sociedade, o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a poligamia
Na arena dos que defendem a abertura do casamento civil a pessoas do mesmo sexo, se eu me dispuser 'a divisao entre a esquerda e a direita, facilitando a geometria da discussao, eu poderia dizer que esta passa na esquerda pela exigencia da igualdade e 'a direita pela higienizacao do casamento 'a sua componente contratual. Leio as duas estrategias com interesse.
Contudo, a direita tem uma mania: o de incluir na discussao a poligamia. Introduzindo este novo factor, o raciocinio descoordena-se. O que a direita parece nao se dar conta e' a base da nossa sociedade. Esta e' centrada no individuo, na sua independencia, liberdade, livre arbitrio. Se esses senhores analisarem onde e' que existe poligamia, verificarao que e' em sociedades em que o colectivo social sobrepoe-se ao individual. A poligamia copia a estrutura autoritaria (machista) da sociedade envolvente e desdobra-a na vida conjugal, num sistema de poderes em que uns se submetem a outros. Este tipo de estrutura e' contrario ao que nos somos. Uma estrutura poligama nao pode sobreviver, se nao existir subjugacao. Ser contra a poligamia e' defender a nossa liberdade, os nossos valores de independencia. O casamento entre pessoas do mesmo sexo nao poe em causa a estrutura social. E' basicamente o mesmo, so' que entre pessoas do mesmo sexo.
Irrita-me que nao se note a diferenca, que envolvidos em jogos de palavras nao se deem conta da essencia da poligamia: opressao social. Introduzir este elemento seria oposto a aumentar o espectro de liberdades, pelo contrario, seria dar guarida a nucleos de nao liberdade.
Contudo, a direita tem uma mania: o de incluir na discussao a poligamia. Introduzindo este novo factor, o raciocinio descoordena-se. O que a direita parece nao se dar conta e' a base da nossa sociedade. Esta e' centrada no individuo, na sua independencia, liberdade, livre arbitrio. Se esses senhores analisarem onde e' que existe poligamia, verificarao que e' em sociedades em que o colectivo social sobrepoe-se ao individual. A poligamia copia a estrutura autoritaria (machista) da sociedade envolvente e desdobra-a na vida conjugal, num sistema de poderes em que uns se submetem a outros. Este tipo de estrutura e' contrario ao que nos somos. Uma estrutura poligama nao pode sobreviver, se nao existir subjugacao. Ser contra a poligamia e' defender a nossa liberdade, os nossos valores de independencia. O casamento entre pessoas do mesmo sexo nao poe em causa a estrutura social. E' basicamente o mesmo, so' que entre pessoas do mesmo sexo.
Irrita-me que nao se note a diferenca, que envolvidos em jogos de palavras nao se deem conta da essencia da poligamia: opressao social. Introduzir este elemento seria oposto a aumentar o espectro de liberdades, pelo contrario, seria dar guarida a nucleos de nao liberdade.
sexta-feira
Friends
A bond of trust
Has been abused
Something of value
May be lost
Give up your job
Squander your cash - be rash
Just hold on to your friends
There are more than enough
To fight and oppose
Why waste good time
Fighting the people you like
Who will fall defending your name
Oh, don't feel so ashamed
To have friends
But now you only call me
When you're feeling depressed
When you feel happy I'm
So far from your mind
My patience is stretched
My loyalty vexed
Oh, you're losing all of your friends
Hold on to your friends
Hold on to your friends
Resist - or move on
Be mad, be rash
Smoke and explode
Sell all of your clothes
Just bear in mind :
Oh, there just might come a time
When you need some friends.
Hold on to your friends de Morrissey
Entao, Joao, como e' que achaste o ultimo episodio? :-)
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