quarta-feira

Assino por baixo

«o estado garante» (argumentário liberal contra o direito fundamental ao aborto 1)

p.s.1: Como o CAA do mesmo blogue afirma, esta é uma questao a jusante do actual referendo. Eu votaria "sim" (nao posso votar que sou emigra); contudo, sou contra a tomada de responsabilidades colectivas, com excepçao no caso de perigo para a saúde da mulher, quer física quer psíquica. Por alguma razao se há-de chamar Sistema Nacional de Saúde. Que o SNS hoje se responsabilize pelas consequencias do aborto clandestino é exactamente na defesa da saúde de quem a tem em perigo. O "sim" neste referendo serve exactamente para eliminar esta situaçao.

p.s.2: argumentário liberal contra o direito fundamental ao aborto - 2

"Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras dez semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?"

Na pergunta nao se define a participaçao do SNS, pelo que posteriormente, em caso de "sim", este nao poderá ser visto como apoio ao aborto no SNS.

Que o governo, na pessoa do ministro da saúde, esteja a realizar a política da asneira concordo, mas a oposiçao a essa asneira nao pode ser feita 'as custas do "sim" a uma pergunta que nao inclui a asneira.

10 comentários:

Anónimo disse...

concordo plenamente...a mulher tem o direito de decidir o "sim" e o "nao"...mas com peso e medida,nao concordo que o tornem como"hábito" ou "desculpa" para a falta de prevencao e cuidados contraceptivos.
deve sim no caso de falta de possibilidades para ter a criança...do caso de defeciencia ou mal formação do feto ou em caso de violaçao...claro que cada caso é um caso ...

João Melo Alvim disse...

A partidirização esta questão (o que é diferente de procurar mobilização partidária) começa a roçar o desespero. Por outro lado, registo o agarrar a algumas questoes acessórias à lei como forma de demonstrar que, afinal, há heranças políticas não totalmente resolvidas.

abrunho disse...

Como se a questao nao fosse já complicada, as pessoas vao-lhe juntando mais dilemas. Cansativa esta dispersao.

Viu-se o mesmo, pelo menos na França, no referendo 'a constituiçao europeia. Falou-se de tudo, mas nao me lembro de nada do que a mim me parecia mais óbvio: uma constituiçao nao deve ser um apanhado de tratados.

cristina disse...

«O Estado garante» no sentido em que garante a liberdade legal de escolha. Concordo com a distinção do que se decide agora e o que será necessário decidir a jusante. É claro que estará tudo relacionado, mas, para já a Assembleia aguarda apenas por carta branca para poder trabalhar, não nos estão a pedir que trabalhemos por eles! Uma coisa de cada vez: primeiro decidimos que - perdão! "se" - sim e só depois damos início ao debate legislativo na Assembleia e, por reflexo, na sociedade.

abrunho disse...

«O Estado garante» no sentido em que garante a liberdade legal de escolha.

Nao tinha pensado nestes termos. Era interessante saber o intuito de quem escreveu a frase.

Tens razao. É pena é que o governo se tivesse comprometido agora em palavras, pela boca do ministro da saúde.

sabine disse...

«De resto, ao aceitar que seja a colectividade, por via do Estado, a interferir em defesa de quem aborta, estamos a reconhecer o princípio de que essa é uma matéria a todo o tempo sindicável. Por isso, se, um dia, o Estado português voltar decidir o contrário, poderá legitimamente perseguir, condenar e prender quem o faz. É este tipo de raciocínios colectivistas, muito próprios da mentalidade socialista, que um liberal jamais poderá aceitar», diz o senhor blasfemo. Por estas frases e por outras, eu nao assino as visoes do senhor por baixo!!

sabine disse...

«a mulher tem o direito de decidir o "sim" e o "nao"...mas com peso e medida,nao concordo que o tornem como"hábito" ou "desculpa" para a falta de prevencao e cuidados contraceptivos».

Pessoa A: isso é obvio!

sabine disse...

«Responsabilidades. Se do referendo sair a vitória do «não», é bom que se tenha a consciência de que a responsabilidade é de quem quis transformar uma questão do foro jurídico-penal, numa causa ideológica, com laivos de romantismo socialista da revolução industrial inglesa» diz o tal blasfemo. Quê, fazer legislação não é uma questão politica?! E ideologica!? Claro que sim!

Unknown disse...

Sabine:

É com certeza uma questão política, mas as questões políticas não se esgotam na ideologia, ou pelo menos não se esgotam numa ideologia unívoca.

abrunho disse...

Sabine,

nos trechos que apresentas há duas ideias:

1) o colectivo e o privado sao exclusivos.

2) os socialistas sao uns romanticos tótós porque querem sempre usar o dinheiro de todos para tomar conta dos irresponsáveis.

Do que eu entendo dos liberais. Há conceitos dos liberais que eu concordo, temperados com o meu esquerdismo.

Assim, essa minha postura torna para mim incompreensível que o Estado se responsabilize pela realizaçao de um aborto, situaçao em que nao existe doença e em que existe a sua alternativa, decisao de consciencia individual, fruto de uma acto privado livre.

Porque?

Eu nao ponho em questao a existencia do SNS. Eu ponho em questao a colectivizaçao dos abortos que nao impliquem problemas de saúde para a mulher.