terça-feira

Liberdade

Estou a ler um livro* em que se fala de Bento de Espinoza, filósofo holandês que viveu no século XVII. De origem judia, os seus antepassados fugiram primeiro da Castela dos reis mui católicos e um século depois do Portugal inquisitorial, também mui católico. Dirigiram-se uns para Nantes, outros Amesterdão. Alguns ficaram e não prosseguirei na descrição dos métodos de perdão e purificação que lhes foram santamente dispensados. A 24 de Novembro de 1632 Espinoza nasce no paraíso de liberdade que era na altura a república dos Países Baixos.

Espinoza foi um aluno brilhante, um espírito curioso e um pensador livre. Começou a ter ideias blasfemas como o pensar que os livros de Moisés eram obras de simples humanos, que não existe a imortalidade da alma e que Deus é uma emanação do Mundo. Chamado à sinagoga ele recusou-se a negociar um perdão e sofreu a excomunhão e expulsão da comunidade judaica.

Espinoza tornou-se então totalmente um cidadão livre de uma república livre, rodeada por estados bem menos livres e bem mais influenciados por ideias teocráticas. Quando as suas ideias se desenvolveram e ele as escreveu, os seus livros foram apelidados de heréticos e ele apontado como um desprezível judeu ateísta (quando na verdade ele não colocou em questão a existência de Deus, mas a sua natureza). Compreendam que se ele fosse expulso dos Países Baixos não haveria onde ele se refugiasse. Neste oásis foi-lhe permitido desenvolver uma filosofia baseada numa ordem política secular e em ideais liberais.

A liberdade em Espinoza reverberou em mim quando li sobre as pressões sofridas pela Dinamarca, por parte de países do Médio Oriente, devido a quadradinhos que retratam o profeta Maomé. Pressão que chega a ameaças de morte. No Blasfémias fazem um bom resumo dos acontecimentos.

A Europa percorreu um longo percurso, no qual pessoas, como Espinoza, arriscaram a vida pela liberdade. Muitos morreram. Obras não foram realizadas por medo. Obras foram destruídas.

Entristece-me que a Dinamarca pareça estar sozinha. Que não haja representantes dos países europeus que expressem apoio, pessoas que vão para as ruas e digam que a liberdade é o nosso maior bem, que a blogosfera clame (só li sobre o assunto no Blasfémias!). Nao há nada de que pedir desculpa. Espinoza pediu desculpas? Isto não são só cartoons! São jornalistas que não escrevem por medo de represálias, é Theo van Gogh morto na Holanda e Ayaan Hirsi Ali protegida 24 horas de ser assassinada. Isto é sobre liberdade. Imaginem-se sem ela.

* The Courtier and the Heretic. Leibniz, Spinoza, and the fate of God in the modern world. Matthew Stewart

segunda-feira

Extremos

Como pode o Inverno e o Verao caberem num mesmo ano?

Clima

Imaginemos que estao na conchichina e que um indígena vos pergunta de onde sóis e vós dizeis "Portugal" e o tipo pergunta "Como é o clima?". Voces respondem:

- A 29 de Janeiro nevou em todo o país, a 17 de Junho esteve um dia óptimo de praia, com um solinho mesmo bom, mas em Agosto nem na praia. A 6 de Outubro passou o dia a chover.

ou

- O clima é temperado. Os Invernos sao húmidos e amenos e os Veroes sao quentes e secos.

sexta-feira

Eleiçoes no estrangeiro

Após cinco dias faltam tres consulados por apurar. A abstençao foi de 89.9%. Antes que comecem a atirar pedras ao pessoal lembrem-se que a área de abrangencia de cada mesa de voto no estrangeiro seria como existir para aí 5 para todo o Portugal Continental. Isto na Alemanha, que existirao sítios piores.

O mais importante da nossa sociedade é a maior liberdade de escolha. É ter opçoes. Muitos podem ter decidido nao votar, mas a luz é que se possa fazer e que 18642 o puderam fazer e o que isso poderá ter significado para elas. Esse acto é o fundamento da democracia e da cidadania. Esse fundamento baseia-se na sua existencia e nao na sua utilizacao.

Em particular, é importante que nao se deixe de ser portugues só porque se vive no estrangeiro. O mundo é mais que Portugal e conhece-lo nao nos deveria diminuir.

Como li vários postes em que havia queixas sobre os consulados portugueses gostaria de escrever que nao tenho quaisquer razoes de queixa do de Hamburgo. A alteracao do local de recenseamento foi facílimo e nao paguei um tostao. Nao se fazem rogados nas informacoes e sao educados.

Depois de saber o número de abstencionistas percebi porque quando entrei na sala para votar houve um frémito de excitaçao. Deviam estar todos aborrecidos... Ainda por cima, para minimizar o facto das pessoas terem que fazer viagens longas, sao tres os dias para votar. Assim, agradeço 'as pessoas que deram o seu tempo para receberem os votos no consulado de Hamburgo e todos aqueles que lutaram para que eu pudesse votar no dia 22.

quinta-feira

Uma das merdas que me irritam

Eu nao discuto a mudança de imagem corporativa do BES. A minha opiniao traduz-se numa expressao que apresenta um rácio excelente entre a economia de palavras e a ideia que pretende expressar: "Caga nisso". É todo um mundo de pointless...

O que a mim me chateia na notícia sao as palavras inglesas que polvilham o texto. Nao é porque eu seja contra estrangeirismos, que aceito quando nao existe palavra em portugues que tenha o rácio que eu referi há pouco. Assim, como net, brainstorming, punch line, etc. e tal. Mas irrita-me quando esta gente da informática e da publicidade pretende escrever para os leigos e de repente num texto supostamente em portugues tem que se ir ao dicionário em ingles para perceber que porra de merda estao eles a falar. Que para eles, entre eles, se entendem melhor a falar esta zurrapa de língua eu estou-me a cagar, mas quando falam para os outros, tentem adoptar uma das línguas oficiais do mundo. Escrevam tudo em ingles, shit!

Efeito do iogurte fora de prazo

Hoje acordei assim:



Mutts

A-ventura

A-ventura é ter fome e em desespero passar o frigorífico a pente fino e morrer de alegria ao descobrir um iogurte com prazo de validade de 16.10.05.

Espero nao escrever amanha do hospital.

40 minutos depois, tudo ok...

P.S.: Tinha posto como título deste poste "Fome", mas ao reler achei de muito mau gosto. Sei lá eu o que é fome. A sorte começa onde se nasce. A sorte e a injustiça.

quarta-feira

Sexo livresco

No "Esplanar"

Desempenho ambiental

Pelo Público soube de um relatório que pretende quantificar os desempenhos ambientais nacionais a nível mundial. Um primeiro trabalho que pretende ser melhorado 'a medida que mais e melhor informaçao surja. O objectivo é criar uma ferramenta que permita avaliar a situaçao e os progressos.

Portugal ficou em décimo primeiro lugar segundo os critérios adoptados. No artigo do jornal (nao disponível em linha) aponta-se que os dados utilizados possam, em alguns parametros, nao ter sido os melhores. Mas um dos exemplos deu-me vontade de rir:

Em relação à protecção da natureza, o país aparece mal classificado. A meta estabelecida pelos autores é que 90 por cento dos espaços naturais do país deveriam estar classificados. Portugal aparece com apenas 10,5 por cento. Sabendo-se que 22 por cento do país tem estatutos de protecção, quer por via das áreas protegidas quer pela Rede Natura 2000, este número apresenta incongruências.


Como se em Portugal o estatuto de protecçao significasse alguma coisa. Por portas travessas os tipos do relatório devem ter chegado 'a cifra certa.

terça-feira

Sou uma democrata dividida

Esta brincadeira anda pela blogosfera. A dar-lhe importância explicam-se as minhas indecisoes e dores de cabeça crónicas em matéria política.


Pormenores

A mim dá-me a saber o "fair-play" de Sócrates, nobreza na acçao. Um pormenor, mas o carácter de uma pessoa também se faz de pormenores.

P.S.: A comunicaçao social, como deve ser, é livre de decidir o que é mais importante. Compreendo que o PM seja mais importante que o primeiro dos vencidos.

Os sacaninhas

O PÚBLICO apurou que, anteontem à noite, alguns dirigentes socialistas colocaram ao líder a possibilidade de abrir uma guerra contra Alegre, nomeadamente retirando-lhe o cargo de vice-presidente da Assembleia da República.

De Angel Boligan em caglecartoons.com

segunda-feira

Cavaco Silva

Eu nunca votaria no Cavaco Silva para presidente pelo simples facto dele estar na lista negra em que meto os políticos que foram incompetentes (assim como o Guterres) ou que trairam os portugueses (assim Durao Barroso). Estes senhores tem um voto meu no nunca. O Cavaco Silva nos seus dez anos apostou num tipo de progresso que ainda singra, que ainda dá cabo do país, que nos empobrece em tudo menos em betao. Este senhor nao realizou as reformas necessárias que ainda andam hoje em arraste. A parte que ele teve nisto eu nao esqueço e nao perdoo. Mas mesmo que sofresse de amnésia seria-me difícil votar em alguém que nao diz nada. Mas os meus compatriotas nao tem a minha opiniao. Ele é o presidente da república e eu neste momento desejo que ele seja o melhor. Eu nao duvido da sua honestidade, somente da sua competencia.

P.S.: Este tipo de discurso irrita-me. Asim um elitismo bacoco repulsivo. Os bloguistas passaram-se nos disparates nas suas análises eleitorais, mas o "Causa Nossa" merece o prémio: cada poste, cada argolada.

Nisto sai um calafrio

O Cavaco Silva termina o seu mandato quando eu tiver 35 anos...

sexta-feira

O conselho de Flora Tristán

- Ninguém tem o direito de desperdiçar uma oportunidade assim - confirmou Flora com um gesto. - Esqueça-se do seu luto, saia deste sarcófago. Comece a viver. Estude, faça o bem, ajude os milhões de seres que, eles sim, padecem de problemas muito reais e concretos, a fome, a doença, o desemprego, a ignorância, e não podem fazer-lhes frente. O seu não é um problema, é uma solução. A viuvez salvou-a de ter de descobrir a escravidão que o casamento significa para a mulher. Não brinque a quem se sente uma heroína de novela romântica. Siga o meu conselho. Regresse à vida e ocupe-se de coisas mais generosas do que cultivar a sua dor. Por último, se não quer dedicar o seu tempo a fazer o bem: goze, divirta-se, viaje, arranje um amante. Era o que o seu marido teria feito se a senhora morresse de tuberculose.


O Paraíso na outra esquina de Mario Vargas Llosa

quinta-feira

Leio Llosa

O paraíso na outra esquina.

A história alternada de dois sonhadores que buscam os seus sonhos: Paul Gauguin, o pintor, e Flora Tristán, a avó revolucionária.

Tive uma discussão com um meu amigo sobre Gauguin, pois eu disse-lhe que eu detestava o pintor como pessoa. Ele chamou-me burguesa. Eu respondi-lhe que o que norteia a minha opinião não é a moral, mas o respeito e amor pelas pessoas. Abandonar 5 filhos, ter sexo quando se tem sifílis, ter fantasias sobre canibalismo realmente não me leva a admirar alguém. O livro continua a ser magnífico e os sonhadores fazem sempre vitimas colaterais, até Flora, se bem que eu a admire. A luta por um paraíso social é mais fácil de admirar do que a busca de um paraíso individual.

O que se diz no sapo.

quarta-feira

Conforto 2

Aqui pode-se maltratar o Bush um bocado. Pode-se abanar o idiota com o rato.

Confortar

Estava eu aqui a queixar-me dos políticos portugueses e o meu colega veneziano resolveu confortar-me com um artigo do "La Republica" em que o Silvio Berlusconi diz:

Il presidente del consiglio non può per definizione mentire.

Quem não tem amigos não tem nada.

Livros 2005 - III



6 - É um best-seller que mete de tudo: mistério, intriga, espionagem na Inglaterra da restauração, religião, os princípios do experimentalismo na ciência... Além disso, tem um pormenor que é a cereja no bolo: a mesma história é contada em quatro perspectivas diferentes. É um daqueles livros que não se quer despegar.

p.s.: além disso, tem um heretismo... ao mesmíssimo nível do "Código Da Vinci". distracção dos cléricos ou o Dan Brown tem cunha?



5 - Um romance belíssimo. Sobre uma família, que se verte na ideia da importância da família em quem se é, definindo um mundo de amor, rancores, doçuras, amargos. Uma família de cinco elementos em que cada um tem a sua fala. O espaço de cada um nascido de uma aliança chamada família. As manipulações, o melhor e o pior que nasce de uma família. O tal. O núcleo da sociedade de que falam os políticos a pescar votos. A família modelo. A família num livro que rememoro.

Desabafo 2

O Fernando Pessoa não escrevia que as cartas de amor são ridículas? Não escrevi muitas, mas as que escrevi foram ridículas, mas nunca me arrependi. Eu arrependo-me amargamente dos postes que escrevo que envolvem política. Acreditar em políticos é ridículo.

Desabafo

Esta campanha eleitoral é uma palhaçada! O que parece mais inteligente é o só porque não diz nada! Mas eles têm noção que se vão candidatar a presidentes de um país? Já lhes disseram que não se estão a candidatar a intervenientes no "Má Língua"?

Desisto, desisto, desisto!

Não há filósofos nesta campanha eleitoral!

Vai em branco.

terça-feira

Bushismos

Aqui

Tá-se memo a ver

Parece-me que deus anda lá pra cima a brincar com as almofadas...

Coisas que recebo dos meus amigos

The world is a tragedy to those who feel, but a comedy to those who think.
Horace Walpole
English author (1717 - 1797)


Gracias! :-)

sábado

O vértice do oportunismo

Matilde Sousa Franco acusa Manuel Alegre de oportunismo porque ele pretende ir à lota de Matosinhos. Mários Soares diz que Sousa Franco votaria nele se fosse vivo. Matilde Sousa Franco concorreu a deputada nas listas do PS porque é viúva de Sousa Franco.

Para alegrar


Flores

O espelho da presunção

Há muita presunção na blogosfera. Tenho muitas vezes a impressão que os blogues de referência são um mundo fechado de grandes egos que eu estou a perscrutar. Sinto-me então desconfortável. Há ideias muito interessantes nos blogues, aprende-se muito e há bloguistas que escrevem bem e com espírito de camaradagem. Mas há outros que têm súbitos de tanta empáfia que se fica parvo a ver as palavras que se juntam para formar ideias, que vêm, imagino, daquela coisa chamada elitismo intelectual. Hoje decidi deixar de visitar um deles. Há muitos bons blogues para perder tempo a ler vaidades.

Lembram-me o conto da Branca de Neve, com a sua rainha má e o seu espelho e penso se não usarão a blogosfera como esse espelho.

sexta-feira

Como está muito frio fui ao cinema

Vi dois filmes.

Um deles não gostei. Li em qualquer lado um escrito de um tipo que tinha gostado, principalmente porque era uma história, sem tomar partidos sobre a guerra ou sobre as políticas bélicas dos EUA. Eu preferia um pouco mais. Este filme só tem um mérito: é um excelente contranatalidade. É só as minhas hormonas começarem a gritar que querem que eu seja mãe, que eu vejo o filme e só de pensar que me pode sair um menino como aqueles na rifa, perco logo a vontade. É só por isto que estou a pensar adquiri-lo. Ah, o filme é "Máquina Zero" (Jarhead) do Sam Mendes.

O outro amei, adorei, apaixonada. É Woody Allen, sem comédias, sem ele a zanzar no filme com existencialismos, mas que obra-prima. Podem algumas almas aborrecerem-se com um filme que não salta nenhuma cena explicativa de uma tese, mas que também não tem excrecências. No final fica o gostinho de algo sublime. Este ano começou bem. "Match Point".

P.S.: Para além disso, tem a Scarlett Johansson que me dá vontade de me tornar lésbica... :-) Os rapazinhos são bonitos de poster, com olhos azuis, e eu gosto deles latinos. Não tenho paciência visual para bibelôs anglo-saxónicos.

Mariano Gago

Este senhor é um excelente ministro, inteligente, dinamizador das universidades e da investigação portuguesa, com bom senso, de pés assentes na terra e com objectivos cumpridos. Tem a minha admiração e não esperaria dele mais do que isto.

Os padres irritam-me tanto, pior que melga. Os senhores façam o favor de se cingirem à homília! Chaguem os católicos, deixem o resto do pessoal ser feliz à sua maneira. Que chaga!

Os velhos

A Constança Cunha e escreveu um bom texto no seu espectro. Concordo com cada letrinha e ponto final. Um dos bloguistas d'O Acidental respondeu-lhe e lá pelo meio diz que como a idade mínima para alguém se candidatar a presidente da república é de 35 anos então já está implícito que a idade importa. Só que para mim importa mesmo é no limite inferior. Eu nunca votaria em alguém abaixo dos 50 anos, porque eu estou à espera de alguém com experiência para o cargo, uma ideia da vida e da política que só o viver dá.

Citação

"Para quem se perguntou como irão o aquecimento global e a redução na superfície de gelo afectar os ursos polar a resposta é simples - eles morrem."

Richard Steiner da Universidade do Alasca, Fairbanks, sobre a descoberta de que os ursos polar estão-se a afogar ao nadarem cada vez maiores distâncias entre os blocos de gelo. The Wall Street Journal, 14 de Dezembro


Citado na New Scientist, 24/31 de Dezembro

quarta-feira

Diplomacia

Tenho um provisório colega no meu gabinete (que também é amigo), que é de Veneza, que anda a encher-me o gabinete de música. Consegui identificar Nina Simone e agora colocou música brasileira. Eu disse-lhe que estava a gostar muito. Em português, devagar, como agora costumo fazer para lhe engrandecer os horizontes linguísticos. "Cantano in brasiliano". "Bem, sim, é português do Brasil". "Io pensavo che fosse portoghese fino a quando ti ho ascoltato". Eu sorri e respondi "Va cagare!"

Prevenção

Falta-nos uma cultura preventiva a todos os níveis. Estamos habituados - e isto inclui a Medicina... - a esperar as nossas pequenas tragédias e depois precipitarmo-nos com o Credo na boca, o Terço na mão, a praga na cabeça, o medo e a saudade antecipada no coração para as valências curativas.
Que rebentam pelas costuras...

Os livros que gostei mais em 2005 - II

Dois livros do momento: um é um livro de história sobre o Iraque e o outro um livro sobre furacões.



8 - O Sr. William Polk tentou colmatar a ignorância dos seus conterrâneos sobre um país que eles através do seu voto colocaram na mirada de um governo que pretende instalar a liberdade à paulada. Dizem eles, mas em frente. É um livro muito abrangente e superficial que se lê como um romance. Muito bom para conhecer o mínimo. Depois se se quiser pode-se aprofundar.




7 - Não é tão recente que fale do Katrina, mas fala de muitos outros furacões, que foram devastando, e alguns até salvando (não estou a brincar. Não me atreveria.). Mas não só! Para além da história, os furacões aparecem explicados (de uma forma acessível) - onde se formam, o que lhes dá origem, como é que uma tempestade tropical chega a furacão, etc. - nos limites do conhecimento actual, claro; aparecem desenhados e pintados; cantados em poemas e prosa. Torna-se assim um livro bonito pelo conteúdo e pela forma.

segunda-feira

Discussões da treta

Preparem-se para a risota.

A referência

Na minha opinião um presidente da república tem de ser uma pessoa com experiência de vida e experiência em pensar. Tem que ser o filósofo de serviço. Filosofia costuma pressupôr pessoas sábias, mas tal é uma raridade e mesmo aqueles que por vezes o parecem, como alguns escritores, ouvimo-los em entrevistas e descobrimos uns filhos da puta cheios de prosápia e acabamos por pensar que quando escrevem não são eles, mas que estão possuídos.

Experiência, maturidade, capacidade de matutar, pensar e perguntar. De uma forma abrangente. É isto que estou a tentar apanhar nos candidatos. À medida que vou pensando nisto afunila-se a escolha e parece que só há um minimamente perto desta minha referência. Quando isto começou não pensei que acabasse por me soarizar desta forma.

P.S.: Quem nunca cometeu uma gafe ou que tenha completamente se perdido num raciocínio que lance a primeira pedra e um cérebro não precisa de pernas para andar (parece que ele anda a ser amparado). O Soares até podia deslizar em cadeira de rodas e eu continuava na minha. Talvez fosse da maneira que se começava a pensar nas necessidades dos portugueses que efectivamente têm de andar de cadeiras de rodas e veêm o mundo construído ao revés deles. Ou então se deixa este disparate da juventude e que este mundo é rápido, veloz, que só os jovens o conseguem agarrar. Eu penso que o mundo precisa de mais pachorra e pensamento. Há muita corrida no vazio. Eu sou jovem e acho que há lugar para todos. Velhos incluídos, ainda que sem mac.

domingo

Friiiiiiioooooooooooo



Em Portugal não há frio, há menos calor. Frio dói! :-(

Desta que que que ainda há-de morrer azul.

Rasteira

Ando a ler "As intermitências da morte" do José Saramago e já com intermitências de pensamento, desde pensar "este gajo está-se a plagiar a ele próprio!"; "este gajo escrevia como uma boa noite de sexo e agora é uma noite de desculpas de dor de cabeça!"; "que seca!"; já eu ia pousar o livro para nunca mais quando leio isto:

É possível que só uma educação esmerada, daquelas que já se vêm tornando raras, a par, talvez, do respeito mais ou menos supersticioso que nas almas timoratas a palavra escrita costuma infundir, tenha levado os leitores, embora motivos não lhes faltassem para manifestar explícitos sinais de mal contida impaciência, a não interromperem o que tão profusamente viemos relatando e a quererem que se lhes diga o que é que, entretanto, a morte andou a fazer desde a noite fatal em que anunciou o seu regresso.


Continuo a ler o livro.

sexta-feira

Os meus livros de 2005 - I

Agora vamos ao mais importante: livros. Retive a minha lista à espera de talvez um último livro que me apaixonasse durante as férias de Natal. Livros de autores portugueses, a tentar redimir-me de um ano desértico em leitura em português. Espinhos de viver longe. Contudo, não escolhi à altura e a minha lista permaneceu estrangeira. Existe ciência, mas não se preocupem os leigos, são livros fáceis e maravilhosamente apaixonantes para quem gosta de saber do mundo natural que o rodeia.

Começo com um livro de ciência e um livro de contos:



10 - A biography of water de Philip Ball
A biografia da água. É isso mesmo. E não há senhora tão complexa, misteriosa e bela como a água. Philip Ball é um dos editores da revista Nature e conseguiu um excelente livro que aborda os vários prismas da água: a física, a química, matéria prima da vida, a sua procura nos confins do universo, a sua beleza neste nosso planeta, o seu nascimento, o homem e a água, a civilização e a água. Com este livro compreende-se quem na verdade é omnisciente, omnipresente e omnipotente. Bendita seja entre todas as coisas. :-)



9 - Dream stuff de David Malouf
A qualidade mínima é bom. Alguns contos ainda me assombram hoje. Passam-se lá longe onde o mundo está de pernas para o ar. Espessura. As personagens... Tocamo-las, amamo-las, odiamo-las...

Bébé Letícia

Terminou a investigação sobre a actuação da CPCJ.
Aqui notícia no DN.

Tenho esperanças que não caia em saco roto. Estou farta deste país com as melhores leis e os melhores relatórios, muita coisa no papel, muitas vírgulas no sítio certo, muitas prateleiras abastecidas, mas depois ninguém lê, ninguém liga e continua-se no terreno, na vida da gente, a improvisar, a fazer conforme a cabeça, a confiar no voluntarismo, muito lindo no mundo das fadas, mas em certas áreas (como a protecção de menores) pode lixar a vida das pessoas para sempre. Estou zangada... É tudo.

Mulher inteligente

Também senti calafrios na frase. Mas serviu para a Susana da "Lida Insana" escrever este texto soberbo. Daqueles que me fazem inveja. Torço o nariz à cena das meiguices, mas o resto...

Adenda: O monte de gente que me anda a entrar por este poste é incrível. Mas é que não encontram nada relativo a homens bonitos. A única vez que escrevi sobre isso foi aqui. Espero que com esta medida a desilusão seja menor... Christ!

quinta-feira

O meu filme DVD visto em 2005 ou vice-versa



Eu vi este filme no ano passado, mas é de 2001. Por isso está fora da minha listinha anterior. Se o tivesse incluído ficaria em segundo lugar.

Há duas coisas que me param o cérebro: as guerras civis e a economia. Eu nem sei se a guerra nos balcãs se denomina como guerra civil. Na altura deixou-me inquieta de incompreensão. Eu nada sabia da Jugoslávia. Bicando informação sobre a história daqueles povos ficou-me na ideia um canto sofrido de forças dominadoras. Os turcos a malhar nuns e a converter outros, os venezianos a malhar em todos e os do império austro-húngaro a usar a célebre estratégia do dividir para governar, talvez sendo os que deixaram pior herança para o descalabro final.

Tenho um amigo croata que só de ouvir falar em sérvios eriça-se todo. Nunca me soube explicar o porquê.

Para além da tragédia, os ex-jugoslavos carregam um senso apurado do cómico e do absurdo. Do riso com lágrimas. Este filme faz mal e bem. A UN perde-se, queira bem ou mal. Aproveita-se para a caricatura. No fim a noite cai na terra de ninguém, o filme acaba, mas a história continua. Nós somos o coro mudo da tragédia balcã.

Um revolucionário das estrelas


Não sei bem se esta ligação a um texto sobre Subrahmanyan Chandrasekhar (Chandra para os amigos) está disponível para quem não tem a assinatura da Nature. Um dos mais brilhantes astrónomos, calculou a massa crítica de uma estrela que separa uma morte calma de uma morte aparatosa. Massa crítica essa ligeiramente superior à da estrela que nos ilumina. Isto no início da sua carreira, que lhe rendeu o nobel quando ele já ia nos seus oitentas. Entre a descoberta e a recompensa
"He worked in each of six fields in turn: in his third decade, he worked on the structure of dying stars; in his fourth on the transport of radiation through stellar atmospheres; in his fifth on instabilities of fluid motions; in his sixth on Einstein's general theory of relativity; in his seventh on the theory of black holes; and in his eighth on a detailed historical study of Newton's Principia Mathematica."


P.S.: Ele rejuntou-se ao pó das estrelas faz uma década. A bem da poesia, presumo que tenha ido feliz.

quarta-feira

Uma batalha ganha pela ciência

A decisão foi tomada. Os alunos de Dover não terão que ouvir chachadas religiosas antes de entrar na aprendizagem da ciência da evolução. A luta continua.