quarta-feira
Gisberta Salce Júnior
Quem leu os meus postes há uma semana sabe o que eu penso. Eu só adiciono algo mais: dizem, diz-se, que no Ocidente os nossos valores morais é que são bons. São tão bons que devemos ir em corcéis de guerra impô-los aos bárbaros, ou numa versão mais leve, tocar-lhes no coração. Observem este caso muito cuidadosamente, porque mesmo querendo salvar as crianças, fazê-lo com base na negação do crime é imoral. Os rapazes começam os seus meses de suposta reabilitação a aprender que a justiça mente, que se torce a ela própria, que se nega. Mas duvida-se da preocupação com as crianças. Num país como o nosso pergunta-se como teria procedido o caso se a vítima não fosse tão especial como a Gisberta. Pende-se a razão para a evidência do país. Mirem bem. Comparem, rodem nas mãos, vejam-lhe o brilho e com honestidade respondam da pureza dos valores morais portugueses. Venham-me dizer que são inspiradores. Pois devem ser. Eu, por mim, imagino o inspirado com umas pedras na mão. Um bárbaro. Em Portugal, usa-se a lábia da justiça.
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4 comentários:
"...porque mesmo querendo salvar as crianças, fazê-lo com base na negação do crime é imoral. Os rapazes começam os seus meses de suposta reabilitação a aprender que a justiça mente, que se torce a ela própria, que se nega"
Subscrevo na íntegra.
No resto, ainda que haja muito paladino e cruzado, penso que a nossa herança cultural permite um outro nível de vida e outras liberdades. E isso nunca se há-de impôr pela força, mas pelo respeito. Infelizmente, para todos nós, há uns heróis que se esqueceram disso, mas não quer dizer que queiramos todos o mesmo erro.
Voltando à tua sentença, não posso deixar de repetir um dos dois cernes de toda a questão: "...porque mesmo querendo salvar as crianças, fazê-lo com base na negação do crime é imoral". O outro, que também abordaste e bem, é a negação da vítima, querendo impôr-lhe mais "qualidades" que as duas únicas que merecia: pessoa e vítima.
Digamos João, que o que eu postulo depois deste caso é humildade perante os valores dos outros. Além disso, lembra-te: a II Guerra Mundial foi há 60 anos. Não é assim tanto como isso. Voltar atrás também é possível. É preciso humildade a bem da nossa comum humanidade imperfeita.
Ontem um rapaz disse que eu escrevia engraçado. Parece que uso palavras pouco usadas de uma forma peculiar. Agora ando a mirar a minha própria escrita como um narcisista das letras. Que achas, João?
Se quiseres uma opinião séria, acho que és intelectual/emocionalmente honesta e que isso facilita a forma como discorres nos teus posts. Como se se tratasse de um conversa. Tá bem que é só um, mas parece que foi retirado de uma conversa.
Se não quiseres, acho que te podia dar para pior, tipo analisar (mirar? só mesmo aqui...) a escrita qual crisântemo ou outro nome de flor igualmente forinha.
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